quarta-feira, 15 de julho de 2020

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO CIDADÃO CARIOCA

 
 
Velório de Machado de Assis
 
Memórias Póstumas do Cidadão Carioca
(Quase ficção e Quase Análise de Conjuntura)
Por João Sem Regras 
Esse é um ensaio que dedico ao “bolsominion” que primeiro celebrou sobre as frias carnes do cadáver do jeito de ser do carioca. Uma saudosa lembrança para aquele que poderia me acusar de ser um plagiador de um escritor do século XIX e muito citado pelos ativistas do movimento negro. Não serei eu um rebelde as tentações de assumir os diversos modismos, porém eis que estou no lugar de fala de um defunto diferente daquele servidor público de Salvador que ao beber da água berrou.
Não tive tempo de ler as considerações de Silvio Almeida sobre meu inacabado estudos sobre Guerreiro Ramos, pois tinha que me dirigi ao fiel leitor dessa jornada que confesso haver escrito essa quase análise de conjuntura como quase ficção uma vez que a política carioca vive (ou estaria morta!?!) sem a reinvenção. Não tenho ilusão em ser lido por mais de 100 leitores. Nem ficarei em lágrimas por ter cinquenta, e quando muito, cinco. Cinco? Simplesmente cinco delirantes leitores “encaixotados” aos sábados em imagens desse aplicativo chamado Zoom.
Tratemos de perceber que a reinvenção da política democrática no Rio de Janeiro se distancia em muito da construção coerente de uma unidade. Não que sejamos iludidos por acordos de “cotovelo” diante dessa pandemia que mata minha cidade aos poucos. A “carioquice” está adoecida por esses insanos contágios com esses germes mercadológicos que redesenharam e aprofundaram a desigualdade sutil nesse cenário que a tampa desse caixão agora me impede ver.
Contudo, eu ainda espero conquistar as simpatias dos formuladores de opinião do campo democrático carioca (ainda existiria isso!?!) evitando mencionar nomes de pré-candidaturas para o próximo mandato a Prefeitura local. O melhor remédio na análise seria não apontar o melhor nome, mas sim chamar a atenção que faltam quadros dispostos a formular melhores saídas políticas com inclusão social nesse pandemônio que está a cidade com banhistas de praia fazendo Henry David Thoreau soltar sorrisos onde estou.
Aprendi com o ilustre escritor que nasceu no Morro do Livramento que é melhor não explicar o processo extraordinário com quais essas linhas estão a serem lidas. Seria curioso, porém não atingiria o objetivo que é alertar para o fantasma que ronda as eleições cariocas que seria a “volta da antipolítica”. Ela coloca essa máscara hegeliana para se prevenir do debate das coisas reais que os números do COVID19 soterram os números orçamentários para a próxima gestão. A cidade adoecida em sua vocação cultural e turística enfrenta inúmeros desafios que não podem ser apenas solucionados por um apertar de botão da “máquina weberiana”.
A “máquina weberiana” é muito bem vinda nessa racionalização do modo de ser carioca. Entretanto, sugerimos que os “apertos” continuarão por muito tempo se a cada “aperto de botão” não seguir um diálogo com a sociedade para que tenha dimensão das dificuldades e dos limites. Essa cidade que sempre amei não está precisando só de uma liderança, mas também está refém de um empobrecimento nas articulações da política. E sem a grande política o “vírus da antipolítica” surpreende qualquer piloto num avião em meio às turbulências.
Exercitei meu inglês para conversar com o John Maynard Keynes sobre os desafios das comunidades da periferia carioca. Sendo um Lord inglês, ele muito falou da antiga fábrica têxtil de Bangu e dos desafios de um crescimento econômico numa cidade de serviços aglomerada em diversificadas iniciativas de transportes urbanos questionados. Há vida política (essa é a palavra) no mundo do além. Estou temendo que a política carioca não expresse mais sua vitalidade que precisa se fazer pelos articuladores do mundo partidário e alimentando o associativismo. Um desafio para os quadros que estariam na “jaula de ferro” do sectarismo ou do ultraliberalismo.
Fazer a unidade do campo democrático em si tudo é um desafio. Se te agradar: corajoso e fiel leitor espera que tenhamos boas novas nos próximos dias. Se não te sensibilizou, espero tenha a certeza que não lhe cobrarei pelos erros que muitos estão a repetir com um mosaico de nomes sem dizer como é difícil aceitar ser apenas um Cidadão Carioca. Portanto, cuidado!