terça-feira, 22 de dezembro de 2020

GRANDE POLÍTICA EM VERTIGEM


 

A Família em Vertigem

Por Pablo Spinelli

Vagner Gomes de Souza

 

“Palavras não bastam, não dá pra entender

E esse medo que cresce não para

É uma história que se complicou

Eu sei bem o porquê

Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços

Me entorta as costas e dá um cansaço

A maldade do tempo fez eu me afastar de você (...)”

A Noite – Tiê

 

A Pandemia do COVID19 destruiu muitas famílias com a injustificada antecipação de muitas perdas de vidas que pode ser responsabilizada pelos governantes que deviam zelar pelas famílias brasileiras. Essa não é uma contradição uma vez que é a burguesia que aboliu os laços familiares na Revolução Industrial, conforme antigo Manifesto. As crianças exploradas e definhando no espaço fabril do século XVIII tinha como meta que a economia não poderia parar. A economia já estava parada no raquítico 1% do PIB quando muitas famílias foram confrontadas com a realidade de uma emergência sanitária. Sem os elos da qualidade na educação diante da asfixia das escolas fechadas sem uma alternativa democrática de acesso ao ensino remoto, os laços familiares passaram por abalos mais do que tectônicos que pela via da antropologia abraçou a rota do conformismo nos “tumbeiros” das periferias.

A família e seus valores se arruinaram ainda mais com a precarização do mundo do trabalho. A via do trabalho massificado nas entregas por aplicativos e nos deliverys atomizaram ainda mais nossos laços sociais. A uberização de nosso país dava saltos largos. A família estava mais disciplinada para promover o “distanciamento social” no momento das comemorações da Páscoa e das Mães. Todavia, ao se negar a educação só houve a viralização do negacionsimo da ciência diante da ilusão de que não se deve temer aquilo que não se vê porque há um “ser supremo” que não se vê e está a zelar por todos. Era só o “orai” sem o “vigiai”. E no meio desse caminho há um Messias que deu um outro olhar para o que seria o empenho na defesa da família, basta ver seu silêncio para a família do senador do Rio de Janeiro que o apoiara na eleição onde ambos ganharam. O americanismo conservador de Roberto Da Matta foi se impondo aonde aquilo que se mostra uma “casa” das redes sociais desconectada com a realidade de miséria que se observa nas ruas.

As “famílias dos coletivos” teriam valores mais invejosos que Caim ao decidir matar Abel por desejar um reconhecimento do Criador. José foi vendido como escravo no Egito antigo pelos irmãos, mas soube fazer a reconciliação pois no centro estava a palavra AMOR. Antes, Noé anunciou a vinda do dilúvio para os negacionistas daquele mundo que se foi em água. Em sua arca reunia familiares e buscou salvar vidas. Enfim, eis esses primeiros exemplos para que não se espalhem as “fakenews” de que estamos a fazer um longo texto contrário aos ensinamentos do cidadão cristão do bem. Entretanto, os contágios dos atalhos dos interesses mal compreendidos levaram a essa situação no qual as famílias precisarão escolher em retomar o distanciamento social em pleno Natal. Uma vez que a ideia de uma Quarentena ou lockdown (que nunca houve no Brasil) ganhou espaço no imaginário dos jovens como um longo tempo de nada se fazer e algo a pegar, seja covid, seja uma bicicleta para entrega, seja uma arma ou uma bíblia que não seria aberta e estudada. Pesquisemos nas redes sociais, mais uma vez, que esse foi um roteiro que aos poucos virou consenso nas cabeças dos jovens ao contrário de se fazer o ensino da disciplina da paciência. Imaginemos essa juventude diante do cerco a Stalingrado em plena Segunda Guerra Mundial. O que fariam os jovens?

As famílias doloridas estão diante de uma tomada de decisão entre a celebração do material ou fazer viver a vocação do AMOR para se distanciar de seus entes queridos nessas comemorações de fim de ano. Foi nesse espírito comovente que a animação “A Vida é uma Festa” foi revista por nós por um veículo identificado com uma matriz do imperialismo cultural (a outra face do malfadado “marxismo cultural” paranoico) – o canal da Disney. Não perderemos mais palavras com esse falso debate “decolonial” pois o fundamental é a inserção do campo democrático no acolhimento da questão familiar. Sua melhor base jurídica está na sempre atacada Carta Constitucional de 1988 no qual o Artigo 226 define “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” Esse é um elo que os descaminhos econômicos ultraliberais de Paulo Guedes ameaçam. Assim, se introduz nossa leitura dessa animação com “cores” muito adultas.

Além da morte “morrida”, termo do nosso Nordeste, a produção do diretor Lee Unkrich, há a abordagem de um tema que destoa das mortes das produções Disney e mais próximas do universo Pixar (vide Up – Altas Aventuras): a morte da memória. Os idosos precisam ser revividos e os mortos lembrados – mas, como em texto célebre de Marx, não podem nos governar -, um dos alvos preferenciais do capitalismo do século XIX adotado pelo atual governo federal e referendado pelos jornalistas de opinião em canais cujos patrocinadores são do...sistema financeiro. Agora, como trazer mais leveza num contexto de morte e perda? Música, algo que remetemos às lives para aqueles que têm acesso à internet nesses dias de pandemia. A animação mostra que a música pode ser tão universalista quanto o cristianismo; ao invés de um particularismo, o infinito universal que conecta por pétalas o mundo dos mortos com o mundo dos vivos em uma harmonia melhor que a dicotomia desses espaços na excelente animação A Noiva-Cadáver, de Tim Burton. Nesse final de ano, onde parentes estão distantes, o décimo-terceiro dos funcionários do Rio de Janeiro, ausente e um governo federal que tem vários esqueletos nos armários rachados; doentes com ou sem leito; idosos com ou sem aposentadoria; crianças sem escolas; a ciência e Jesus cantam: Lembre de mim!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 14


Desafios para a Juventude

 

“(...) Quem não se submete a uma disciplina política é precisamente matéria em estado gasoso, ou matéria poluída por elementos estranhos: portanto, inútil e prejudicial. A disciplina política faz precipitar estas impurezas e fornece ao espírito sua melhor liga, fornece à vida uma finalidade, sem a qual a vida não vale a pena ser vivida. (...)”

Disciplina e liberdade. Antonio Gramsci 1917

 

Por Vagner Gomes de Souza

Há um ensaio que o pensador italiano Antonio Gramsci escreveu para a juventude sob o título Disciplina. Um curioso texto uma vez que o marxista sardo mencionava R. Kipling (um ilustrado pensador inglês que dialogava com a colonização). Nele, ao contrário de buscar a “desqualificação” do criador de Mogli, se faz uma inversão de sua leitura sobre a sociedade hierarquizada, pois parte do reconhecimento da modernidade da organização do Estado Burguês para conferir a juventude uma cobrança pela sua liberdade de forma disciplinada. Um texto que mereceria fazer parte de muitas aulas da graduação de Administração, porém se encontra “perdido” para poucos gramscianos.

Disciplina está num conjunto de textos que foram publicados, sem assinatura, em La cittá futura (número único editado pela Federação Juvenil Socialista do Piemonte, 11 de fevereiro de 1917). Observe-se que Gramsci estaria sugerindo, num excesso de otimismo comum a sua fase juvenil, um grande futuro para a humanidade a partir da articulação da juventude com a cidade. Eis que a Revolução de Fevereiro batia as portas da Rússia czarista, mas a “Gripe Espanhola” ainda não se anunciava. Nessa linha poderíamos fazer um convite aos jovens cariocas para um grande desafio diante do momento grave em que estamos a atravessar. O Rio de Janeiro está numa grave crise econômica e social que se aprofunda nessa pandemia em que as “ondas” destroem qualquer interesse dos agentes econômicos privados em fazer investimento. Aliás, a limitada capacidade de investimento do capital privado impõe uma visão que se aproxime das sugestões de André Lara Resende em seu recente e pouco lido livro pela esquerda carioca e nacional (Consenso e contrassenso: por uma economia não dogmática).

Os desafios para a juventude partem da alarmante informação de que 1 em cada 3 jovens nem trabalham e nem estudam. Esse número se agrava nas comunidades da periferia assoladas pelo ultraliberalismo vindo de baixo. Os canais de solidariedade ensinados por Durkheim poderiam permitir uma conexão com o papel libertador da disciplina atribuída em Gramsci. “(...) Porque é essa a característica das disciplinas autonomamente assumidas, ou seja, a de serem a própria vida, o próprio pensamento de quem as observa. (...)” – Gramsci, Antonio – Escritos Políticos, vol. 1 (Organização e tradução de Carlos Nelson Coutinho). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2004, p. 89.

Na ausência de atores políticos deslocados do eleitoralismo (uma característica que incomodava o jovem Gramsci), partir do desafio em superar a chamada geração “NEM-NEM” carioca é muito ousadia mesmo na futura gestão municipal do Rio de Janeiro com os holofotes dirigidos para a Secretaria Municipal da Juventude e a Secretaria Municipal da Educação com a indicação de dois jovens que estariam na faixa etária dos jovens dirigentes da citada Federação Juvenil em 1917. A lição da história, o qual Walter Benjamin nos chama a atenção, sugere que as contradições entre forças produtivas e relações sociais de produção chegam a níveis caóticos numa realidade de muitos jovens que acumulam elevados níveis de “analfabetismo funcional”.

Por que o “analfabetismo funcional” é uma grave característica na juventude carioca? Essa seria a chave para repensar a gestão pública juvenil em nossa cidade uma vez que baixa interpretação de leitura, dificuldade nas operações básicas de matemática e desconhecimento dos principais conceitos sobre a vida alimentam muitas ações “negacionistas”. Muitos especialistas têm estudos mais profundos sobre esse tema nas instituições universitárias cariocas. Aqui temos a PUC, UFRJ, UNIRIO e UERJ para ficar nos exemplos mais famosos. Reverter essa situação é o primeiro passo para superar outros grandes desafios.

Contudo, não podemos nos iludir do quanto esse desafio requer muito investimento público para no mínimo uma década. Por outro lado, a modernização conservadora pressionada pelas forças do dito “mercado” não deseja que se pare muito tempo para reflexões e ações. Vai se exigir muita disciplina dos sujeitos juvenis que se inserem na futura administração municipal para que tenhamos um compromisso para resgatar vidas. O resgate de vidas esquecidas e nem sempre presentes nas estatísticas que só aparecem nos momentos das tensões da violência policial que atingem crianças e jovens da periferia. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 13


 

O Partido de Narciso

Por Vagner Gomes de Souza

 

Narciso é um personagem da mitologia grega que muito se assemelha as análises de conjuntura feitas pelos dirigentes do Partido dos Trabalhadores após as eleições municipais de 2020. A vaidade é representada nele. Ele teria nascido com uma grande força atraente, porém foi aconselhado por Tirésias a não admirar sua beleza. Todavia a beleza foi acompanhada pela arrogância e o orgulho. Nunca se apaixonou pelos outros que o admiravam e ficou perdidamente apaixonado pela sua beleza refletida num lago. A Ninfa Eco, por não ser correspondida em sua paixão, lançou um feitiço que o fez definhar olhando sua imagem no lago até a morte.

Diante da gravidade da conjuntura nacional no ano de 2020, os dirigentes do Partido dos Trabalhadores pretendem debater suas diferenças internas observando seus resultados eleitorais. Como se fosse o Narciso se admirando no lago, os dirigentes dessa agremiação partidária do campo reformista democrático perdem escrevendo linhas sobre números comparativos dos votos conquistados, prefeituras conquistadas, total de habitantes de prefeituras conquistadas ou de vereadores eleitos. Como se as contradições das classes sociais estivessem expressas nas linhas eleitorais. Um partido político é simplesmente uma fração da sociedade brasileira ainda mais num sistema partidário muito diferente tanto do “modelo europeu” e também do “modelo norte-americano”. Assim, os números refletem os gostos do narcisismo como “falsete” de análise política.

Nada nos opomos ao necessário balanço partidário que se faça de um processo político que foi histórico por ter ocorrido numa situação de pandemia. Na época da Gripe Espanhola uma expressiva massa de brasileiros não eram cidadãos ativos numa República oligarquizada que adotava um liberalismo ortodoxo na economia. Fazer esse balanço é muito importante a partir da percepção da correlação das forças políticas e sociais que estão em movimento em plena mutação de nossa estrutura econômica. As capitais brasileiras definham sua sustentabilidade econômica por terem se transformado em espaços urbanos de serviços sob o impacto recessivo da pandemia. A precarização do mundo do trabalho nas capitais sugere muito da natureza de uma possível derrota eleitoral de um partido que se diz representante dos trabalhadores. Todavia, os dirigentes do Partido alimentam seus argumentos com a arrogância e a vaidade para se realizarem lutas internas paralisantes.

Numa negação do conhecimento do mais básico marxismo de um Plekhanov, individualizam os resultados eleitorais do Partido. Seria de bom tom que se aproximassem desse ensinamento daquele que um dia inspirou Lênin. “(...) Mas, nenhuma outra particularidade provável garante a pessoas isoladas o exercício de uma influência direta sobre o estado das forças produtivas, e, por conseguintes, nas relações sociais por elas condicionadas, isto é, nas relações econômicas. Um dado individuo, quaisquer que sejam suas particularidades, não pode eliminar relações econômicas determinadas, quando estas correspondem a um determinado estado das forças produtivas. No entanto, as particularidades individuais da personalidade tornam-na mais ou menos apta a satisfazer as necessidades sociais que surgem em virtude de relações econômicas determinadas ou para opor-se a essa satisfação.(...)” (O papel do indivíduo na História). Essa longa passagem demonstra o quanto é um equívoco projetar 2022 a partir de um indivíduo que já foi Presidente da República 20 anos depois de sua primeira eleição.

Seria o momento do Partido dos Trabalhadores fazer a política de aproximação com o centro político compreendendo sua vitória de um amplo leque de forças do “Campo Democrático” nas eleições municipais de 2020. O “Campo” saiu vitorioso por nele fazer parte o PT. O PT saiu derrotado se considerar que não faz parte desse amplo campo democrático se auto isolando como um “Narciso Chic”. Nessa dialética que poderia se fazer qualquer balanço partidário de uma esquerda amadurecida ao ponto de perceber que sua função seria ser um instrumento para a emancipação da sociedade ao contrário de pensar a sociedade como reflexo de sua acumulação de força política. O eleitor demonstrou que está interessado na redução das desigualdades sociais num amplo leque de possibilidades politicas – do empreendorismo até a taxação das grandes fortunas passando pelas vertentes revisionistas da economia criativa e da renda mínima. Não inserir esses pontos num balanço partidário é fazer uma política só eleitoreira pois só se alimenta num processo de constante debate eleitoral (primeiro as eleições na sociedade para depois entrar nas eleições internas e depois retornar para as eleições gerais). Essa é uma característica muito questionada no atual mandatário presidencial que nunca sairia do “palanque” e se negando a governar para a sociedade. O narcisismo na política é o alimento da polarização que pode definhar as instituições democráticas. Portanto, o feitiço de Eco precisa ser quadrado por quadros internos ou externos ao PT como alerta do quanto esse momento impõe a necessidade da “Grande Política”.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

MEMÓRIAS POSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA - 5

 

 

Razão e Maluquice

Por João Sem Regras

 

Já temos muitos leitores a reclamar se essas memórias estão sendo escritas em que tempo terreno. Mas eis que lembro a todos que aonde me encontro nada há como medir o passar do tempo. Aliás, o que seria o tempo nesses dias. Outros se questionam sobre em que lugar se passa as minhas lembranças. Seria mais interessante que cada leitor pudesse imaginar o quanto tudo nesse infinito universo está relacionado por mais que haja esses diplomatas antiglobalistas a discursar suas maluquices.

Já o leitor mais atento e fiel as leituras dos depoimentos anteriores do quanto me esforço em não expor muitos outros personagens. Todavia eles existem ou existiram. Há um labirinto nas informações para aqueles que precisam estar preparado para esse “reality show” narrado dessa zona sombria. Aliás, muitos vivem na zona sombria sem ter uma noção do quanto eles existem.

Estávamos muito bem a pensar na volta de uma Razão a habitar os corações no mundo terreno. Uma ilusão que foi se deixando passar aos poucos. Eu poderia dizer que o mundo do carioca seria o suburbano universal. Nessa minha tentativa de ser um pouco antropólogo desse cotidiano que ficou sombrio nos tempos de um determinado Prefeito. Mas a astúcia de seguir o “atalho” do nacional foi a moeda de César em sua vida política. A Sandice nunca sai desse meu Rio de Janeiro com as constantes maluquices desses mascarados que ornamentam seus rostos sem propagar o amor nos discursos políticos.

Tempos em que a Razão poderia se impor na vida carioca, porém muitos se silenciam no esclarecimento das alternativas. Sem a força de uma opinião a loucura alimenta o fogo do ressentimento das camadas médias. Desse segmento que se diz conhecedor das letras sem ter condições de ler mais que os caracteres de um Twitter. Dessa geração de ativistas que cancelam quase tudo, pois a opinião está sufocada por uma nova Inquisição. Antes os debates seriam para buscar pontos de convergência. Vivi nos tempos em que cresciam as tretas. E eu falando do Twitter por onde alguns poucos de meus leitores divulgam essas linhas. Seriam elas lidas até o final?

Antes que busquem a impugnação de minhas palavras, espero que todos assumam o compromisso de pensar mais na sua cidade que sempre esteve doente e ainda mais com diversas doenças. Agora, pensemos nas casas vazias enquanto há pessoas sufocadas no pagamento de aluguel. Pensemos nos moradores de rua e nos espaços públicos vazios. Imaginemos o quanto a moradia é uma palavra curiosa no dia a dia. Reformas seriam possíveis nos Centros das cidades que poderiam animar outros centros. Eis aqui um pouco do que uma vez li num certo livro. Não me recordo ao autor. Nem sei se valerá a recordação. Mas estaria em Construir e Habitar se não me falha a memória.

Se me serviria o consolo em saber que até o Papa é ouvido, mas muito pouco é levado em consideração até pelos católicos. Desconfio que sim. Fico aqui remoendo essas linhas como a reclamar por um pouco mais de uso da Razão. Pois ela alimentaria um caminho mais sensato para o carioca pudesse resgatar seu espaço público. Falta Rex Pública numa cidade que se deixou ficar dividida em “pequenos feudos”. Um encontro entre Alberto Passos Guimarães e Nestor Duarte na sociologia da política carioca. Agora, tenho certeza que do mundo de Star Wars virão reclamações dessa minha referência ao agrarismo na política brasileira, porém me esforço a render homenagem ao grande Raimundo Santos que foi Professor e teve o nome como personagem de um romance de José Saramago. Antes que fiquem desesperados na leitura, estou fazer referência a História do Cerco de Lisboa.

Na nossa política carioca, há muito distúrbio que nessa peregrinação nos testemunhos das eleições que deveriam servir para pensar melhor a cidade como base de uma cidadania. Meu cérebro constantemente em rodopios, pois nem sei se estou a escrever a leitores fidelizados ou a outros que caíram aqui por uma curiosidade em clicar um link. Enfim, se até aqui você chegou, eu lhe atribuo muita força de vontade em fazer algo diferente de se deixar levar pelo consenso de um “partido de juízes” que levaram uma cidade sem juízo as portas do Juízo Final. Já se passaram os anos de minha juventude em que adorava dizer que seria delegado em algum encontro político. Ser delegado era por alguns dias. Todavia, uma cidade é administrada pela arte de representar uma política.

Há uma amável peregrinação que sugere que o terror ainda não passou na cidade dos golfinhos. A maluquice está em cada cantinho das redes sociais. Estamos assustados com os excessos de buscas por experiências sem ler compromissos programáticos. E os formadores de opinião parecem mais como os mágicos em meio ao Circo Místico em que todos sabem muito bem quem é o palhaço diante de uma Live numa quinta-feira qualquer.

E, escrevendo isto, travou-me a sensação de que a fábula da corrida entre o “coelho e a tartaruga” ainda não foi compreendida por alguns políticos. A maluquice pode muito bem expulsar a razão pelo grunhido de zangas daqueles que precisam deixar de falar da vida urbana. Deixemos ao leitor um momento para reflexão e que tenha consideração em se fazer pensar o Rio de Janeiro. Ainda a tempo de fazermos algo racional.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

SENÕES DOS SERTÕES - Nosso correspondente do Ceará


Mar de imprecisão

 Por Hermes Messger

Formado em filosofia e criador de cabras.

 

A vida, nas incertezas de seus futuros fatos, nos conduz em mares turbulentos com velas levantadas, em temporais que, iniciados por nós, tem na incerteza sua condução.

Ao ver a ignorância, inépcia e obscurantismo, com marcha firme e olhar altivo, como quem do vazio se orgulha, tomar o país e o mundo levando o bom senso e a razão ao descaso das massas pensaria eu... e existiria? Ou existo... se não o pensasse?

Na profundidade do pensar deixamos de perceber o avanço da inépcia como ciência e do subjetivismo como fatos.

Não nos preparamos para o mundo dos algoritmos, certos das solidas bases da sociedade e conhecimento humano. Não se percebeu que nesse novo mundo em bits o bem fundamentado não da “like” e as ideias vagas encontram eco na ágora dos idiotas. Estes sim, os idiotas encontraram um canal para voz e juntaram-se aos semelhantes.

Para os algoritmos cada opinião é um número num mar de irrelevâncias, como os idiotas sempre foram maioria, a opinião destes se somam e como uma onda conduzem a boiada da humanidade rumo ao medievo.

A tecnologia nos emburreceu quando da simplificação, em modelos matemáticos complexos (Paradoxal realmente). Quando o mais importante são os números (os iguais) e não o conteúdo (as exceções) as ideias rasas se agigantam, os imbecis se enobrecem, os cegos (de razão) apontam o caminho, e o gado, bem o gado segue ao som do berrante, dos “likes”, das curtidas e “memes”. Até que haja luz novamente em meio as trevas e fumaça... claro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA - 4

Meu Casaco de Intelectual

Por João Sem Regras

 

Numa semana agitada eu vivi naqueles tempos que ainda o Rio de Janeiro tinha figuras que influenciavam os cariocas pelos jornais. Hoje vejo que ninguém mais leria essas folhas impressas mesmo antes daquela “pandemia”. Alguns ainda se aventuram a leitura dos BLOGs como se fossem cultuar uma moda retrô por um disco de vinil. Como sempre fica aquela pergunta presente na série Dark. O correto não é perguntar em que tempo estamos, mas em que mundo estamos? Pois o carioca passou por uma vivência de vários mundos paralelos sem que se saiba onde estaria a “caverna” da passagem.

Meus ilustres, fanáticos e abnegados sete leitores desde o primeiro conto devem ter percebido o quanto tenho relato como se vivo ainda estivesse. Todavia mais vivo estou por não estar nesse mundo de vocês que estariam a ler essas linhas pensando que sou um “médium” a incorporar a ironia do Bruxo do Cosme Velho. Sabemos que tudo se individualizou nas leituras e tenho como me inspirar diante de uma eterna estabilidade.

Enfim, fui me perdendo nesses devaneios e o principal seria voltar a um ponto de minhas memórias perdida quando meu amável pai cismou que eu deveria praticar um esporte aquático. Meu pai era tricolor doente por culpa do Anjo Pornográfico eu presumo ou gosto de assim dizer para dar mais uma referência labiríntica para alguns leitores “zumbis” que apareçam por aqui. Esse fanatismo paterno me fez sair do distante bairro de Bangu até a Zona Sul Carioca para tentar nadar no time de coração de meu progenitor. Pois, foi ali que conheci um jovem de minha idade ou um pouco mais jovem. O Lula....

Não seria o então líder sindical na Ditadura Militar o qual vivíamos. Era o apelido da maior promessa da natação do clube naquele momento. Curiosamente, faço aqui uma “fofoca” para que os panfletários de “fakenews” se assustem, o meu colega de escolinha de natação foi depois um adolescente que chegou a usar a estrelinha (confesso que não era a de Davi). Nada de ressentimentos com essa referência biográfica nesse momento que penso muito no que fez tudo mudar. Eu não fiquei mais de três aulas por lá. Minha vida seria vestir um casaco de intelectual nem que fosse pelas vias da ficção. E esse casaco adorei vestir aqui nesse mundo do além.

Voltemos ao ponto que vivi numa semana agitada quando revi Lula falando em reconstrução da Cidade. Ele mobilizava alguns ex-atletas numa coletiva e parecia que estava desejando fazer política eleitoreira. Reconstrução é uma linda referência a história norte-americana pós Guerra Civil que aquele nadador citava muito mais por apelo de marketing do que conhecimento da leitura do Eric Froner. Se ele ainda nada além da liberdade, avaliei que esse meu conhecido daquele tempo distante sempre gostou de competição para ganhar ou impor problemas para os adversários.

Uma semana agitada se abriu com aquela imagem e muitos nem se davam conta do quanto nem boiar um cidadão carioca poderia. Fui vestindo meu casaco e não adiantava os alertas enquanto eu ouvia o samba “Pelo Telefone” em meu playlist. Ai ai ai.... Deixemos as mágoas para trás meu rapaz. Vou saindo de fininho antes que me cancelem no Twitter sobrenatural.


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA - 3

 

De Secretário por um dia

Por João Sem Regras

 

Numa noite distante estava eu num retiro na minha distante casa de campo. Recebi um telefonema de um antropólogo que não tinha ido para a Amazônia com teria sugerido um Ex-presidente para que considerasse uma possibilidade de alianças eleitorais. Nem mais me lembrava de como seria o Rio de Janeiro após uma semana distante. Ele estava muito jovial, pois teria visto uma possibilidade de mudança no cenário eleitoral. Estávamos em tempos de eleições e sempre gostavam de ouvir minhas opiniões para seguir caminho contrário.

Tempos de curiosidades e ternura para se falar ao telefone. Mas eram dias de operações da Justiça, Ministério Público, Polícia Civil e tudo que houver direito. Tão esperançado! Meu amigo pensou que os números eleitorais seriam somente a soma das intenções de voto em pesquisas feitas por telefone. Tinham esquecido que um Ex-Juiz, agora em desgraça nas linhas dos Pasquins Liberais, saiu do quase anonimato para a glória por causa dos grupos de Zap! Fingi muito interesse pelos argumentos, mas estava deveras cansado para meditar sobre a situação.

Numa semana agitada pelas operações de “limpeza da política” eu muito temia que aquilo tudo pudesse gerar uma monstruosidade. Ninguém parece ter lido os ensinamentos do autor de Liberalismo e Sindicato no Brasil que brincava com o a cidade do Homem Morcego. Uma pandemia teria surgido por causa de um morcego, mas a doença carioca já tinha muitos anos. Minha esposa olhava para mim com expressão de ansiedade. Sempre temia que eu descesse para a Capital como um “coronel de Esquerda” típico de alguns seletos parlamentares. Todavia, estou mais para um peão nesse tabuleiro vazio de programas.

Eu poderia estar saboreando um iogurte que por ter a marca em diminutivo poderia parecer um apelido em tempos da Universidade. Girava minha mente. E minha amorosa companheira de passeios, cada vez mais interrogativa. Então ouço a frase ao telefone.

- O pior – falava meu ilustre amigo e articulador político – é que ainda não achei secretário.

- Não? Mas secretário de que?

- Secretário para o Governo de Salvação do Rio de Janeiro.

- Ainda nem começou a campanha. Como pode pensar nisso?

- Ah! Precisamos mostrar que estamos capacitados para assumir esse barco sem “Capitão”.

- “Capitão”!?! Esse tem... Mas está no outro lado do navio. Muito bem à extrema direita.

Risos de meu interlocutor. Ele muito estava animado com a situação. Achava que abria uma janela de oportunidades numa cidade que majoritariamente teria votado num reacionário dois anos anteriores. Fui ouvindo os argumentos pensando nas conversas que eu tinha num fim de tarde com os camponeses da cidade. Até que um grito me alertou para voltar a realidade.

- Tenho uma brilhante ideia... Quer você conversar com o nosso Deputado?

Não sei o que lhe retruquei.

- Você tem perfil de “frentista” – continuou ele -, não precisa estar na cota das forças políticas. Você poderia ser um bom Secretário Municipal.

Minha alma saiu de minha matéria terrena muito mais explicitamente como estou hoje. Pensei no perigoso devaneio dessa proposta num momento de tamanha delicadeza para o Rio de Janeiro. Encarei a situação fixamente. Respirei aquele ar serrano, e não tive ânimo para dizer um “não”. Até porque nada se concretizaria nas próximas horas diante das pouca capacidade de termos notícias animadoras da cidade maravilhosa. Perderia tempo em perguntar sobra a formulação do programa ou se estavam levando em consideração os impactos de quase uma década da pandemia. Muito menos teríamos um orçamento flexível e uma hegemonia fiscalista na imprensa me assustava. Na verdade, desconfiava que de um “nada” na política um nadador poderia acabar surfando na “antipolítica” ou que por “WO” os fantasmas dos praieiros de 1848 rondariam aquele pleito. Mas fui premiado por uma pergunta.

- Você terminou seu Doutorado?

- Não. – foi minha resposta.

- Puxa! Agora ficou difícil ganharmos algo. Estávamos que essa eleição no “papo”.

De fato, fui Secretário nem por um dia, mas por algumas horas. E a Esquerda Carioca perdeu por minha culpa.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

SÉRIE FILMES: SEMENTES - Mulheres Pretas no Poder

 

Sementes no Rio de Janeiro Cidade Aberta

Vagner Gomes de Souza

No ano de 1945, Roberto Rossellini sacudiu o cinema italiano com uma ficção sobre a resistência ao fascismo. Foi em Roma Cidade Aberta que as sementes daquilo que seria a política de “compromisso histórico” entre comunistas e democratas cristãos (só defendida por Berlinguer nos anos 70) estariam sinalizadas pelos personagens. O filme era uma ficção produzida no “calor da hora” da derrocada do fascismo no mundo. Hoje ganha um grande contorno de registro histórico para muitos.

Nesse mesmo ano, no antigo estado do Rio de Janeiro (morador de Niterói), era eleito Claudino José da Silva como Deputado Constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) que era considerado o único negro na Assembleia Nacional Constituinte que se estabeleceu na no Palácio Tiradentes (atual ALERJ). Foi ele responsável por fazer o primeiro discurso da bancada comunista nos debates constituintes. Diante de tamanha responsabilidade, o discurso foi escrito por Jorge Amado e Carlos Marighella e ganhou notoriedade por ter durado 4 horas e 25 minutos além de ter obrigado a atenção dos outros constituintes, pois não queriam ser considerados reacionários por não ouvirem um negro na tribuna.



Foram essas as referências sobre o papel do legado em política que vieram a minha mente quando assisti ao filme Sementes: mulheres pretas no poder de Éthel Oliveira e Júlia Mariano em sua estreia no Youtube. O ano é 2018. Em março daquele ano há o assassinato da Vereadora Marielle Franco num ano eleitoral. O filme documentário registra a trajetória de seis mulheres negras do campo da esquerda que entram na disputa eleitoral desse ano marcado pela vitória eleitoral da extrema direita tanto no nível federal quanto no Rio de Janeiro de Claudino José. Por isso, seu registro ganha força para um analista uma vez que expõe as dificuldades materiais e de análise de conjuntura.

Todavia, o filme não tem essa responsabilidade uma vez que é tarefa dos atores políticos fazerem valer suas designações como forças políticas da esquerda. Portanto, é um documentário mais etnográfico que político. Uma memória social de mulheres de luta enfrentando o ovo da serpente. Minhas referências europeias se distanciam da proposta americanizada de seu roteiro. Entretanto, percebemos a alma e a voz de um Glauber Rocha (“Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”) numa cena emblemática de Tainá de Paula se maquiando diante do espelho enquanto faz uma análise de conjuntura. A muito do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol no percurso das aparições da arquiteta e urbanista começando pela forma como a religiosidade de matriz africana aparece em sua entrada em cena no filme.

Contudo, mesmo com as inserções do nacional popular, a americanização do roteiro alimenta as falas de uma Monica Francisco que faz um paralelo entre as escadarias da ALERJ e o Lincoln Memorial no qual discursou Martin Luther King. Está nela a vocalização da importância de vocalização da religiosidade sem necessidade uma instrumentalização. Uma questão muito pouco aprofundada uma vez que a há muitos perfis no filme desenvolvido em três momentos: as campanhas, a apuração e posse/começo da atuação parlamentar das eleitas.

Nas três etapas dessa desenrolar etnográfico e político, muito nos espanta a ausência dos atores políticos de forma mais orgânica. Falta amadurecimento para lidar com candidaturas negras de mulheres no estado que teve Claudino como Deputado Federal eleito.  A escolha do título é relevante, pois estamos num momento de resistência para evitar que a crise da democracia brasileira descrita por Adam Pezeworski no prefácio para os brasileiros de seu livro (A Crise da Democracia) se consolide. O legado da resistência passa pela ampliação do diálogo com uma pluralidade de segmentos sociais que permitirá a consolidação das demandas da sociedade. Entretanto, precisamos dos formuladores de programas para que as sementes não acabem caindo nas rochas como nos ensinou Jesus na Parábola do Semeador.

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

ERA UMA VEZ A ANÁLISE DE CONJUNTURA

Ausência da Política dos Trabalhadores

Vagner Gomes de Souza 

Uma aprofundada observação dos meios de comunicação (tradicionais ou nas redes sociais) nos alerta para a ausência de qualquer debate dos problemas que afetam os trabalhadores. As desigualdades sociais aumentaram em grandes proporções, porém as reivindicações dos trabalhadores foram deixadas esquecidas em alguma prateleira. Elas não aparecem nos hashtags mais mencionados. Poderíamos até questionar se haveria exageros na insistência desse autor em cobrar essa existência. Contudo, há muito tempo que não se apresenta uma política dos trabalhadores.

No máximo, de tempos em tempos, algumas categorias de trabalhadores ainda organizadas consolidam uma reivindicação “defensiva” que consegue “furar a bolha”. Essa situação consolida a proliferação de alternativas “ideologizadas” seja a direita ou a esquerda pois a realidade não está sendo debatida. Esse contexto não é uma novidade imposta pelos altos índices de desemprego. Há muitos anos o artigo de Luiz Werneck Vianna, O Estado Novo do PT (2007), alertava para essa tendência de modernização sem os atores modernos.

Segundo ele,

“(...) Assim, o governo que, no seu cerne, representa as forças expansivas no mercado, naturalmente avessas à primazia do público, em especial no que se refere à dimensão da economia — marca da tradição republicana brasileira —, adquire, com sua interpelação positiva do passado, uma certa autonomia quanto a elas, das quais não provém e não lhe asseguram escoras políticas e sociais confiáveis. Pois, para um governo originário da esquerda, a autonomia diante do núcleo duro das elites políticas e sociais que nele se acham presentes, respaldadas pelas poderosas agências da sociedade civil a elas vinculadas, somente pode existir, se o Estado traz para si grupos de interesses com outra orientação.”

A crise desse mundo se fez presente a partir das manifestações de 2013 como se fosse uma “Intentona de 1935” sem uma bandeira clara para fazer valer um programa para os trabalhadores. O “assalto aos céus” abriu um cenário de reação das forças do conservadorismo do capitalismo brasileiro que muito se tornou dependente do mercado financeiro. Aos poucos, a ideia de uma “Nova Política” se configuraram como a expressão do empreendedor de sucesso coroado pela fé numa teologia da prosperidade. Essas forças “bisonhas” foram moldadas aos poucos até emergirem com muita força nas eleições de 2018 como se as conquistas da Carta Constitucional de 1988 fossem nosso principal entrave para o crescimento econômico.

As classes dominantes aderiram ao “fundamentalismo” do mercado de forma pragmática da mesma maneira que foram aderindo a outras “formas políticas” desde que não houvesse perdas de suas riquezas. Nesse momento, o debate sobre uma reforma tributária e da Renda Brasil sugere o quanto faltam linhas políticas que atendam uma política dos trabalhadores. Pelo contrário, aqueles que geram as riquezas da elite econômica aparecem sempre espelhados como um “custo Brasil”. A imagem do “bom patrão” que não consegue dormir sossegado enquanto o seu empregado muito bem goza de uma noite de sono.

O símbolo da hipocrisia que se alimenta dos erros do campo democrático em não saber construir uma oposição aos devaneios desse Ministro da Economia que prefere destruir a sociedade brasileira se puder consolidar os lucros do grande capital dos bancos. Que fazer? Essa é a pergunta sempre repetida em muitos debates sobre o momento político atual cada vez mais com poucas análises de conjuntura e mais explanações de opiniões sobre os fatos do dia a dia.

 É muito importante compreender que a aproximação das eleições municipais poderiam trazer de volta os PT (Pontos dos Trabalhadores). Para exemplo de ilustração,  seria a necessidade de creches públicas em horário integral, a ampliação do tempo dos  bilhetes únicos do transportes públicos, defesa de ações da Prefeituras nas periferias com melhorias nas habitações, incentivar o uso de espaços abertos para atividades culturais como alternativa aos impactos negativos da COVID19 na cultura, etc. Todavia, essa política se faria presente na formulação de programas para formas as alianças políticas como se deveria ser o papel de uma “esquerda positiva”.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 12

 

No País do “Ziguezague”

Por Vagner Gomes de Souza

“O velho mundo está morrendo. O novo tarda em aparecer. E nessa meia luz surgem os monstros”.

Gramsci

Um país que está com mais de 100 mil óbitos por COVID19 e milhões de desempregados. Uma economia sob o comando de um Ministro que considera livros como produto de “luxo”. Desmatamento e queimadas no Pantanal. Povos indígenas sob forte vulnerabilidade. A desigualdade social se transformando num “novo normal”. A prévia do PIB assinala uma queda acima de 10%. Como explicar a recuperação política do Presidente da República?

Os primeiros sinais dos analistas políticos sugerem que o Nordeste estaria deixando de ser “Vermelho” (referência aos votos que a oposição teve nessa região em 2018) para aderir ao Governo por causa de um “Auxílio Emergencial” que sempre incomodou (e ainda incomoda) o mandatário da República. Mais uma vez sugestão de que os mais pobres seriam “ingênuos” na política se deixando manipular. Essa é uma leitura que contradiz o clássico Coronelismo, Enxada e Voto (1948), pois Victor Nunes Leal, em sua interpretação, nos explica o quanto é fundamental a ação política da figura política do “coronel” como mediador entre o eleitor local com o Poder Executivo Federal. Não podemos deixar de considerar que a chegada dos políticos do “Centrão” agregou um elemento de “moderação” ao que poderá ser um novo “Projeto Saquarema”.

Vivenciamos um novo momento no transformismo político que não suporta a linguagem política da polarização. Apostar na política da identidade política como “acúmulo de forças” para uma eleição num universo distante de 2022 contribui, em muito, com o desligamento da realidade das camadas populares. As lições da Pandemia pediam que a solidariedade nas periferias ganhasse um programa de frente democrática. Contudo, olhar para os números evita aos analistas indicarem as responsabilidades dos atores políticos do campo democrático.

Seguimos os passos de uma sociedade num “ziguezague” constante, pois aparentemente nada se aprendeu com o chamado “desastre político” de 2018. Se os mais radicais críticos daquilo que seria ascensão do fascismo no Brasil repetem ou aprofundam a fragmentação nesse momento pré-eleitoral, a grande massa política interpreta que tudo é narrativa eleitoral sem consequências políticas. “Mas vamos tocar a vida” é o melhor lema desse cenário porque é assim que algumas lideranças também abraçaram o sectarismo político na política de alianças. Então, se o eleitor não lhe apoia seria porque ele não é “amadurecido”.

Então, não devemos nos deixar abalar com os números, mas começar a exercer a “grande política”. A “receita do bolo” não é nova, porém os sujeitos políticos serão novos e precisam emergir nesses próximos dias que antecedem as eleições de 15 de novembro (mais uma data histórica desse país de “revolução passiva”). Olhar a segunda década do século XXI como os anos 80 do século passado está demonstrando o quanto não se sabe operar de forma positiva a democracia. Urgente que a “esquerda democrática” se imponha diante dessas siglas aprisionadas ao passado.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

CARTA ABERTA AO MINISTRO INTERINO DA SAÚDE

 

Carta Aberta ao General Eduardo Pazuello

Excelentíssimo Ministro Interino da Saúde General Pazuello,

Esse é o primeiro dia útil do mês de agosto que está associado ao mês dos pais presentes ou ausentes por diversas motivações. Somos pais em um país que atravessa um difícil momento por causa da Pandemia do COVID19. Não seria momento de fecharmos os “corações” por causa de nossas diferenças diante de uma gravíssima realidade. O número de óbitos por dia no Brasil não se reduz na média móvel. Não é intenção de essa carta apontar os erros e os motivos de um resultado desfavorável. Essas linhas pretendem que a sensibilidade lhe desperte uma atitude que conforte os corações de muitas famílias que derramam lágrimas a cada dia.

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras com 21 anos de idade, o Senhor demostrou suas qualificações ao longo da carreira militar assumindo de forma correta a coordenação das tropas do Exército nos Jogos Olímpicos de 2016. Todavia, um grande comandante deve saber o momento de fazer a retirada quando a “guerra” pode ceifar mais vidas desnecessariamente. O enfrentamento da COVID19 precisa de abrir-se para a “pacificação” que Duque de Caxias muito bem ensinou nos anais da História do século XIX com a firmeza de saber o quanto é necessário elevar os valores positivos do conhecimento e da ciência.

O Senhor jurou e abraçou a defesa dos interesses da nação brasileira. Com certeza já deve ter avaliado o quanto seria uma gravidade essa interinidade no Ministério da Saúde desde o dia 15 de maio. Não podemos colocar o legado histórico do Exército brasileiro em mãos de opiniões e disputas políticas ainda mais quando vidas estão em jogo. Um soldado cidadão cresce quando honra a unidade nacional e permite que a saúde pública seja cuidada pelos profissionais da área. Não é um simples pedido pela sua renúncia, mas um diálogo para que não se deixe renunciar a nação brasileira só por se manter fiel a “x” ou “y”. Ouça o seu coração e pese na “balança” da consciência que esse é o momento para abrir mão de uma vaga interinamente ocupada há quase 90 dias!!!

Tenho esperança que rume  pela decisão correta. Agradeço sua atenção e perdoe se tenha exagerado nas palavras sinceras de meu clamor. Foram escritas após noites de insônia de um pai.

Atenciosamente Vagner Gomes de Souza

 
 

quarta-feira, 29 de julho de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA - 2

Delírio do Carioca

Por João Sem Regras

 

Peço licença ao leitor para relatar um delírio que me passou antes de deixar essa vida terrena. Sei que não sou o primeiro a relatar tamanha façanha. Brás Cubas foi o pioneiro a contribuir aos curiosos da ciência. Todavia, meu delírio acompanha os sinais de desencarnação da minha cidade (Rio de Janeiro). Se você não é forte o suficiente para ler estórias de terror, saiba que lerá nas próximas linhas a mais pura narração de fenômenos mentais que se encaixam com as perdas da economia carioca. Mas espero que a sua curiosidade lhe faça ler para, quem sabe mudar aquilo que está adoecendo a sociedade carioca. Tudo se passou em minha cabeça em minutos, mas eu pude ver os anos “correrem” em minha frente.

Na figura de um escravo de ganho a mendigar na frente de uma Igreja do século XIX fui ganhando forma para encarar uma cidade de negros invisíveis para um conjunto de serviços públicos. As moradias estão desorganizadas há tempos desde muitos séculos e a cidade é um tabuleiro para os interesses imobiliários. Foi o que ouvi no meio de meus delírios quando a voz de uma rainha Jinga assumia a fisionomia de uma arquiteta que cheguei a ver na TV, mas esqueci de seu nome, pois a música do vizinho atrapalhou que eu melhor compreendesse como se chamava. Um vizinho confinado coloca Benito di Paula para atrapalhar eu ouvir aquela mulher.

Logo depois foi o momento de entrar numa trilha temporal que pensei que me levaria aos tempos da fundação de Estácio de Sá. Porém, fui parar no meio de uma viagem para um tempo mais recente. Nas ruas estudantes andavam para pedir ao Prefeito o passe livre nos ônibus para que todos pudessem ir estudar. A educação estava numa Greve de meses, pois não havia pagamento dos salários. Era a falência do Rio de Janeiro numa gestão de um Engenheiro nacionalista que chegou a ser Senador. Pensava que ali seria o momento em que a cidade se danou de vez. Na verdade, foi o ponto de partida para uma sequencia de gestões que primaram pelo ajuste financeiro das contas públicas. Uma ratazana passa em meus pés e pode se fazer ouvir.

- Esse não é ainda o momento da morte da cidadania carioca.

Insinuei que poderia ter sido coisa do “chaguismo” que sempre foi o “boi de piranha” na apresentação da política clientelista. Ou seriam outros “ismos” que povoam a cultura política carioca. Muito, melhor foi fechar meus olhos e deixar que o tempo brincasse em minha mente nas aparições de Carlos Lacerda, Negrão de Lima, José Frejat, Marcelo Alencar e tantos outros que ainda estão vivos por aí. Sinceramente, o Rio de Janeiro sempre foi mais uma “Babilônia” que o Éden. Contudo, poderíamos ver até a tenda de Abraão onde hoje fica uma Catedral de uma igreja evangélica na Avenida Dom Hélder Câmara. E os “cavalos corredores” chacinaram os indefesos ao lado da Igreja da Candelária. As mães de Acari e sua dor. Enchentes e desabamentos. Tamanha dor para se relatar e que relembrar me fez perder o fôlego mesmo não podendo mais respirar. Quem respira nas linhas do BRT? Quem respira no interior dos trens da SUPERVIA? Que situação se vive nas linhas de metrô? Todos dias os trabalhadores clamam: “Não consigo mais respirar.”

Caiu se na minha frente a imagem do caos. Um momento tenebroso que se abriu há poucos anos quando os cariocas achavam que podiam deixar qualquer “aventureiro” chegar a governança municipal. Abriu-se uma Bíblia como se fosse a “Caixa de Pandora” e a experiência de laboratório de 2016 expôs o quanto estamos prisioneiros de uma entidade que alimenta universos paralelos e se aliam as “forças ocultas” que se vincularam a diversos empreendimentos. Desabam os prédios da Muzema diante de meus olhos. Desejava ser apenas um pesadelo como outros, mas estava a compreender que a cidadania carioca estava sem viver. A ratazana interviu outra vez.

- Não te assustes com aquilo que consumado está. Viva na busca de uma saída.

- Viver? – perguntei eu, estava claro a quem derrotar.

Diante de minha interrogação as imagens se misturaram num mosaico de forças políticas sem a “grandeza política” de fazer um programa de unidade. Tudo fragmentos para fragmentos realimentar. Como viver politicamente assim? Imagina tu leitor como é doloroso ver toda uma cidade morrer como fonte de dinâmica social, pois os interesses de uma “casta” se impôs na vida pública. Controla as vias públicas em muitas comunidades. Negocia a vida e faz da informalidade um viés que alimenta um baixo clero da política carioca. Pudera eu ser um italiano daquela grande ilha. Isso mesmo um siciliano comprometido com o bem comum. Mas estou nesse turbilhão olhando para o turbilhão de vocês. Os olhos do delírio ensinam a fazer a grande política para qualquer disputa eleitoral. Um relâmpago cortou esse meu delírio. A minha atenção era para que pudesse deixar algum sinal para os que ainda caminham sob essa terra nas garras de um bloco eleitoral reacionário. Encaro a realidade que se aproxima e alerto para que haja um buraco da agulha em que as alianças precisam atravessar. Ou a colheita do mal se confirmará em 2022.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 11


Uma Receita para o Bolo
Por Vagner Gomes de Souza 

A vida só é possível
reinventada.

Cecília Meireles


Uma análise política poderia surgir de um simples bate papo com um confeiteiro. Não se surpreendam pois Lênin falava dos cozinheiros em O Estado e a Revolução (agosto de 1917) com outros objetivos. Digamos que estaríamos a pensar a partir de uma provocação feita pelo Professor Luiz Werneck Vianna no artigo “Falta uma Geringonça à Brasileira” na Revista Eletrônica Insight Inteligência (link para consulta https://insightinteligencia.com.br/falta-uma-geringonca-a-brasileira/ ). Adiantemo-nos em dizer que numa análise de conjuntura não há “receita de bolo”, mas mencionaremos alguns ingredientes políticos e possíveis atores importantes na formação de uma consequente frente democrática contra esse já mencionado na crônica werneckiana fascismo tabajara.

Vivemos um momento de muitos jovens que estão “sufocados” pela percepção de que a “Pandemia” representa a possibilidade do cancelamento de sua existência social no futuro próximo. A política se vinga contra os cartazes do “ninguém me representa” uma vez que somente a representação política cria canais de dialogo na sociedade para enfrentar essa grave crise. Pensemos numa juventude em que a desigualdade nos estudos se aprofundou nesse momento e estamos sob a ameaça da precarização dos empregos com os atalhos ultraliberais na proposta da “Carteira Verde e Amarela”. Contudo, falta o bom exercício da memória na política para perceber, repetindo o nosso mestre das Ciências Sociais, que nada que é ruim dura para sempre. Contudo, podem durar muitos anos faltou ele alertar para que as sábias ações do mundo real motivem as decisões políticas do campo democrático.

Nossa vida só não está um maior pandemônio graças ao pacto político celebrado na Constituição de 1988. Não é uma simples referência uma vez que é o Sistema Unificado de Saúde (SUS) que tem impedido uma onda muito maior de óbitos nas grandes cidades. A força da autonomia dos Três Poderes se impôs com um Congresso Nacional (com uma de suas representações mais fracas da história recente da República) buscando saídas e um STF atento a garantia da Democracia. Eis que essa fronteira inibiu as forças políticas que desejam refundar nosso país sob a marca do ultraliberalismo de viés americano.

Essa refundação impõe muitos sacrifícios às camadas populares uma vez que a capacidade de mobilização dos trabalhadores está a muito tempo reduzida por inúmeros fatores. Por outro lado, muitos sujeitos políticos levantam bandeiras fragmentárias num eterno mosaico das ruas de 2013. As ruas ainda não assumiram os corredores das instituições políticas e isso se faz ainda pelos atores políticos questionados há quase uma década. Portanto, é tempo de “reinvenção” das antigas receitas que nos fizeram sair de duas ditaduras (1930 – 1945 e 1964 – 1985) nessa trajetória de modernização conservadora no Brasil.

Não se fez uma leitura da “modernização sem moderno” (outra vez, Werneck Vianna) que nos trouxe a essa situação. Todavia, muito sabemos o quanto a ausência de um “centro político” forte está colocando a esquerda num gueto eleitoral no qual não terá condições de sair. Na verdade o “emedebismo” foi um movimento muito maior que uma interpretação que o associe ao “presidencialismo de coalização”. Trata-se de uma vértebra da articulação política da possível relação entre a democracia de massa e a democracia representativa.

Então, comecemos essa receita assumindo que um pouco de MDB não faz mal a ninguém ainda mais nesses tempos em que a proteína é vital para produção de anticorpos ao autoritarismo. A necessidade da disciplina parlamentar de um DEM é muito importante. Além disso, o PSDB de seus “pais fundadores” fez emergir muitos quadros intelectuais espalhados em muitas outras agremiações (PDT, REDE, CIDADANIA, PSB, etc.). De fato, falta essa convocatória ao espírito de democrático nacional que Ciro Gomes mobiliza e se percebe no PCdoB “raiz”. Por fim, a base social do PT é muito coesa e não se pode estar isolada seja chic ou de forma brega dessa “Geringonça”. Mas, ainda falta a sensibilidade de um Chef Gourmet na política brasileira para que toquemos essa “jangada de pedra”.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA

 
 
Velório de Machado de Assis
 
Memórias Póstumas do Cidadão Carioca
(Quase ficção e Quase Análise de Conjuntura)
Por João Sem Regras 
Esse é um ensaio que dedico ao “bolsominion” que primeiro celebrou sobre as frias carnes do cadáver do jeito de ser do carioca. Uma saudosa lembrança para aquele que poderia me acusar de ser um plagiador de um escritor do século XIX e muito citado pelos ativistas do movimento negro. Não serei eu um rebelde as tentações de assumir os diversos modismos, porém eis que estou no lugar de fala de um defunto diferente daquele servidor público de Salvador que ao beber da água berrou.
Não tive tempo de ler as considerações de Silvio Almeida sobre meu inacabado estudos sobre Guerreiro Ramos, pois tinha que me dirigi ao fiel leitor dessa jornada que confesso haver escrito essa quase análise de conjuntura como quase ficção uma vez que a política carioca vive (ou estaria morta!?!) sem a reinvenção. Não tenho ilusão em ser lido por mais de 100 leitores. Nem ficarei em lágrimas por ter cinquenta, e quando muito, cinco. Cinco? Simplesmente cinco delirantes leitores “encaixotados” aos sábados em imagens desse aplicativo chamado Zoom.
Tratemos de perceber que a reinvenção da política democrática no Rio de Janeiro se distancia em muito da construção coerente de uma unidade. Não que sejamos iludidos por acordos de “cotovelo” diante dessa pandemia que mata minha cidade aos poucos. A “carioquice” está adoecida por esses insanos contágios com esses germes mercadológicos que redesenharam e aprofundaram a desigualdade sutil nesse cenário que a tampa desse caixão agora me impede ver.
Contudo, eu ainda espero conquistar as simpatias dos formuladores de opinião do campo democrático carioca (ainda existiria isso!?!) evitando mencionar nomes de pré-candidaturas para o próximo mandato a Prefeitura local. O melhor remédio na análise seria não apontar o melhor nome, mas sim chamar a atenção que faltam quadros dispostos a formular melhores saídas políticas com inclusão social nesse pandemônio que está a cidade com banhistas de praia fazendo Henry David Thoreau soltar sorrisos onde estou.
Aprendi com o ilustre escritor que nasceu no Morro do Livramento que é melhor não explicar o processo extraordinário com quais essas linhas estão a serem lidas. Seria curioso, porém não atingiria o objetivo que é alertar para o fantasma que ronda as eleições cariocas que seria a “volta da antipolítica”. Ela coloca essa máscara hegeliana para se prevenir do debate das coisas reais que os números do COVID19 soterram os números orçamentários para a próxima gestão. A cidade adoecida em sua vocação cultural e turística enfrenta inúmeros desafios que não podem ser apenas solucionados por um apertar de botão da “máquina weberiana”.
A “máquina weberiana” é muito bem vinda nessa racionalização do modo de ser carioca. Entretanto, sugerimos que os “apertos” continuarão por muito tempo se a cada “aperto de botão” não seguir um diálogo com a sociedade para que tenha dimensão das dificuldades e dos limites. Essa cidade que sempre amei não está precisando só de uma liderança, mas também está refém de um empobrecimento nas articulações da política. E sem a grande política o “vírus da antipolítica” surpreende qualquer piloto num avião em meio às turbulências.
Exercitei meu inglês para conversar com o John Maynard Keynes sobre os desafios das comunidades da periferia carioca. Sendo um Lord inglês, ele muito falou da antiga fábrica têxtil de Bangu e dos desafios de um crescimento econômico numa cidade de serviços aglomerada em diversificadas iniciativas de transportes urbanos questionados. Há vida política (essa é a palavra) no mundo do além. Estou temendo que a política carioca não expresse mais sua vitalidade que precisa se fazer pelos articuladores do mundo partidário e alimentando o associativismo. Um desafio para os quadros que estariam na “jaula de ferro” do sectarismo ou do ultraliberalismo.
Fazer a unidade do campo democrático em si tudo é um desafio. Se te agradar: corajoso e fiel leitor espera que tenhamos boas novas nos próximos dias. Se não te sensibilizou, espero tenha a certeza que não lhe cobrarei pelos erros que muitos estão a repetir com um mosaico de nomes sem dizer como é difícil aceitar ser apenas um Cidadão Carioca. Portanto, cuidado!