segunda-feira, 21 de outubro de 2024

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 065 - QUEM TEM MEDO DA FRENTE DEMOCRÁTICA?

Empreendorismo doença senil do esquerdismo

 

Euclides Ulianov da Cunha[1]

 

“Marcados pela própria natureza

O Nordeste do meu Brasil

Oh! solitário sertão

De sofrimento e solidão

A terra e seca

Mal se pode cultivar

Morrem as plantas e foge o ar

A vida e triste nesse lugar(...)”

Marçal escreveu...

 

Faltando poucos dias da realização do segundo turno no maior município do país ocorreu um “apagão” na análise política daqueles que se consideram como representantes do campo da esquerda. Na verdade, a dificuldade de raciocínio sobre a política eleitoral em conexão com a conjuntura já vinha desde a insistência numa candidatura que tinha elevados índices de rejeição.

Tamanha escolha aparenta ser coisa de principiante. Mas, sabemos que em tempos de cláusula de barreira, um “puxador de legenda” em 2026 vale muitos recursos públicos do Fundo Eleitoral de Campanha. Rasguemos as “máscaras” desses liberais das urnas. Silenciam sobre a Frente Democrática necessária com o MDB, PSD, PSDB, CIDADANIA e setores democráticos do PL para fazer uma reinvenção de uma marca televisiva.

Pequenas votações e grandes negócios. Eis a nova marca dos renegados que se consideram monopolizadores da Esquerda. Não se respeita o lugar de fala nesse momento de aventuras eleitorais em nome da conquista de um novo sujeito: o pobre de direita.

Lamentavelmente o que está pobre é a capacidade de análise da conjuntura política que não percebe que os indicadores sociais seriam mais graves que se pensava ao assumirmos o Governo na subida da rampa que deixava para trás inúmeros aliados que contribuíram para uma vitória apertada. Não temos monopólio da vitória das urnas, pois ganhamos num plebiscito contra as forças reacionárias com fôlego para nos assustar. Então, o que explica essa candidatura que não apresentou nada de relevante sobre a onda de calor, mas diz ter uma revelação surpresa sobre o atual mandatário de São Paulo?

A ideia de uma Frente Ampla para acumular votos é o que se suspeitava desde o começo em que muitos criaram uma falsa oposição com um Prefeito de um partido aliado ao nosso Governo. Foi no Governo do MDB que trouxeram a vice de uma campanha que olha para a volta das comunidades de trabalhadores domésticos como se seria o a utopia do capitalismo pré-industrial – essas seriam categorias de esquerda ou não? Temos uma candidatura perigosamente a alimentar o populismo do empreendorismo como se fosse uma abertura ao diálogo com as periferias.

A morte dos atores políticos se aprofunda na “Carta de São Paulo” como se fosse um museu de grandes novidades. Estamos indignados pois o mundo acadêmico ficou em silêncio diante dos números profundos das raízes da desigualdade do Censo de 2022. Vimos um debate sobre as cores da sociedade brasileira, mas o que dizer sobre uma população que envelhece e adoece? Quem vai pagar o plano de saúde do motorista de UBER ou da dona do salão de beleza?

Após a provável derrota, ouviremos mais uma vez as ladainhas do imposto sobre grandes fortunas e sobre o imposto progressivo sobre os imóveis ou até sobre a reforma trabalhista neoliberal de 2017. Sejamos mais simples em reconhecer que parecia revolução, mas era apenas neoliberalismo social. O “Fujimorismo” fez sua inserção tardia em alguns aprendizes de assessoria de campanha.

Solicito que não se autodeclarem como de Esquerda Unida, pois não contam com meu voto e de um importante segmento que desde o primeiro turno defendeu a candidatura da situação, pois é uma Frente Democrática com suas contradições. Hoje o Governador Tarcísio se afasta do “bolsonarismo” da mesma forma que um dia se afastou da Presidente Dilma. Estamos acompanhando esses movimentos, pois a política não se faz com coxinhas de jacas vendidas no Capão Redondo.

E esperemos que haja um aprendizado político com essa derrota política e eleitoral. Não inventem candidaturas segmentadas ao Senado no futuro próximo. Comecem por reconhecer que ainda estou aqui.

 



[1] Pseudônimo de ex-dirigente sindical da esquerda que não seguirá seu Partido nas eleições do próximo Domingo. Recebemos esse artigo via e-mail e o postamos aqui por reconhecer esse espaço como plural e defensor de um debate necessário que está sendo dirigido no "campo da esquerda" por setores liberais.

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