quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Raposa e os Ministérios

Novidade em relação ao próximo governo é a atuação do futuro Vice-presidente Michel Temer nas articulações políticas pela composição do novo Ministério. A cada citação do Deputado Federal Michel Temer (PMDB-SP) na imprensa, muitos começam a sentir saudades do atual Vice-presidente (José Alencar) e do Senador Marco Maciel (DEM-PE) quando Vice-Presidente no antigo PFL na gestão de FHC. Entretanto, o atual Presidente nacional do PMDB representa o momento de maior aproximação desse Partido no Executivo nacional desde 1990. Nos últimos 20 anos, sucessivas derrotas e divisões marcaram a história eleitoral desse partido. A vitória da coligação governista trouxe a novidade do PMDB como aliado vitorioso e decisivo na vitória de Dilma em muitos estados da federação. Aos poucos, o Vice-Presidente eleito lembra aos analistas que carisma é importante mas que se vota em partidos políticos, ou seja, a coligação governista teria se beneficiado de palanques regionais "costurados" pelo PMDB. Muitos comparam essa pressão a atitude de Ulisses Guimarães em relação a José Sarney na Constituinte. Sarney reagiu estimulando a criação do "Centrão" para equilibrar o jogo mudancista. Hoje, o BLOCO PMDB-PP-PR-PTB-PSC é uma demonstração que viveremos os quatro anos mais propícios aos experts da política. Não se pode imaginar que o "lulismo" se mantenha sem uma reação pelo movimento social o que implica em futuros e saudáveis debates políticos. As contradições do no campo governista devem ser acompanhadas de perto diante da necessidade de temas polêmicos: 1) Reforma Política - não vai adiante com esse "blocão"; 2) Reforma Tributária - só com adesão da sociedade e 3) Reforma social - não haveria muito mais que aprimorar os programas sociais já existentes. As "raposas da política" desejam as uvas dos investimentos públicos voltados para a Copa de 2014 e Olimpíadas 2016. Muito dinheiro público em circulação. Muita influência política em jogo enquanto a sociedade "patina" na luta pela transparência democrática dos gastos públicos. O chamado "Blocão" coloca na "sinuca política" os pleitos do aliado mais à esquerda do governismo que é o PSB. Observamos um silêncio nas citações de Ciro Gomes na imprensa e o governador reeleito de Pernambuco deverá demonstrar capacidade de reação política. Enquanto isso, a cooptação do Deputado Michel Temer age no campo político da oposição com diálogos com o Presidente Regional do DEM-SP que pode resultar numa mudança partidária do mesmo e seu "grupo político" numa possível "janela na fidelidade partidária. Todavia, uma reação da sociedade pode vir na defesa da Reforma Política através de um movimento semelhante a luta pela Lei do Ficha Limpa. Por isso, é necessário a existência de uma oposição avançada na defesa da radicalidade democrática.

domingo, 7 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2 - Comentário Final

VOTO POSITIVO publica a conclusão do artigo sobre o filme Tropa de Elite 2 de autoria de Pablo Spinelli. O leitor que não leu a primeira parte pode faze-lo acessando em seguida as duas postagens após essa.


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Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?”
(Conclusão)
Por Pablo Spinelli

O filme tem algumas lacunas. A principal é que não diz com clareza que não é apenas a comunidade que inicialmente aplaude a entrada da milícia que “a livra” do tráfico. Há uma parcela significativa da população que torce pela milícia, a mesma que foi “esculachada” por Nascimento – a classe média. Esse anti-herói que não deveria ser amado mas,  pela força do carisma do seu intérprete e da construção (bem mais madura que no primeiro TE) do personagem. Embrutecido pela corporação que o formou, forjado pela política do bandido e mocinho que predominou na Segurança Pública, Nascimento, nesse seu papo de botequim, nos revela uma visão multifacetada e com ela formamos a nossa. A sociedade é ambígua. O mocinho pode ser vilão, o vilão virar mocinho. Exemplo disso são as palmas que Nascimento recebe da população num restaurante de classe média alta – é o único momento em que há a crítica à postura de setores da classe média carioca que apóiam a repressão, a menoridade para infratores, a pena de morte, após ter supostamente comandado a execução de bandidos em Bangu I.
Não é por acaso que Nascimento é o nome desse personagem. Devemos pensar em que tipo de segurança e ordem pública queremos que nasça em nossa sociedade. Além disso, o sobrevôo de Brasília feita por uma câmera que nos aponta o cerne do problema – a desvirtuação da POLÍTICA, das ações republicanas -, tem como objetivo dizer que o problema é o SISTEMA, como nos antigos filmes políticos de Hollywood nos anos 1970. O sistema aqui pode ser o clientelismo político – o que abre para um TE 3 questionar as ações de Centro Sociais em regiões carentes de atendimento do Estado como a Zona Oeste e Baixada Fluminense – onde a corrupção é dos dois lados. Pode ser também o sistema da mídia que apela para apresentadores “fanfarrões” que colocam na cabeça do espectador as forças do “bem” contra as forças do “mal” (o candidato que apostou nessa dicotomia recentemente se deu muito mal).
Acreditamos que a população fluminense sofreu e absorveu criticamente o impacto do filme e mostrou isso nessas eleições do Rio de Janeiro. Nesta houve a presença do Prefeito há época de muitos daqueles acontecimentos do filme que classificaria a milícia como um “mal menor”. Foi desbancado por um candidato vindo da Baixada Fluminense que se coligou com o governo das UPPs.
Vale ressaltar que o filme coloca de maneira subliminar o futuro das UPPs. Caso esse “sistema” permaneça apodrecido e vulnerável, pelo seu hermetismo, aos ataques de interesses e ações nada republicanas, a UPP de hoje – idéia original com eventuais modificações de um dos autores do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao primeiro filme, o sociólogo e, não por acaso, ex-secretário de segurança, Luis Eduardo Soares que foi demitido através da mídia pelo então governador Anthony Garotinho - pode virar a milícia de amanhã. Devemos salvar essas jovens maçãs.

VOTO NOS ESTADOS UNIDOS



A Previsível Derrota de Obama
Ricardo José de Azevedo Marinho*

A resposta eleitoral das pessoas, brancas e negras, hispânicas e asiáticas, entre tantas de tantos outros lugares, etnias e raças, por causa da pífia gestão de Barack Hussein Obama como 44º Presidente dos Estados Unidos da América é aprova mais eloqüente da fraqueza de sua política. A história da gestão Obama era para ter sido mais uma história revolucionária que começaria no momento em que ele convocou para inspirar o seu governo à revolução dos Fundadores e com eles passar pelas outras revoluções da trajetória norte-americana como a Reconstrução e o New Deal no intuito de abolir as injustiças hodiernas com a força do constitucionalismo popular que a história da sua democracia fez possibilidade.Mas, ao contrário, caminhou em dois senderos tradicionais e que sempre se cruzam: o do status quo e o dos costumes morais e civis (o common law). Ou seja: a esperança que ele havia angariado para as políticas democráticas teve e têm inimigos encarniçados dentro do seu governo e, ao que tudo indica, ele mesmo feneceu diante dessas forças. E todos aqueles que interpretarem a derrota de Obama como um sinal da força da cultura política liberal compreenderam bem as lições de Tocqueville sobre a América do Norte e a sua democracia.
A derrota de Obama é um sinal desta questão, mas não a sua conclusão ou o seu fim. Desde 2008 aquela sociedade bem como outras do mesmo naipe estão dilaceradas pela questão liberal (que, certamente, não é nova). Una o status quo e o common law e as suas mais diversas interpretações. E por trás destas diversas interpretações se oculta à aspiração política e ideológica liberal. Obama obteve uma ampla derrota e ela foi quase unânime. É o primeiro presidente da história dos EUA a obter uma derrota legislativa e estadual de proporções gigantescas e, o que é pior, previsível.
Obama representa agora uma viagem ao mesmo lugar onde o otimismo da vontade se encontra esmaecido. Hoje o pessimismo e a condição de mal-estar que engendraram a vitória do Partido Republicano se tornam preocupante porque ele e o Tea Party foram capazes de carrear para si esse espírito liberal-conservador que se amplia rapidamente. Daí Obama ser o sinal da impotência diante da crise de 2008 e seus desdobramentos até aqui. E mais: os democratas que conquistaram a Virgínia, onde começou a Guerra Civil, além de ser o estado de Thomas Jefferson, o pai espiritual da razão iluminista, o fizeram em oposição a Obama. E Obama que vem de Illinois, o estado de Abraham Lincoln, viu uma das preciosas cadeiras do Senado transitar dos Democratas para os Republicanos.
O sonho norte-americano da recuperação do estrago de 2008 e o tãodesejado soerguimento não se materializaram com Obama. O ethos da cultura liberal está todo ai. Os vendedores de ilusão estão de volta. E para o infortúnio de todos tornaram Obama num igual.

Brasil, 7 de novembro de 2010

* Ricardo José de Azevedo Marinho é professor da UNIGRANRIO.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Segundo Turno: A Zona Oeste Carioca e o Fator Marina Silva


Alguns mitos foram mobilizados pelas “máquinas eleitorais” na recente campanha eleitoral a Presidência da República para que se credenciassem para as eleições de 2012. Esses mitos caem por terra se analisarmos as tabelas dos votos num setor do Eleitorado da Zona Oeste do Rio de Janeiro. São esses os mitos mais comuns que ouvimos:
1- A candidatura de Marina Silva retirou mais votos da candidatura governista;
    2-  A propaganda da “direita religiosa” prejudicou muito a candidatura governista;
   3- No segundo turno, o candidato oposicionista teve votos graças a uma aliança com setores conservadores e ao “clientelismo político” de uma Deputada Estadual recém-eleita na sua legenda partidária.
Nesse artigo estamos recortando a Geografia do Voto nas Zonas Eleitorais 120, 122, 242, 243, 244, 245, 246 (Campo Grande e arredor). Usamos os dados de 2006 e 2010 para comparar numa primeira etapa se essas tendências ocorreram. Os votos dados a Lula e Alckmin em 2006 são comparados com Dilma e José Serra respectivamente em 2010. Para os votos “fora da polarização” PT e PSDB, efetuamos para 2006 a soma dos votos de Heloisa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) e comparamos com a votação de Marina Silva (PV) sem considerar a votação de Plínio de Arruda (PSOL). Vejamos as tabelas:

Eleições 2006                                                                                  Eleições 2010
PT
Lula                                                                                                   Dilma
ZE 120 -> 48,2%                                                                              ZE 120 -> 42,7%
ZE 122-> 49,5%                                                                              ZE 122 -> 45,2%
ZE 242 -> 49,8%                                                                              ZE 242 -> 44,4%
ZE 243 -> 49,7%                                                                              ZE 243 -> 44,5%
ZE 244 -> 47,1%                                                                              ZE 244 -> 43,4%
ZE 245 -> 49,4%                                                                              ZE 245 -> 46,8%
ZE 246 -> 54,4%                                                                              ZE 246 -> 47,9%

PSDB
Alckmin                                                                                             José Serra
ZE 120 ->25,9 %                                                                              ZE 120 -> 18,2%
ZE 122-> 25,9%                                                                               ZE 122 -> 17,7%
ZE 242-> 26,8%                                                                               ZE 242 -> 18,8%
ZE 243-> 27,6 %                                                                              ZE 243 -> 21,6%
ZE 244-> 27 %                                                                                 ZE 244 -> 18,5%
ZE 245-> 25,4%                                                                               ZE 245 -> 16,8%
ZE 246-> 23,5 %                                                                              ZE 246 -> 17,9%

PSOL & PDT
Heloísa+Cristovam (SOMA)                                                                                 Marina Silva (PV)
ZE 120 -> 21,3 + 4,2% 25,5%                                                                              ZE 120 -> 36,2%
ZE 122-> 19,8 + 4,2% 24%                                                                                  ZE 122 -> 34,6%
ZE 242-> 18,8 + 4,1% 22,9%                                                                               ZE 242 -> 34,3%
ZE 243-> 18,7 + 3,6% 22,3%                                                                               ZE 243 -> 31,8%
ZE 244-> 20.2 + 5,1% 25,3%                                                                               ZE 244 -> 35,4%
ZE 245-> 20,4 + 4,1% 24,5%                                                                              ZE 245 -> 36,8%
ZE 246-> 18,4 + 3,3% 21,7%                                                                              ZE 246 -> 33,7%

Observamos que tanto Dilma quanto José Serra tiveram uma votação menor que seus companheiros de partido nas eleições de 2006. Entretanto, o candidato do PSDB perdeu mais votos comparados a 2006 que a candidata do PT. Portanto, na Zona Oeste carioca a candidatura Marina Silva atrapalhou mais a candidatura da coligação oposicionista que a candidatura situacionista. A surpresa da votação de Marina Silva, pelo menos na Zona Oeste carioca, não surgiu, portanto de uma base eleitoral que já existia em 2006. Observem que PSOL e PDT tiveram somado mais de 20% dos votos nas Zonas Eleitorais pesquisadas. Logo, não foi uma “onda de votos” evangélicos, mas uma “onda de votos de Terceira Via” acrescidas de um eleitor flutuante que veio mais da própria oposição.
Logo os Votos da "direita religiosa" em Marina Silva na região estudada não foi muito expressiva como a imprensa fez divulgar. Houve um senso de oportunismo político das lideranças políticas evangélicas em capitalizar o total do eleitorado de Marina Silva, porém a base seria de uma “Centro-esquerda” de terceira-via. Esse leitorado não teve uma visibilidade política no discurso do segundo turno, pois os candidatos finalistas optaram por dialogar com temas conservadores para resgatar seu eleitorado flutuante à medida que os eleitores clássicos à esquerda se dividiram numa ou noutra opção.
Desse ponto de vista observamos que a soma dos votos perdidos pelo PT e PSDB em 2010 comparados com 2006 forem somados com a votação de PSOL/PDT em 2006 teremos a votação de Marina da Silva em 2010 na Zona Oeste. Há uma diferença para baixo que se atribui ao fato de não somarmos a votação de Plínio de Arruda (PSOL). Como esse texto é de um Professor de História e a filmografia brasileira indica que somos ruins em matemática, sugiro que peguem uma calculadora e façam as contas para cada Zona Eleitoral acima. Em todas, chegamos a esse resultado, o que desmonta o segundo mito dessas eleições logo na Zona Oeste em que os evangélicos são muito importantes nas eleições proporcionais.
Por fim, vejamos quantos votos o candidato oposicionista teve no Segundo Turno para verificar que ele teve mais do que o eleitorado conservador. Parte dos eleitores da “esquerda de terceira via” votou em José Serra, o que é uma novidade na região se compararmos com as eleições de 2006 em que o candidato do PSDB teve até redução de votos no segundo turno.

José Serra (PSDB) Segundo Turno 2010
ZE 120 ->36,6% Ganhou mais 18,4% que o Primeiro Turno
ZE 122-> 34,6% Ganhou mais 16,9% que o Primeiro Turno
ZE 242-> 35,9% Ganhou mais 17,1% que o Primeiro Turno
ZE 243-> 38,3% Ganhou mais 16,7% que o Primeiro Turno
ZE 244-> 35,9%  Ganhou mais 17,5% que o Primeiro Turno
ZE 245-> 34,3% Ganhou mais 17,5% que o Primeiro Turno
ZE 246-> 31,8% Ganhou mais 13,9% que o Primeiro Turno

Muito seria simplificar que os eleitores flutuantes que abandonaram o PT e o PSDB fossem todos da “direita religiosa” e que 100% tenham optado por votar no PSDB no segundo turno logo após a assinatura da Carta de Princípios da candidata vitoriosa com as lideranças políticas evangélicas. Mesmo assim, essa diferença é inferior ao total de votos agregados ao PSDB no segundo turno. Portanto, uma parte significativa do eleitorado de “terceira via à esquerda” migrou para o candidato oposicionista na Zona Oeste carioca. Uma demonstração que é possível construir uma faixa eleitoral mais Democrática e Progressista de oposição nas eleições de 2012 desde que haja uma melhor interpretação da Zona Oeste.
A Zona Oeste politicamente não está prisioneira da Idade Média, mas expressa a emergência de uma força política conservadora semelhante ao Tea Party e não consegue dar organicidade ao eleitorado de “Centro-esquerda” na região, pois falta uma liderança política nessa faixa. Entretanto, a máquina assistencialista que trabalhou para a candidatura da oposição não deve ser responsabilizada pelo eleitorado agregado, mas deve ser um motivo de outros “centro-esquerdistas” terem anulado, ausentado do processo ou votado na candidatura governista. Assim, consideramos que o avanço do Voto Positivo na Zona Oeste carioca deve partir da premissa que há um segmento eleitoral consolidado entre 20 – 25% que não tem impacto maior nas eleições proporcionais, pois votam de forma fragmentada. Por outro lado, é possível uma vertente Democrática Progressista emergir em 2012 com forte base eleitoral na região desde que haja unidade e um discurso mais reformista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2

VOTO POSITIVO começa publicar uma série de 2 partes sobre o filme Tropa de Elite 2. Eles faziam parte de um longo texto, porém, com autorização do autor, decidimos postá-los em parte para que o debate sobre o filme ganhe espaço de interpretação política entre nossos leitores. Portanto leiam, divulguem e comentem.
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Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?” (PARTE 1)
Por Pablo Spinelli

O que torna Tropa de Elite 2 (a partir de agora, TE) um fenômeno não é sua temática sobre a violência urbana. Tal abordagem foi feita em “Salve Geral” e este não foi um sucesso de público. Também não está a sua enorme popularidade calcada nos recursos técnicos. O que há na verdade, em nossa opinião, é a síntese interessante de discurso reflexivo com uma montagem moderna – quase televisiva, mas esse quase está mais para um seriado como “24 horas” do que para as novelas globais – passando, é claro, pelas interpretações titânicas de um Seu Jorge que carrega nos olhos algo do Sandro do “Ônibus 174 até um Wagner Moura que na sua postura física e no olhar carrega um fardo nas costas, bebe água, é presa, é predador. Isso sem grandes trejeitos e nem berros.
A sua narração tem uma interpretação singular. Não é uma simples narração, é um bate-papo tomando um chopp no bar da esquina. Esse recurso é um achado que deu certo no primeiro filme e mais ainda no segundo, pois aproxima o espectador do personagem, justamente o que faz esse TE diferente do primeiro TE.
Outra coisa que faz esse TE 2 diferente é o foco na POLÍTICA. Essa, ausente de debates públicos como na recentíssima corrida presidencial, surge nas telas atendendo um público cuja demanda hoje não é suprida por partidos políticos, sindicatos, ONGs. No filme dirigido pelo José Padilha há traços da história recente de nosso Estado onde, numa metralhadora giratória e tensa, muito tensa, não sobra nada para ficar de pé. Políticos, policiais, classe média, favelas, mídia. Todos esses ídolos de pés de barro são demolidos. Ao fundo uma crítica de que a POLÍTICA hoje em dia no Brasil e o Rio de Janeiro, em particular, está fadada a imitar a rotina dos Estados Unidos: O voto pelo voto, partidos políticos que são máquinas eleitorais sem penetração no tecido social, políticos que querem o poder pelo poder, menor distinção do que é liberal de conservador, entre outros pontos.
Nessa pegada, Padilha explora as ligações do voto com o desenvolvimento das milícias, organizações paramilitares de “fascismo de mercado” que ganharam terreno no vácuo deixado pelo Estado às comunidades carentes. Com a prática da milícia a cidadania deixa de existir e o cidadão fica refém de uma prática perversa: a de pagar para continuar vivo. O filme, numa perspectiva fora do “filme-de-comunidade”, abre os bastidores da Política por onde passam Secretários de Segurança corruptos, deputados “padrinhos” de comunidades, policiais militares que usaram do cálculo empresarial para “administrar” qualquer comunidade como uma empresa onde não há demissão e sim, execução.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MISTÉRIO EM CAMPOS

Campos dos Goytacazes comandou a vitória da candidatura  oposicionista de José Serra no Norte e Noroeste Fluminenense. Nesse município, José Serra teve 52% dos votos contra 47% dos votos em Dilma. Aparentemente, o Deputado Federal mais votado do Rio de Janeiro trabalhou "silenciosamente" para esse resultado político para demonstrar ao Governador Reeleito que não tem plena hegemonia política na região na disputa do pleito municipal de 2012.
Garotinho ameaça o PMDB no interior do Estado do Rio de Janeiro com a organização do PR. Além disso, sua filha poderá ser uma alternativa política no cenário político carioca numa vertente oposicionista religiosa. Há um mistério nesse momento que se atribui aos motivos de Picciani não se empenhar muito na vitória petista na "região de Garotinho". As conjecturas indicam um provável "acordo de cavaleiros" dos políticos que apoiaram Lula em 2002 e foram "abandonados" em 2010. Sérgio Cabral Filho deve estar ciente de que teve votos oposicionistas no contexto federal no conjunto de sua votação para a reeleição. Portanto, seria importante refundar seu Governo em torno de uma Carta de Princípios que visasse um diálogo com políticos, movimentos sociais e intelectuais no sentido de uma alternativa democrática para a realização de da Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016).