segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ELEIÇÕES NOS EUA


As prévias republicanas das eleições norte-americanas:
O que está acontecendo agora?

Ricardo José de Azevedo Marinho[1]

A última vitória de Mitt Romney deu a ele três das quatro principais regiões do país: Nordeste (New Hampshire), o Oeste (Nevada) e o Sul (Florida).
É verdade que Romney perdeu num estado do Sul, a Carolina do Sul, que é sem dúvida o mais representativo da região de Flórida. Mas relativamente poucos estados do Sul são competitivos na eleição geral. Flórida, onde Romney já ganhou, e Virgínia, onde ele e Ron Paul são os únicos candidatos na cédula e onde a demografia abastada o favorece, são as duas exceções mais importantes.
Entretanto, Romney só perde a nomeação republicana, se perder numa região que precisa vencer: o Centro-Oeste. Mas, por que isso é decisivo?
Um bloco contíguo de oito estados contendo 95 votos no Colégio Eleitoral - Indiana, Iowa, Michigan, Missouri, Minnesota, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin - determinou os vencedores e perdedores na maioria das eleições presidenciais. Quando pelo menos seis ou sete desses estados são adicionados às bases estaduais de um candidato presidencial isso representa certa garantia de vitória. Exemplo: Barack Obama venceu em sete deles em 2008. Por outro lado, quando eles estão quase igualmente divididos, tal como em 2000 e 2004, em face de outros estados decisivos como Nevada (onde, por exemplo, Romney perdeu entre os eleitores trabalhadores que ganham menos de US$ 30.000 por ano - algo próximo de R$ 52.000 por ano / R$ 4.305 por mês), New Hampshire ou Florida - eles tendem a fazer muita diferença.
Romney perdeu em Iowa, ainda que por uma margem pequena. Ele terá mais duas oportunidades para ganhar num estado do centro-oeste.
Mas, imaginemos que Romney perca em qualquer dos outros estados. Isso faria dele um zero para uma região eleitoralmente decisiva para a nação.
Vejamos Michigan, onde Romney nasceu e que vão votar em 28 de fevereiro, seria, em teoria, uma aposta mais segura para ele. Contudo, o estado tem uma população da classe trabalhadora grande, e Romney, por vezes, foi infeliz nas declarações para esse eleitorado.
Outra repercussão dessa derrota é que tal acontecimento poderia reavivar a campanha republicana, ainda que isso não significasse nada em termos gerais para eles.
Uma vez que posições mais conservadoras dos republicanos sobre questões sociais não irão torná-los mais palatáveis a certos tipos de eleitores independentes. Estados que são moderadamente liberais em matéria de política social, como Virginia, New Hampshire, Nevada e Colorado, poderá ser mais difícil para os republicanos ganhar alguma coisa se o discurso republicano for rumo a um conservadorismo atroz.
Contudo, essas preocupações podem ser superadas se esse discurso ganhar e/ou mostrar força no Centro-Oeste - e Romney mostrar fraqueza.
Dai que para os republicanos, a esmagadora maioria dos caminhos para a convenção republicana, na Flórida, aponta para Romney. O que um discurso conservador duro pode fazer é ganhar um par de estados, barulho e coisas interessantes por algum tempo, mas sem nenhuma condição real de ganhar a nomeação, e o mais importante, a eleição presidencial.
Mas até que Romney vença no Centro-Oeste, ou pelo menos até que ele se mostre claramente favorito nas pesquisas em Michigan, devemos considerar a sua nomeação como uma possibilidade e não como uma certeza.

Brasil, 5 de fevereiro de 2012


[1] Ricardo José de Azevedo Marinho é professor da Unigranrio.