sábado, 30 de outubro de 2010

MEU VOTO

O que fazer com esse meu voto?
Dedicado a memória de Caio Prado Júnior



Muitos me perguntam sobre meu VOTO AMANHÃ (31 de Outubro). Acham que há uma polarização DILMA E SERRA como a imprensa faz noticiar. Não sou adepto de mitos e crendices...Sei que estamos há 16 anos numa mesma trajetória de partidos de social-democracia paulista. Logo, fantasia falar em melhor ou pior projeto se os dois representam o mesma política de despolitização. 
Lembro que diante da URNA teremos 4 opções. BRANCO / NULO / SERRA / DILMA. 
Tarefa inglória que não tenhamos uma Campanha com Política para nós da Esquerda.
Minha cultura política sempre repudiou as duas primeiras opções.
Acredito que uma vitória "apertada" de um ou outra será uma VOLTA AO CANAL de negociação por um Programa de União.
Logo, desejo fazer uma Opção por quem Assinou a Constituição de 1988 e receba a Oposição Competente de que esteve 8 anos no Governo.
Enfim, continuaremos nos caminhos e descaminhos de nossa política sem política. 
Um abraço
Vagner Gomes - Editor do BLOG VOTO POSITIVO (contato vagnergomes2331@bol.com.br)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ZONA OESTE-RJ - Cidade Futura


Engarrafados na via da Democracia
Por Antonio Semog

O usuário de transporte público na Zona Oeste teve seu estilo de vida modificado pelos constantes engarrafamentos nos Centros Comerciais de Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz. Pequenos trajetos custam muito tempo para serem cumpridos em determinados horários. O trabalhador que depende do ônibus ou dos Transportes Alternativos (regularizados ou não) está nas mãos de um Governo Municipal que se encontra impotente para encaminhar uma solução democrática para além do Bilhete Único.
Na política eleitoral muitos falam no incentivo ao transporte público de massa, mas estamos colhendo nas ruas da Zona Oeste os efeitos da política de incentivo fiscal para a compra de carros para reduzir os efeitos da Crise Econômica de 2008. Menos impostos. Mais carros vendidos. Crise econômica contornada pelo consumo interno de veículos, mas nenhuma política de Transporte Público. Não se pensou na sociedade mais saudável, pois trilhou o caminho do economicismo. Diante dos lucros da Indústria Automobilística, muito observamos nas ruas engarrafadas, pois o centro político está engarrafado sem que haja uma intervenção à esquerda.
Não desejamos repudiar a indústria dos carros. Na verdade, estamos a exigir uma continuidade de seus efeitos com uma Política Ambiental que promova menos engarrafamentos. O PMDB no município do Rio de Janeiro sinalizou com a Ciclovia até o bairro de Santa Cruz. Haveria uma política de incentivo fiscal para a compra de bicicletas? Muitas delas hoje importadas da China demonstram que a política cambial gera efeitos nebulosos ao falar de transporte público. Não sabemos o que essa vocação social-democrata paulista nas duas candidaturas finalistas poderia intervir numa política paras ciclovias, pois os “marqueteiros” simplesmente encaminham dádivas sobre um “trem bala” de bilhões e sobre Metrô para todos. Não há “pudor” nas promessas. Não há valorização do elemento ambiental na organização de um Transporte Verde e que reduza os engarrafamentos.
A nossa região fica acompanhando promessas sobre melhorias em estradas federais no meio de grandes engarrafamentos. Não devemos deixar de lado um debate com soluções mais próximas de nossa realidade. Por isso, fazemos votos para que tenhamos grandes avanços para o debate do transporte público tendo em vista a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DEBATE DE CONJUNTURA


O INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
GALILEU GALILEI CONVIDA:
“DEBATE LEGAL
TEMA:
“OS DESAFIOS, CAMINHOS E DESCAMINHOS DO BRASIL NOS PRÓXIMOS 4 ANOS”

Palestrantes
         Prof. Arthur Damasceno
         Prof. Rodrigo Piquet
         Prof. Ricardo Marinho
         Prof. Vagner Gomes
Mediação
         Prof. Pablo Spinelli

SEXTA-FEIRA
DIA 29 DE OUTUBRO
18 HORAS
Rua Cinco de Julho, 254, Copacabana, Rio de Janeiro
Tel. 2256 8714 – 2255 0993

domingo, 24 de outubro de 2010

ZONA OESTE-RJ - CIDADE FUTURA

Sorria: Nasci no Rocha Faria
Por Antonio Semog



Começo esse artigo com um relato de ex-professor do Ensino Fundamental numa escola pública nos tempos de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Entrei em sala de aula e falei de fazermos uma linha do tempo com fatos marcantes de nossa vida para introduzir uma noção de mudança temporal. Então, para exemplificar, escrevi minha linha do tempo onde começava “7 de novembro de 1937 (foi uma data para causar curiosidade nos alunos) nasci no Hospital Rocha Faria – Campo Grande – RJ”. O silêncio da turma de adolescentes nascidos após 1985 foi desfeito por diversas gargalhadas. Perguntei o motivo e recebi essa resposta padrão: “Como conseguiu isso? Lá só serve para morrer gente!!!”. Esse é um retrato muito curioso, pois esses adolescentes escondiam que também tinham nascidos em Maternidades Públicas. Eram usuários “clandestinos” de serviços públicos de saúde. Diante das reportagens negativas sobre a saúde pública seus anseios eram que seus pais tivessem emprego com Plano de Saúde.

No balanço desses últimos 16 anos após essa experiência, percebemos que o atendimento na Saúde foi se privatizando a medida que muitos Planos se generalizaram com as mais diversificadas ofertas de serviços e para as mais diversificadas faixas de renda. A universalidade de atendimento público é ainda um desejo. A realidade desse atendimento na Zona Oeste uma dificuldade, pois a população, aos poucos se americanizou, e deseja recorrer ao serviço particular por meio dos Planos. Por isso, os Hospitais Públicos viraram o espaço do atendimento de Emergência ou o momento de despedida. A população se acostumou a essa interpretação perversa da americanização na saúde. Vive para pagar um Plano de Saúde ou espera a Morte na rede pública de saúde. Portanto, muitos declaram que nosso principal problema é a saúde, mas não significa que deseja uma saúde universal e pública. Deseja uma saúde de qualidade e mais liberal.

As duas candidaturas de vertente social-democrata (Serra e Dilma) não apresentaram uma leitura que pudesse superar esses limites para nossa região. Não é só de UPA que podemos pensar sobre a saúde como assunto público. O combate ao Fumo tem um impacto positivo para a saúde pública, mas seu idealizador não expõe isso na campanha política por causa do “marqueteiro”. Há diversos ganhos sociais no Governo Atual com a venda de remédios mais baratos para a população de baixa renda, porém a candidatura governista não fala numa Reforma Tributária que possa reduzir o preço dos remédios para a população em geral, pois não há Programa de Governo nessa campanha. Votaremos numa perspectiva de futuro sem que as candidaturas apresentem propostas. Há uma “chuva” de boas intenções que ajudam a movimentar o Horário Eleitoral, mas como fazer isso? Voltaria a CPMF? Qual o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS) que regulamenta os Planos de Saúde?

O silêncio para essas questões demonstram que há muito ainda por se falar em saúde mesmo que um candidato ache que é o especialista e a outra candidata fale que está tudo um sucesso. O fundamental é revelar que a saúde privada lucra nesse país. A saúde privada ganha muito com planos de saúde que não funcionam nos momentos mais emergenciais. Os Planos de Saúde aliviam o número de usuários na Rede Pública. Por isso, não se pode polarizar com eles, mas nada explica esse silêncio do Governo Atual em relação ao descaso deles com seus clientes. O impacto de uma vida que se perde na Rede Pública é muito grande na mídia, mas ela (que recebe dinheiro de publicidade dos Planos de Saúde) está em silêncio sobre os abusos dos Planos. Infelizmente, não há um programa de “centro-esquerda” para a Saúde nas duas candidaturas que atenda aos anseios de nossa região. A idéia emergencial do Mutirão da Saúde do candidato oposicionista faz lembrar o CPC da UNE na versão Saúde na Rua no século XXI. Imaginamos uma peça: “A Diabetes vai acabar seu Edgar!” Entretanto, é pouco, mas necessário diante do quadro que vivemos.

Sejamos claros. Quantos “sacos de batata” valem um leito no Hospital Rocha Faria? Quantos são os votos que a máquina do assistencialismo faz movimentar diante desse mundo que divide a população entre aqueles que têm ou não tem Plano de Saúde. Vivemos numa região onde a baixa qualidade na saúde mobiliza a significativa votação em determinadas candidaturas que se alinham ao governismo seja um ou outro. Muito dinheiro público. Muito voto. Muita pouca mobilização popular. Esse é o que constatamos diante de uma população que aponta a saúde como problema, mas que não deseja ser a protagonista dessa solução. Essa é a fronteira que faz muitas candidaturas democráticas serem derrotadas pela política de troca de favores que nesse momento apóiam um ou outro candidato a Presidência da República.

Hoje, os herdeiros dos movimentos sociais por uma saúde pública estão silenciosos, pois foram cooptados na atual administração federal. Muitos falam em UPA e ficam em silêncio sobre a sua gestão que é de “Cooperativa disfarçada”, ou seja, a terceirização na área social que denunciavam que FHC faria hoje é uma solução desde que a população seja atendida. Logo, devemos deixar esse espírito conformista e lutar por uma pressão da sociedade seja quem for vitorioso no próximo domingo. O momento é de definir...Quem vai ser mais coerente para aceitar a pressão popular por mais saúde? Essa é a forma de melhor começar a se preparar para a pressão em associações comunitárias.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ZONA OESTE-RJ - Cidade Futura


Sobre a Educação ou A Gamsci com Carinho
Por Antonio Someg
Escrevo pensando num filme que fez sucesso há muitos anos atrás e que emocionou uma geração de educadores. Trata-se de Ao Mestre Com Carinho que trabalhava com referenciais sobre inclusão social e educação no contexto saxão. Esse modelo educacional saxão é uma provocação no momento em que podemos pensar no contexto de “revolução e restauração” da política brasileira. Por isso, Antonio Gamsci surge num título sobre educação uma vez que desejamos que a juventude usasse esses próximos dias de campanha política sem Grande Política uma oportunidade para estudar um pouco a análise de uma conjuntura.
Em primeiro lugar, não podemos deixar que um clima político de fatos e acusações de lado A ou lado B atrapalhe nossa clareza no julgamento das propostas que poderíamos defender diante de uma grande dúvida que poderia passar pela cabeça do eleitor da Zona Oeste do Rio de Janeiro. De onde virá o dinheiro público para cumprir as promessas de campanha?
Na Educação, existe um exemplo dessa situação para qualquer eleitor da região que atua no magistério ou que é um jovem estudante. Antes de falarmos em quantidade. Falemos de qualidade. Meu caro leitor. Você avalia que um jovem hoje sai da Escola (Pública ou Privada) melhor preparado do que há 8 anos atrás? Antes que denunciem esse artigo de oposicionista, respondam: um jovem saia melhor preparado em 2002 que em 1994? Segundo os indicadores de avaliação externa do MEC houve avanços na qualidade educacional nos dois momentos citados. Então, o que cria essa sensação de que há algo de errado na educação. A leitura de Democracia na América poderia levar a uma chave interpretativa, ou seja, na sociedade americana há uma valorização das idéias gerais como explicação de um mundo num contexto de igualdade de condições. A massificação da educação brasileira contribuiu nesse processo e observamos isso na nossa região onde muitos jovens conseguiram somar anos de estudo além da média de seus pais mais repetem um senso comum cheio de ideias gerais.
Tamanha situação não pode ser debatida em poucos dias de campanha diante da ausência de um Programa de Governo das duas candidaturas. Na verdade, falta uma esquerda que problematize esse tema da educação para sairmos dos lances dos marqueteiros de plantão. Programa democrático para educação não é criar expectativas por milhares de creches, FATEC´s, duas professoras em sala de alfabetização, ampliação da rede universitária, etc. Aqui deixamos claro que todos esses itens seriam mínimos para melhor a rede de ensino, mas falta uma grande política para realizar uma nova forma de agir no processo educacional público.
Os limites das promessas para a Zona Oeste aparecem na radiografia de nossa rede escolar pública uma vez que não vemos mais uma antiga bandeira da esquerda que dizia: “Verba pública para a escola pública!”. Não entendam que estamos condenando o financiamento privado feito pelo PROUNI, mas estamos apenas esclarecendo que não se trata de uma política de esquerda ou “centro-esquerda”. Nesse momento, a nossa região tem diversas instituições de ensino privado que vive graças ao complemento da verba pública do PROUNI. Entretanto, já que as Universidades Particulares da região ganham dinheiro público, deveriam ser reguladas de uma forma mais pública em relação ao cumprimento da qualidade dos serviços oferecidos aos seus alunos e a execução de atividades de extensão no bairro como critério para receber subsídios do Governo Federal. Uma biblioteca atualizada e aberta a comunidade é muito importante além de explicar aos usuários dessas instituições as medidas tomadas diante dos inúmeros cursos com conceito D ou E atribuídos pelo MEC.
Lamentamos esse silêncio na campanha das duas candidaturas. Lamentamos que não houvesse uma ousadia em dizer que rede particular não poderia ganhar esses subsídios públicos estando com dívidas com o FGTS, Previdência Social e em atraso no pagamento dos trabalhadores de educação. Antes, de anunciar mais propostas educacionais sem uma fonte comprometida. Deveriam criar critérios mais democráticos para as verbas públicas que alimentam esse mundo privatista na educação.
Uma triste constatação. Gostaríamos de estar debatendo uma CEFET em Campo Grande. A ampliação do Colégio Pedro II em Realengo. Uma Universidade Federal em Santa Cruz. Milhares de creches nos bairros da Zona Oeste, mas sabemos que o que já temos vive na precariedade. Como ampliar a rede educacional se a estrutura atual está desejando reformas urgentes? Uma política para Educação não é simples como apresentam no programa eleitoral da TV. Uma política para a Educação precisa evidenciar o valor democrático da análise da verba pública que já está sendo aplicada hoje. Após o segundo turno, ganhe quem ganhar, esperamos que o Gramsci da juventude, que defendia uma “neutralidade combativa”, se faça mais presente entre nossa juventude escolar. Aqui necessitamos de associações juvenis que debatam a educação ao estilo das Escolas Bíblicas nas Igrejas Protestantes, ou seja, associativismo e disciplina são necessários mais uma vez.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ZONA OESTE-RJ - Cidade Futura


Eleição não se resolve com empurra-empurra

Por Antonio Semog

O eleitor da Zona Oeste do Rio de Janeiro não precisa reeditar uma falsa “guerra de rua” para considerar que estamos num segundo turno de polarizações de programas muitos distintos. As duas candidaturas presidenciais não apresentam programas, mas um conjunto de princípios e assinaturas de compromissos do passado.
Na periferia do Rio de Janeiro, Dilma e Serra recebem apoio das “máquinas políticas” mais variadas que agrupamos em três tipos: “máquina sindical”, “máquina do candidato derrotado ao Senado oriundo da ALERJ”, “máquina do assistencialismo”. Essas clientelas podem se Xingar pois estão “demarcando seu território político” na região projetando as eleições municipais de 2012. Quem é mais fiel nessa batalha sem política será mais premiado com fontes de recursos nas eleições de suas representações para o legislativo municipal.
 Podem fazer empurra-empurra diante de uma imprensa que deseja “esquentar” o debate político sem que haja realmente um debate da Grande Política. Entretanto, esse conflito de grupos sem política não fortalece a política democrática. Assim, desejamos escrever sobre alguns temas que precisam ser refletidos nos próximos dias pelos eleitores antes de votar. Há 10 dias das eleições a Zona Oeste deve demonstrar que eleição não é “Guerra Santa” ou “Bang-bang de novo tipo”. Por isso, vamos começar desfazendo alguns mitos ideológicos pois não apresentam fundamentos políticos:
1)      “Vivemos uma eleição polarizada entre Esquerda X Direita” => isso não existe uma vez que as duas candidaturas precisam do Centro Político para vencer as eleições;
2)      “Vivemos uma eleição polarizada entre Estatistas X Privatistas” => não há nenhum movimento de privatização no Brasil na atualidade. Não é por postura do Governo Federal mas porque não há mais um “onda neoliberal” como vivemos nos anos 90 em todos os países da América Latina copiando o modelo Norte-americano/Inglês dos anos 80;
3)      “As privatizações foram um roubo da nação com muita corrupção” ou “Esse é o Governo mais corrupto da História” => Não há um “Corruptômetro” (medidor de corrupção). Os casos divulgados na atualidade de corrupção e suas investigações são conquistas da sociedade democrática, ou seja, a atuação do Ministério Público com poder investigatório conferido na Carta Constitucional de 1988, onde lamentavelmente um partido que se diz de Esquerda não assinou por acusá-la de beneficiar a Elite. Por outro lado, corrupção existe na esfera pública e privada como demonstram os filmes Tropa de Elite 1 e 2 fazendo chave com a Segurança Pública. Logo, se a Privatização foi ROUBO...Por que não foram investigadas nesses últimos 8 anos?;
4)      “Vivemos a polarização entre Emprego X Desemprego”. => Criação de empregos não se resolve na eleição de um Presidente. Os eleitores dos EUA entenderam isso nesses dois anos de mandato de Obama. A política econômica mundial que apresenta seus limites de acordo com os interesses da grande burguesia;
5)      Por fim, o mito da “herança maldita” de FHC que substituiu o mito da “herança conservadora” de Vargas na simbologia do lulismo => Nada muda a percepção que estamos na conclusão do quarto mandato de FHC em termos de compromisso com a estabilidade monetária nos termos da reunião feita pelo então Presidente com os principais presidenciáveis em meados de 2002. Os leitores poderão pesquisar a disputa eleitoral de 2002 mês a mês e verificarão isso. (Sugiro a leitura do livro de Luiz Werneck Vianna – Esquerda Brasileira e Tradição Republicana: Estudos de conjuntura sobre a era FHC-Lula, Editora Revan, 2006)
Sem esses mitos ideológicos que beneficiam o debate da “pequena política” desejamos que o eleitor em geral, particularmente o da Zona Oeste carioca, acompanhe nossa reflexão nos próximos dias buscando compreender o que Dilma ou José Serra pretendem para nosso país. Na verdade, nosso objetivo é verificar os limites reais dessas duas vertentes políticas do liberalismo político paulista para a realidade da região. As duas candidaturas são herdeiras do desenvolvimentismo o que não implica que tenhamos mais desenvolvimento econômico com um ou outro. O desenvolvimento das forças produtivas na Zona Oeste pode contribuir para um processo de contradição das relações sociais de produção desde que façamos um debate que problematize que os grupos dirigentes das duas campanhas em nossa região estejam nas mãos de políticos que praticam a política tradicional. Por isso, debater política é uma forma de colaborar nesse processo. Por isso, não se pode ficar omisso, neutro ou defender um postura pela anulação. Simplesmente refletir. Analisar cada artigo. Fazer uma opção. Depois...VOTAR.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CARTAS DE UM NOVO ABOLICIONISMO

Clientelismo

Por Joaquim Ocuban

Muitos leitores de Voto Positivo devem achar que somos contra a Assistência Social aos que mais precisam. Muito pelo contrário. Defendemos que aqueles que tenham renda maior ajudem os mais necessitados. Nosso princípio é a redistribuição de renda. Enquanto ela não chega, nada impede os chamadas "obras de caridade". Elas existem há séculos na humanidade. A sociedade pode se auto-organizar em sua luta pela assistência social nas Organizações Não-Governamentais que, em regime de parceria com iniciativa pública ou privada, pode ser uma alternativa democrática aos Centros Sociais atrelados aos projetos políticos.
Muitos leitores citam pontos positivos desses Centros Sociais. Não vamos defender aqui a extinção desses projetos, mas eles não podem servir de "trampolim" para que postulantes a cargos públicos tenham privilégios em eleições. A sistema eleitoral deve oferecer a maior proximidade da igualdade na competição. Um princípio que os usos e abusos do Poder Econômico já macula no processo eleitoral. Por isso, o Centro Social não pode ser mais um "cativeiro do Voto" para um determinado grupo político.
Não há liberdade para um eleitor caso ele vote por uma troca de um bem que devia ter recebido do poder público. Afinal, o perfil dos políticos que se credenciam pelo Centro Social é muito próximo aos que se aliam ao governismo seja ele de qual orientação política. Eles feudalizam territórios políticos nos municípios e não aprofundam a transformação democrática.
Voltamos a dizer que o problema não é o Centro Social. O problema está na "politização" do Centro Social que sempre recebe o nome de políticos de práticas clientelistas. Negociam sua "base eleitoral" com políticos com grandes fortunas e que jamais defenderão a redistribuição de renda. Enfim, contribuem para o escravismo moderno do voto pois inibe a liberdade do eleitor em escolher. Muitos votam por temer que o Centro Social acabe ou por gratidão. Não há um debate de Política Pública mas a aceitação da apropriação de serviços públicos para interesses de grupos políticos privilegiados. 
O clientelismo na política é uma chaga silenciosa que impede o avanço da democracia. Impede um Voto Positivo pois vive em torno da reprodução do poder econômico na política. Os gastos do Centro Social não passam pela fiscalização da Justiça Eleitoral o que é um exemplo da falta de transparência desse processo. Portanto, novas regras na Reforma Política devem ser criadas para coibir que um bem da Centro Social seja manipulado para práticas politizadoras. Todos que fazem assistência social em nome de valores humanos devem ser valorizados. Entretanto, não se deve abrigar no assistencialismo a manipulação do voto.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Campos de Fé e de Petróleo

O estudo do Professor Cesar Romero Jacob (PUC-RJ) sobre o Mapa do Voto Presidencial no Primeiro Turno indica que a candidatura oposicionista ganhou no Norte Fluminense com destaque para o município de Campos dos Goytacazes. Campos já foi apresentada como um "berço do voto conservador" católico. Hoje o movimento "neopetencostal" cresceu muito nesse município com uma liderança política que vai além desses limites religiosos que é o Deputado Federal Garotinho (PR). Entretanto, a questão da partilha dos Royalties do Petróleo deve ter viabilizado esse resultado  pró-Serra, que teve impacto no Estado do Espírito Santo, e não deve ser colocado em segundo plano. No momento, Garotinho anunciou uma "neutralidade temporária" condicionado ao PNDH-3, porém esquece do tema da partilha para que a negociação política tenha um valor mais democrático.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ANÁLISE: VOTOS NA ZONA OESTE


Zona 122-RJ - Decifra-me ou te devoro!!!

VOTO POSITIVO escolheu a Zona Eleitoral 122 no Município do Rio de Janeiro para fazer alguns comentários sobre o resultado do Primeiro Turno de 2010. O critério para a escolha foi o fato de ser nessa Zona Eleitoral (ZE a partir de agora) em que se concentrou a maior parcela da votação de Vagner Gomes a Deputado Federal. Nela, a campanha do EDUCAR PARA AMPLIAR A DEMOCRACIA-VOTO POSITIVO ficou em 83º lugar com 65 VOTOS (12º lugar se considerarmos os candidatos da Coligação O Rio de Janeiro Pode Mais – PSDB-DEM-PPS).
A ZE 122 abrange Campo Grande, Santíssimo e Senador Vasconcelos. Totaliza 65 mil eleitores inscritos e teve 14% de abstenção aproximadamente. Nas eleições majoritárias para a Presidência da República, esse foi o resultado dos 3 (três) principais candidatos em votos válidos:

DILMA ROUSSEFF   45,20 %

MARINA DA SILVA 34,55 %

JOSÉ SERRA              17,73 %

A votação do candidato da coligação O BRASIL PODE MAIS (PSDB-DEM-PPS) ficou na metade da candidata do PV, o que refletiu no baixo desempenho das candidaturas proporcionais dos partidos coligados de oposição na ZE. Somente o Presidente Nacional do DEM ficou entre os 10 candidatos a Deputado Federal mais votados que foram:

PR- GAROTINHO                                                        7,60 %
PTdoB - JOSE DE AZEVEDO                                    5,41 %
DEM- RODRIGO MAIA                                             3,36 %
PMDB - EDUARDO CUNHA                                    3,19%
PCdoB - JANDIRA FEGHALI                                   2,96%
PSC- FILIPE PEREIRA                                                2,94 %
PMDB - RODRIGO BETHLEM                                  2,90%
PMDB - PEDRO PAULO                                             2,79 %
PSOL - FRANCISCO ALENCAR                               2,70%
PRB - VITOR PAULO                                                  2,67%

Uma comparação com o resultado eleitoral nas eleições de 2006 delimita alguns elementos de continuidade na tendência eleitoral nessa ZE que pode ser uma hipótese para todo o eleitorado do Bairro de Campo Grande. Observamos:
1)      a presença dos candidatos vinculados a máquina pública do município. Em 2006, Indio da Costa, Solange Amaral e Ayrton Xerez representavam a máquina municipal do DEM. Nessas eleições há os representantes Rodrigo Bethlem e Pedro Paulo que representariam o situacionismo municipal do PMDB;
2)      a votação expressiva de candidatos vinculados ao discurso da centro-direita religiosa. Em 2006, Eduardo Cunha (PMDB), Vinicius de Carvalho (PTdoB) e Manoel Ferreira (PTB e hoje no PR sem se candidatar a reeleição). Nessas eleições, Eduardo Cunha é reeleito com uma propaganda crítica ao PNDH-3, apesar de ser contado como governista pela imprensa, Felipe Pereira e Vitor Paulo melhor representam essa tendência;
3)      a presença de uma candidatura vinculada ao “assistencialismo bairrista”. Em 2006, foi Almir Rangel (PSC). Nessas eleições, o destaque foi José de Azevedo (PTdoB) sem esquecer a significativa votação de Marcelo Gregory (PRTB) que ocupa o 11º lugar.
Tanto em 2006 quanto em 2010 a tendência do eleitorado predominante fez emplacar o “campeão” de votos na ZE. Assim, a tendência da máquina municipal conferiu a Rodrigo Maia o primeiro lugar em 2006 a medida que a tendência da votação religiosa fez Garotinho ocupar essa colocação nessas eleições. Talvez a variável seria a votação de Jandira Feghalli (PCdoB) e Chico Alencar (PSOL) entre os 10 mais votados, porém, para além de classificarmos a ZE122 como a “Zona Vermelha” de Campo Grande, chamamos a atenção que os dois foram candidatos nas eleições municipais de 2008. Jandira teria se beneficiado disso e do fato de ter feito acolher votos de candidaturas de seu perfil eleitoral uma vez que Carlos Santana (PT), Edson Santos (PT) e Edmilson Valentim (PCdoB) tiveram sua votação reduzida a metade comparada com 2006. Por sua vez, Chico Alencar (PSOL) aparentemente herdou os votos que Gabeira teve em 2006 uma vez que desde 2002 seu eleitorado esteve na faixa de 600 eleitores na ZE122 e foi acrescido em mais 600 votos que se assemelham a votação do candidato derrotado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. Na estranha racionalidade do eleitor não há contradição em votar no PV aliado ao DEM para o Governo Estadual e num candidato do PSOL para Deputado Federal, pois se trata de uma identidade eleitoral mais “ética” do que de esquerda.
Diante dessa rápida radiografia eleitoral da ZE 122, há a confirmação de velhas tendências do eleitorado de toda Zona Oeste que se expressa na votação maciça em 3 (três) máquinas: a municipal, a religiosa e a assistencialista local. Uma candidatura do campo democrático é viável nessa região, pois se concentra quase 25% de votos na chamada esquerda, porém é necessário ganhar visibilidade ou esses votos ficam pulverizados em diversas candidaturas sem garantir uma vitória eleitoral. Uma organicidade da sociedade nessa localidade poderia formar essa ponte contra a fragmentação dos votos do campo democrático. Mais uma vez, numa política de frente, as organizações religiosas podem ser uma vertente para essa reforma moral e intelectual.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Segundo Turno 2010 - Verde que te quero Verde

Há muitas especulações sobre o perfil do eleitor de Marina Silva e sobre sua postura diante do Segundo Turno. Muitos já sabiam das opiniões da candidata a Presidência do Partido Verde sobre os temas relacionados aos valores cristãos o qual propõe plebiscito para deixar para a sociedade decisões que podem colocar a política sob refém do fundamentalismo religioso. Observamos que a política vinculada a fé é uma característica já presente desde o século XIX quando a Igreja Católica lançou a Doutrina Social como forma de se manter distante do legado do liberalismo político e da social-democracia.

Segundo a nova configuração política da votação da candidatura de Marina Silva, uma neutralidade política no segundo turno despolitizará ainda mais essa tendência eleitoral dos valores cristãos, o que aumentaria a força política do “caciquismo evangélico” onde cada pregador ou líder protestante negocia um segmento eleitoral da sociedade com os candidatos a Presidência. Lamentavelmente, a postura defensiva de Dilma em relação a política pública para as mulheres contribui para esse processo que pode criar uma vertente de um populismo cristão conservador em defesa dos interesses de uma nova classe média.

Os Verdes devem ter autonomia para expor seu programa e até em deixar seu provável eleitor liberado a votar em quem desejar, mas isso implicará numa renúncia da prática da política numa conjuntura decisiva. Não se deixem levar para o pragmatismo num momento histórico de equilíbrio de forças no Congresso Nacional no caso da vitória da Oposição no executivo. Muito além disso, não se esqueçam que muitos eleitores evangélicos estão sendo convencidos de que o discurso do “aquecimento global” é uma trama diabólica do Anti-Cristo. Portanto, a neutralidade dos Verdes poderá custar mais para a democracia brasileira e para a causa ecológica diante do fortalecimento do legado da direita populista cristã.

sábado, 9 de outubro de 2010

CARTAS DE UM NOVO ABOLICIONISMO

Começo
Por Joaquim  Ocuban

Estive nesses meses na assessoria política de uma candidatura a Deputado Federal do Partido Popular Socialista (PPS) com base na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Sofremos um revés político e, a partir desse artigo, pretendo escrever sobre a política em geral, a política local e a necessidade de um novo movimento abolicionista que promova o fim da escravidão do eleitor.
Ao longo dos próximos artigos, usarei um estilo de quem esteja escrevendo uma carta aberta para a sociedade que deseja criar uma opinião democrática e progressista. Será muito importante que nossos leitores sinalizem suas opiniões sobre essa nova luta pela democratização efetiva do Rio de Janeiro que passa pela construção de uma corrente pelo VOTO POSITIVO na Zona Oeste.
Muitos poderão comparar nossa batalha ao americanismo de Tavares Bastos. Na verdade desejamos uma forma de permitir um olhar ao eleitor como um “escravo do clientelismo”, o que representaria uma reinvenção da interpretação política fundada pelo autor de O Abolicionismo. Entretanto, os limites da cultura política do liberalismo democrático em seus pais fundadores indicam que devemos ampliar essa perspectiva. Nós desejamos expor melhor a necessidade de um movimento de opinião que influencie as próximas eleições de 2012 em diversos municípios.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Nossos Sete Princípios

O VOTO POSITIVO é um BLOG pluralista escrito e sob responsabilidade de Vagner Gomes candidato derrotado a Deputado Federal pelo Partido Popular Socialista (PPS) no Estado do Rio de Janeiro em 2010. Temos como princípios:

1) Desenvolver um debate sobre a cultura democrática na sociedade;

2) Repensar a ação do campo democrático e progressista na sociedade;

3) Valorizar a participação da sociedade nas instituições políticas;

4) Estimular a organização da juventude;

5) Combater a despolitização do voto clientelista e o assistencialismo;

6) Combater o fisiologismo político e as “máquinas eleitorais”;

7) Educar para ampliar a Democracia.

Geografia do Nosso Eleitorado

Não concluímos o “mapeamento” dos 477 Votos dados ao número 2331 nas recentes eleições, porém já há alguns indicadores interessantes:

a) 17, 5% dos votos vieram do Interior o que demonstra um anseio por uma nova forma de fazer política sem priorizar o “localismo”;

b) 13,5% dos votos vieram da Zona 122 que abrange parte de Campo Grande e Santíssimo no sentido Estrada da Posse e no sentido Estrada do Mendanha até a Serrinha;

c) 42% dos votos na Capital vieram de Zonas Eleitorais de fora de Campo Grande, o que reforça que o Voto Positivo nasce na Zona Oeste e se espalha para todo o município.

Marina Silva surpreende até na Zona Oeste do Rio de Janeiro

A candidata do Partido Verde a Presidência da República, Marina Silva, conseguiu se manter em segundo lugar nas Zonas Eleitorais 120, 122, 242, 243, 244, 245 e 246 do Rio de Janeiro onde concentramos a nossa militância política pelo VOTO POSITIVO. Nosso movimento foi suprapartidário com eleitores de Dilma, José Serra, Marina Silva e Plínio de Arruda, mas destacamos essa surpreendente votação como uma inspiração para a melhor organização da sociedade em torno de bandeiras em favor do desenvolvimento sustentável.