Empreendorismo
doença senil do esquerdismo
Euclides Ulianov
da Cunha[1]
“Marcados
pela própria natureza
O
Nordeste do meu Brasil
Oh!
solitário sertão
De
sofrimento e solidão
A
terra e seca
Mal
se pode cultivar
Morrem
as plantas e foge o ar
A
vida e triste nesse lugar(...)”
Marçal
escreveu...
Faltando poucos dias da
realização do segundo turno no maior município do país ocorreu um “apagão” na
análise política daqueles que se consideram como representantes do campo da
esquerda. Na verdade, a dificuldade de raciocínio sobre a política eleitoral em
conexão com a conjuntura já vinha desde a insistência numa candidatura que
tinha elevados índices de rejeição.
Tamanha escolha
aparenta ser coisa de principiante. Mas, sabemos que em tempos de cláusula de
barreira, um “puxador de legenda” em 2026 vale muitos recursos públicos do
Fundo Eleitoral de Campanha. Rasguemos as “máscaras” desses liberais das urnas.
Silenciam sobre a Frente Democrática necessária com o MDB, PSD, PSDB, CIDADANIA
e setores democráticos do PL para fazer uma reinvenção de uma marca televisiva.
Pequenas votações e
grandes negócios. Eis a nova marca dos renegados que se consideram monopolizadores
da Esquerda. Não se respeita o lugar de fala nesse momento de aventuras
eleitorais em nome da conquista de um novo sujeito: o pobre de direita.
Lamentavelmente o que
está pobre é a capacidade de análise da conjuntura política que não percebe que
os indicadores sociais seriam mais graves que se pensava ao assumirmos o
Governo na subida da rampa que deixava para trás inúmeros aliados que contribuíram
para uma vitória apertada. Não temos monopólio da vitória das urnas, pois
ganhamos num plebiscito contra as forças reacionárias com fôlego para nos assustar.
Então, o que explica essa candidatura que não apresentou nada de relevante
sobre a onda de calor, mas diz ter uma revelação surpresa sobre o atual
mandatário de São Paulo?
A ideia de uma Frente
Ampla para acumular votos é o que se suspeitava desde o começo em que muitos criaram
uma falsa oposição com um Prefeito de um partido aliado ao nosso Governo. Foi
no Governo do MDB que trouxeram a vice de uma campanha que olha para a volta
das comunidades de trabalhadores domésticos como se seria o a utopia do
capitalismo pré-industrial – essas seriam categorias de esquerda ou não? Temos
uma candidatura perigosamente a alimentar o populismo do empreendorismo como se
fosse uma abertura ao diálogo com as periferias.
A morte dos atores políticos
se aprofunda na “Carta de São Paulo” como se fosse um museu de grandes novidades.
Estamos indignados pois o mundo acadêmico ficou em silêncio diante dos números
profundos das raízes da desigualdade do Censo de 2022. Vimos um debate sobre as
cores da sociedade brasileira, mas o que dizer sobre uma população que
envelhece e adoece? Quem vai pagar o plano de saúde do motorista de UBER ou da
dona do salão de beleza?
Após a provável derrota,
ouviremos mais uma vez as ladainhas do imposto sobre grandes fortunas e sobre o
imposto progressivo sobre os imóveis ou até sobre a reforma trabalhista neoliberal
de 2017. Sejamos mais simples em reconhecer que parecia revolução, mas era
apenas neoliberalismo social. O “Fujimorismo” fez sua inserção tardia em alguns
aprendizes de assessoria de campanha.
Solicito que não se autodeclarem
como de Esquerda Unida, pois não contam com meu voto e de um importante
segmento que desde o primeiro turno defendeu a candidatura da situação, pois é
uma Frente Democrática com suas contradições. Hoje o Governador Tarcísio se
afasta do “bolsonarismo” da mesma forma que um dia se afastou da Presidente
Dilma. Estamos acompanhando esses movimentos, pois a política não se faz com coxinhas
de jacas vendidas no Capão Redondo.
E esperemos que haja um
aprendizado político com essa derrota política e eleitoral. Não inventem
candidaturas segmentadas ao Senado no futuro próximo. Comecem por reconhecer
que ainda estou aqui.
[1] Pseudônimo de ex-dirigente sindical da esquerda que não seguirá seu Partido nas eleições do próximo Domingo. Recebemos esse artigo via e-mail e o postamos aqui por reconhecer esse espaço como plural e defensor de um debate necessário que está sendo dirigido no "campo da esquerda" por setores liberais.
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