sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DEMOCRATAS DA ESQUERDA


Os Democratas da Esquerda: O Programa (Começo de um debate)

Por Vagner Gomes de Souza

As jornadas nas ruas iniciadas em junho demonstraram que os partidos políticos do campo democrático e da esquerda se distanciaram do debate das mudanças a partir de um programa. Muitos segmentos e lideranças se deixaram contaminar pelo “cálculo eleitoral” minimizando sua plataforma política. Exemplo extremo está nas agremiações partidárias que levantam o tema da “decência na política” como sinalizador de sua adesão política. As massas nas ruas não tinham programa e nem uma liderança. Uma eclosão da “revolução dos interesses” de segmentos das periferias urbanas e da prática política.
A “agenda eleitoral” antecipada em fevereiro pelo antecessor da Presidente da República foi “congelada” naquele momento. A sociedade civil inorganicamente comparece as manifestações e programaticamente não se reformulou. Os segmentos políticos foram equivocadamente nomeados como “fascistas”, “anarco-punks”, “anarquistas”, “extremistas, etc. Nos seus desdobramentos de um Congresso Nacional formado ainda sob os métodos do clientelismo. Nesse ponto, o “interesse” do voto do eleitor se faz prevalecer e tudo se desmancha no ar.
As lições da política partidária devem ser aprendidas diante das idas e vindas da REDE de Sustentabilidade. Mobilizar um “mosaico” de intenções de “boa vontade” da sociedade não se faz na realidade. E, gradualmente, os elementos do nosso liberalismo doutrinário se faz representar até nas forças políticas que deveriam defender o socialismo. A política ainda está anos-luz afastados da sociedade e um “caldeirão” de problemas se faz por aguardar soluções. Por exemplo, a massas de trabalhadores continuam o cotidiano da Avenida Brasil engarrafada e dos trens da SUPERVIA lotados/danificados, mas a pauta imposta pela mídia, uma vez que não há vozes da esquerda, é a Perimetral.
Não há um Programa dos Democratas da Esquerda, seja qual forem as agremiações que ocupem esse segmento, para a sociedade brasileira. Na passagem dos 25 anos da Constituição de 1988, percebemos o quanto seus valores democráticos ainda não foram todos regulamentados. A recente Greve dos Servidores Públicos da Educação no Rio de Janeiro demonstra o quanto o legislativo ficou uma geração sem “tomar partido” sobre a regulamentação do Direito de Greve aos Servidores Públicos. Haja “bandeiras” progressistas a se levantar no Parlamento que aprofundem as conquistas da Carta Democrática de 1988, porém, mais uma vez, os “cálculos” estão na Sucessão Presidencial.
O tema da violência policial nos grandes centros urbanos levanta o debate sobre a desmilitarização da Segurança Pública no país, porém teme-se pelo seu arquivamento diante de um Congresso Nacional sem pressão do debate da sociedade através de uma campanha de opinião. As eleições legislativas são fundamentais para a emergência de um “polo” de Democratas da Esquerda que se encontram espalhados em diversos segmentos partidários e da sociedade. Acumular forças no legislativo para gradualmente pressionar uma Reforma Política que acabe com o “voto escravizado”, ou seja, o voto a serviço do “balcão de negócios”.
A disposição política para levantar esse debate deve partir da sociedade articulando uma ponte com os partidos políticos da esquerda até o centro-liberal. Apresentar um programa se faz necessário. Esse é o ponto relevante para além de indicar nomes para a sucessão presidencial que só empolgará ao eleitor no mês de setembro de 2014. Agora, é momento de fazer circular ideias e perguntar: que Brasil terá com o envelhecimento gradual da população? Como será a Previdência Social na próxima década? A saúde pública vai conviver com as terceirizações? Por que o Plano Decenal de Educação não avança no Parlamento? Quais seriam as conquistas aos trabalhadores? Vamos continuar com o mesmo modelo de sindicalismo unicitário? Quem mais lucra não deveria pagar mais? Enfim, há inúmeras perguntas que ajudariam a formular um programa dos Democratas da Esquerda que mobilizaria as redes sociais e a militância na sociedade para definir o “voto útil” em lideranças políticas fundamentais a continuarem ou para ingressarem no Congresso Nacional. Uma Lista de um “movimento multipartidário” com diálogo na sociedade. Os partidos políticos da esquerda não devem temer que “não filiados” votem e participem de seus encontros/plenárias de formação de programa. Uma oportunidade de formar novas lideranças na formação de uma cultura cívica. Esse é o começo de um debate programático que devemos ajudar a alimentar nos nossos locais de trabalho, militância, estudo, moradia, exercício de nossa fé religiosa, etc.