Meu
Casaco de Intelectual
Por João Sem
Regras
Numa semana agitada eu
vivi naqueles tempos que ainda o Rio de Janeiro tinha figuras que influenciavam
os cariocas pelos jornais. Hoje vejo que ninguém mais leria essas folhas
impressas mesmo antes daquela “pandemia”. Alguns ainda se aventuram a leitura
dos BLOGs como se fossem cultuar uma moda retrô por um disco de vinil. Como
sempre fica aquela pergunta presente na série Dark. O correto não é perguntar em que tempo estamos, mas em que
mundo estamos? Pois o carioca passou por uma vivência de vários mundos
paralelos sem que se saiba onde estaria a “caverna” da passagem.
Meus ilustres,
fanáticos e abnegados sete leitores desde o primeiro conto devem ter percebido
o quanto tenho relato como se vivo ainda estivesse. Todavia mais vivo estou por
não estar nesse mundo de vocês que estariam a ler essas linhas pensando que sou
um “médium” a incorporar a ironia do Bruxo do Cosme Velho. Sabemos que tudo se
individualizou nas leituras e tenho como me inspirar diante de uma eterna
estabilidade.
Enfim, fui me perdendo
nesses devaneios e o principal seria voltar a um ponto de minhas memórias
perdida quando meu amável pai cismou que eu deveria praticar um esporte
aquático. Meu pai era tricolor doente por culpa do Anjo Pornográfico eu presumo
ou gosto de assim dizer para dar mais uma referência labiríntica para alguns
leitores “zumbis” que apareçam por aqui. Esse fanatismo paterno me fez sair do
distante bairro de Bangu até a Zona Sul Carioca para tentar nadar no time de
coração de meu progenitor. Pois, foi ali que conheci um jovem de minha idade ou
um pouco mais jovem. O Lula....
Não seria o então líder
sindical na Ditadura Militar o qual vivíamos. Era o apelido da maior promessa
da natação do clube naquele momento. Curiosamente, faço aqui uma “fofoca” para
que os panfletários de “fakenews” se assustem, o meu colega de escolinha de
natação foi depois um adolescente que chegou a usar a estrelinha (confesso que
não era a de Davi). Nada de ressentimentos com essa referência biográfica nesse
momento que penso muito no que fez tudo mudar. Eu não fiquei mais de três aulas
por lá. Minha vida seria vestir um casaco de intelectual nem que fosse pelas
vias da ficção. E esse casaco adorei vestir aqui nesse mundo do além.
Voltemos ao ponto que
vivi numa semana agitada quando revi Lula falando em reconstrução da Cidade.
Ele mobilizava alguns ex-atletas numa coletiva e parecia que estava desejando
fazer política eleitoreira. Reconstrução é uma linda referência a história
norte-americana pós Guerra Civil que aquele nadador citava muito mais por apelo
de marketing do que conhecimento da leitura do Eric Froner. Se ele ainda nada
além da liberdade, avaliei que esse meu conhecido daquele tempo distante sempre
gostou de competição para ganhar ou impor problemas para os adversários.
Uma semana agitada se
abriu com aquela imagem e muitos nem se davam conta do quanto nem boiar um
cidadão carioca poderia. Fui vestindo meu casaco e não adiantava os alertas
enquanto eu ouvia o samba “Pelo Telefone” em meu playlist. Ai ai ai....
Deixemos as mágoas para trás meu rapaz. Vou saindo de fininho antes que me
cancelem no Twitter sobrenatural.
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