segunda-feira, 25 de abril de 2011

ENTREVISTA - LUIZ EDUARDO SOARES

A entrevista abaixo foi postada originalmente no BLOG SENTIDO OESTE na Edição Especial de 25 de abril de 2011. No BLOG VOTO  POSITIVO os leitores encontram artigos relacionados ao filme Tropa de Elite 2 e há um artigo sobre a votação de Marina Silva (PV) num recorte geopolítico da Zona Oeste carioca. Por isso, reproduzimos a entrevista nesse espaço para que o megafone virtual some mais força pela radicalidade da democracia. 



1.  Você se destacou no meio acadêmico com estudos sobre a violência urbana. Em algumas poucas palavras, como a AP5 (Bangu, Campo Grande e Santa Cruz) pode ser caracterizada no item da violência urbana?

Resposta: Trata-se de uma região especialmente problemática, que tem sofrido bastante, concentrando números elevadíssimos de crimes letais e dinâmicas micro-políticas despóticas. Entre os crimes letais estão os homicídios dolosos e numerosas mortes violentas por armas de fogo provocadas por ação policial, os chamados autos de resistências, muitos dos quais não passam de execuções extra-judiciais. As dinâmicas tirânicas hoje são protagonizadas principalmente por máfias milicianas, compostas sobretudo por policiais. Ou seja, a região concentra os fenômenos mais graves, justamente porque, em função das desigualdades sociais e econômicas e das desigualdades no acesso à Justiça, tem se mostrado mais vulnerável a práticas institucionais anti-democráticas e anti-republicanas, no campo político e na gestão da segurança pública.

2.  Alguns moradores da Zona Oeste reclamam que as UPP´s estariam contribuindo no aumento da violência na localidade, pois haveria a transferência da atuação de criminosos. Essas afirmações são contestadas pela Secretaria de Segurança estadual. Qual seria o motivo do aumento dessa percepção de insegurança na região?

Resposta: Migrações, de fato, ocorrem, na área da criminalidade, e não é impossível que o incremento de investimentos repressivos e preventivos em uma região promova o deslocamento de agentes envolvidos com práticas criminosas para territórios menos atendidos pela presença e a ação das instituições da segurança pública. Por isso mesmo se fala tanto na necessidade de que a UPP deixe de ser um programa de aplicação limitada e se transforme em uma política pública, para que alcance extensão universal e sustentabilidade. Entretanto, tenho reiterado que essa transformação só será viável se houver uma refundação das polícias fluminenses, para que elas deixem de ser parte do problema e se convertam em parte da solução, pagando salários decentes e se organizando de acordo com as exigências de uma instituição moderna, eficiente, democrática, comprometida com a legalidade constitucional e com os direitos humanos (tanto dos cidadãos-policiais quanto dos cidadãos não-policiais).
    Por outro lado, creio que as migrações em curso no interior do universo criminal sejam menos relevantes, do ponto de vista da segurança pública na região, do que o avanço das milícias, expressão da degradação institucional das polícias.
 O entrevistado e o livro Elite da Tropa 2

3.  A relação da criminalidade com a política é um dos temas do filme Tropa de Elite 2. Entretanto, no livro Elite da Tropa 2 há uma interpretação sobre o “mandonismo urbano” que poucos tem mencionado. Como as forças democráticas devem atuar para enfrentar esse “mandonismo urbano”?
Resposta: O pior de nossa tradição autoritária e patrimonialista, que torna as desigualdades --naturais no capitalismo-- ainda mais agudas, porque as estende para o âmbito dos valores, das emoções, da inter-subjetividade, quer dizer, da cultura, manifesta-se nas práticas correntes das instituições da Justiça criminal, no Rio de Janeiro, a começar pelas polícias. Creio que as forças democráticas deveriam dar mais atenção à questão policial, primeiro degrau (e mais evidente para os mais pobres) do que se costuma denominar desigualdade no acesso à Justiça. Essa desigualdade é tão ou mais trágica do que as demais. Ela começa na abordagem policial --que muda de acordo com a classe social, a região da cidade e a cor da pele do abordado—e termina na decisão judicial e no cumprimento das penas, dentro desse triturador material e espiritual que é o sistema penitenciário. As forças democráticas continuam negligenciando essas questões, a despeito de sua importância social. Essas forças costumam ser muito sensíveis e atentas às questões sociais e econômicas, mas, não raro, subestimam a problemática da segurança pública e da Justiça criminal, das polícias e do sistema penitenciário. Subestimam no sentido de que reduzem sua ação à denúncia, eximindo-se de qualquer engajamento com militância propositiva. Por isso é comum ver essas forças conquistaerem o poder e, uma vez no governo, repetirem as velhas práticas.

4.  O cotidiano das escolas públicas na Zona Oeste está repleto de casos de violência. O recente episódio em Realengo é a exposição da falta de funcionários no controle de portões e nos corredores escolares como sempre denunciou o Sindicato dos Profissionais de Educação (SEPE). Há agressões entre alunos e ameaças de morte de alguns aos profissionais de educação. Brigas entre grupos rivais de escolas diferentes. Queixas da presença de alunos armados em sala de aula. Muitos educadores se afastam da prática escolar por causa da chamada “síndrome do pânico” A cultura da paz cedeu seu espaço a intolerância nos bulings. O que a sociedade poderia fazer para mudar esse quadro que se agrava?

Resposta:  Há muitos problemas no universo escolar. Problemas de todo tipo, inclusive violência entre alunos e contra professores e funcionários. No entanto, não creio que o bullying seja um fenômeno novo. Atualmente, temos olhos para ver, porque nos tornamos capazes de identificar e compreender a gravidade do problema. Antes, tendíamos a considerar naturais essas práticas, o que apenas contribuía para sua reprodução. Também acredito que a tragédia de Realengo não deva ser misturada e diluída no conjunto dos demais problemas, porque apresenta características muito particulares. Quanto a Realengo, o meio de impedir sua reprodução é antes lutar pelo desarmamento do que demandar mais repressão policial ou tecnológica, o que só contribui para um clima de medo, o qual tende a ser combustível para mais preconceitos e mais violência. Mas é claro que inspetores, disciplina, organização e um mínimo de controle são necessários. Sublinho que a pergunta contém a pista do que, certamente, será fundamental: a construção de uma cultura da paz, o que não se faz por mera ação governamental e muito menos com programas policiais ou de reforço de controle por meios tecnológicos. Cultura da paz tem de ser construída com as famílias e as comunidades, inundando o universo escolar com os valores do respeito ao outro e às diferenças. Cada unidade escolar tem de descobrir o melhor meio de envolver famílias e a comunidade em projetos culturais criativos que sensibilizem a imaginação e toquem as emoções positivas das criancas e dos adolescentes, oferecendo-lhes também modelos positivos para identificação. As artes e até mesmo as chamadas artes marciais têm papéis importantes nesse contexto.

5.  Nas eleições de 2010, você colaborou na elaboração do Programa de Governo de Marina Silva (PV) para a Presidência da República. Ela teve segundo lugar nas Zonas Eleitorais da Zona Oeste carioca que muitos analistas atribuem ao eleitorado evangélico, porém o trabalhismo do pré-64 sempre foi predominante nessa região. Há como estabelecer uma interpretação sobre esse fenômeno na localidade onde eleitores votam em lideranças locais clientelistas (voto doméstico) e numa candidata de “terceira via” para a Presidência Nacional?

Resposta: Não saberia responder, porque a pergunta é interessantíssima e bastante complexa e eu não disponho de dados oriundos de pesquisas. Portanto, só posso especular. Tomando a liberdade de fazê-lo, creio que os cidadãos respondem, pelo voto, a diferentes indagações ou provocações, demandas ou desafios. Assim como nós sabemos que nosso condomínio, nossa comunidade, rua ou bairro precisam de ações distintas daquelas necessárias a um país, também estamos dispostos a aceitar distintos arranjos para solucionar questões tão diferentes quanto a política local e os destinos do país. Além do mais, eleições majoritárias seguem lógicas bastante específicas de escolha. Na eleição majoritária nacional, dimensões simbólicas e afetivas, aspectos valorativos e identificatórios jogam papéis especialmente importantes e singulares. Junte-se a isso o fato de que uma escolha faz-se em dois turnos e tanto por exclusão quanto por adesão. Tudo somado, chegamos ao ponto talvez chave: cada candidato passa mais do que mensagens políticas ou éticas, passa também outro tipo de conteúdo, no qual se transmite aquilo que cada ser humano debaixo da máscara de candidato realmente é. Quem consegue passar com mais autenticidade sua verdade –desde que essa verdade seja admirável e se aproxime, positvamente, dos sentimentos mais fundos da população—conquista o voto, mesmo contra limitações de tempo na TV ou de recursos para a campanha. Marina, além de qualquer outra consideração, passou o que ela é: um dos seres humanos mais admiráveis e respeitáveis de nosso país, cuja biografia conta uma das melhores histórias sobre o Brasil recente. Quando a política se despedaça na desconfiança generalizada, no descrédito, no ceticismo feroz, não há como subestimar a força serena e lúcida de Marina, uma mulher da selva que sobreviveu à exploração e emergiu para o mundo público mantendo-se sintonizada com seu passado, mas livre de ressentimentos. Sem prejuízo da qualidade de suas propostas e de sua interpretação equilibrada, crítica e realista, construtiva e inteligível de nosso futuro enquanto nação, em um planeta em risco.
 Antonio Gramsci (1891-1937) 

6.  A Zona Oeste carioca é sempre citada como região onde se define as eleições municipais. Por que as forças democráticas apresentariam dificuldades de se organizarem na região? A Zona Oeste teria um peso semelhante a “Questão Meridional” em Gramsci?

Resposta: Interessantíssima a questão. Vou estudá-la com você. Espero que você a responda para que eu e seus leitores comecemos a refletir melhor sobre esse enigma.

7.       7. Recentemente, você atuou no Secretariado Municipal de Nova Iguaçu na gestão de Lindberg Farias (PT). Um intelectual que atuou com sucesso na Baixada Fluminense. Essa experiência lhe credenciaria a alguma postulação eleitoral?

Resposta: Não postulo nenhuma participação na política eleitoral como candidato. Mas não pretendo continuar participando da política como eleitor e militante. A Zona Oeste precisa de novas lideranças com sua qualidade, sua história, sua visão generosa, includente, sua dedicação, sua integridade. Esses atributos o credendiam a uma postulação eleitoral. Estou à sua disposição para distribuir os santinhos. 

terça-feira, 8 de março de 2011

A Reforma Política no Mundo do Faz de Conta

PARTE UM
Muito estranho que haja um desejo unânime pela reforma política, porém que jamais haja algo realizado concretamente. A reforma política é apresentada nos discursos de parlamentares como “a mãe de todas as reformas”. Não se esclarece de qual seria o filho parido por essa mãe de uma sociedade afastada do debate político nos intervalos de cada eleição. Esse afastamento é herança de uma história onde a cidadania foi regulada ou onde a troca política do assistencialismo é tolerada pelo eleitor das camadas populares.

Estão sedimentando um Mundo do Faz de Conta com a democracia brasileira, pois debatem propostas sem vínculos com a história de nossa sociedade. Observamos um “silencioso” movimento de controle da democracia de massas quando exploram casos particulares nas eleições proporcionais para defesa de um voto majoritário que desequilibra a diversidade política nacional. Questionamos os motivos de uma proposta de “lista fechada” que estaria a serviço de uma “oligarquização partidária”. Portanto, o consenso é um sonho distante em tempos de uma sociedade que se transformou em 23 após a Carta Democrática de 1988.

Na verdade, vivenciamos um momento de realinhamento político das classes sociais diante de um projeto de consolidação do capitalismo brasileiro num cenário mundial. Esse transformismo impõe mudanças no quadro partidário nacional que poderia implodir a “falsa” polarização das vertentes de nossa social-democracia (PSDB X PT) num cenário de emergência de um terceiro pólo político. Contudo, as mudanças graduais seguem sua marcha de acordo com a nossa história política e a reforma política não pode ficar prisioneira de um mundo de faz de conta.

A Reforma Política deve ser instrumento que contribua para fortalecer os canais de uma sociedade que compreenda a representatividade como um instrumento saudável para o debate dos dilemas da economia e da sociedade. Por isso, não defendemos uma reforma como “passe de mágica” apesar de doutrinariamente termos posições que estão além dos pontos que citaremos no próximo artigo. Consideramos importante encontrar algumas propostas que devem circular o debate entre especialistas e parcela da opinião pública. Assim, a dinâmica da velocidade política da reforma deve ser ditada pelo grau de adesão da sociedade ao debate. Se há uma desconfiança da população sobre o tema, devemos mobilizá-la aos poucos com mudanças graduais. Por exemplo, deveríamos partir de uma mudança em que muitos eleitores já sinalizaram seu repúdio que trata-se do “Senador sem Voto”.

Hoje muitos Senadores se afastam de seu mandato para ocupar cargos no Executivo Federal ou Estadual e até Municipal. Os suplentes assumem por anos seguidos um mandato que não foi conquistado no voto o que cria distorção para uma Casa Legislativa importante para a República porque decisões são votadas por políticos que não receberam qualquer voto. Por isso, sugerimos que o Senador seria eleito por 8 anos com apenas um Suplente. Se o titular ficar afastado por mais de dois anos corridos ou alternados (seja qual for o motivo) a sua vaga será declarada aberta para uma eleição suplementar com “mandato tampão” do novo titular. Cassação, renúncia e falecimento implicam na realização da eleição suplementar em até 120 dias.
(Continuamos numa outra Edição)



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Democratas da Esquerda e Máquina Política no Rio de Janeiro


Leonel Brizola criou um mito da vocação oposicionista do Rio de Janeiro com a frase: “O Rio de Janeiro é o tambor do Brasil”. A leitura de Os Bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não foi de José Murilo de Carvalho é uma interpretação sobre a formação da cultura política carioca que contesta esse mito. O Rio de Janeiro foi esvaziado em sua rebeldia política já nos primeiros anos da República aonde a cidadania foi partida entre cidadãos ativos e inativos.
O Rio de Janeiro da ordem foi cooptando as lideranças políticas locais do mundo da desordem Na falta de uma cultura política classista que deixasse claro a transição da ordem social escravista para a ordem social capitalista, a cultura política carioca desenvolve uma política de trocas de favores entre moradores que convivem no espaço democrático nas praias, no futebol, no samba e, recentemente, nos bailes funk. Porém, essa convivência democrática não aprofundou a organicidade da sociedade carioca.
A convivência do legal e do ilegal custou um alto preço na política carioca, pois inibiu a radicalização democrática no convívio da cidade. Os anos de autoritarismo militar agravaram essa distância entre as massas eleitorais e os grupos políticos democráticos da esquerda. Estado ganhou um grande peso no imaginário do carioca, pois ele é o promotor da assistência social diante da ausência das conquistas por meio de lutas de classe. A despolitização das demandas sociais foi o primeiro passo para a organização de uma ampla rede de Centros Sociais que sustentam políticos sem convicções democráticas claras.
A privatização do Estado aprofundou um processo de “feudalização” política dos territórios da cidade do Rio de Janeiro em benefício de chefias políticas de bairros/sub-bairros. A emergência de novas camadas médias contribui na formação de uma máquina política evangélica que é uma nota a parte desse processo de “maquinização eleitoral” de viés americanizado. Tamanho processo de regulação da cidadania carioca ocorreu sob a hibernização das forças políticas democráticas da esquerda.
O pragmatismo da política “americanizada” contaminou as lideranças da esquerda carioca que emergiu nos anos 80 sob a base sindical dos serviços públicos. Hoje, PT, PSB e PCdoB fazem parte de uma esquerda de “máquina sindical” que se incorporou aos cargos públicos do Governo Estadual e Municipal o que lhe garante parcela significativa do eleitorado sem o compromisso de promover a organização das massas. O PDT transformou-se numa frente política abrigando lideranças fisiológicas/clientelistas, sobras da “máquina sindical” e as sombras do velho trabalhismo carioca. Os ventos dogmáticos do jacobinismo europeu (com forte matriz da ética na política) da antiga classe média carioca alimentam a velha esquerda valorativa mas distante da organização das massas (PSOL, PSTU e PCB).
Afinal, onde estão as forças democráticas da esquerda no Rio de Janeiro? Essa é uma fração da cultura política democrática que se encontra congelada politicamente incapaz de levantar a bandeira do reformismo democrático contra o reformismo conservador. Há um segmento político do eleitorado carioca que está órfão da falta de uma formulação política que deveria ocorrer no PSDB, no PV, no PPS e até no heterogêneo PMDB. Há um segmento de cidadãos que precisam ser organizados na política carioca.
As forças democráticas da esquerda carioca devem estar atentas ao processo de ampliação da cidadania que surgem com as UPP´s. Um novo espaço político pode ser conquistado em territórios que estão distantes do mundo sindical e do mundo partidário. A republicanização da política carioca deve ter forças políticas que pressionem de baixo para cima os agentes públicos do Governo Estadual e Municipal. Por exemplo, as comunidades “libertas” do crime organizado não tem cinemas, teatros, bibliotecas, livrarias, acesso gratuito a INTERNET etc pois a cidadania está a ser construída. A cultura pode ser a ponte política das forças democráticas da esquerda com esse segmento da cidade numa reinvenção da experiência juvenil dos CPC dos anos 60. Esse é o tempo de que o ator político se faça vivo para enfrentar a vitalidade da cooptação da máquina política.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

CRÔNICAS FLUMINENSES


O Duelo
Por J.J. Prado Junior
A Eleição da Presidência na ALERJ, caso mantenha as duas candidaturas do PMDB, é uma crônica política com pouco espaço na interpretação dos colunistas políticos. Muitos avaliam que o Governador é decisivo no apoio ao Deputado Estadual Paulo Melo (que vem da liderança do Governo). A história política da ALERJ não deu vitória, até a presente data, para candidaturas oposicionistas e/ou alternativas, o que reforça o favoritismo de Paulo Melo. Entretanto, diante dessa tendência continuísta, o que motiva a candidatura do Deputado Estadual Domingos Brazão?
Recente entrevista do Deputado “alternativo” ao BLOG SENTIDO OESTE não esclarece muita coisa sobre sua fonte política de mobilização para a campanha. Há um compromisso comum ao seu adversário pela independência do Legislativo Estadual em relação ao Governo Estadual. Uma independência normativa se levarmos em consideração o mesmo discurso político do verdadeiro detentor da máquina partidária do PMDB no Rio de Janeiro (Jorge Picciani). Domingos Brazão destaca-se na Entrevista de SENTIDO OESTE pela justificativa da Assistência Social feita por políticos o que lhe conferiria limites na intervenção republicana em favor da mobilização da sociedade por mais verbas públicas na área social.
Não há uma postura em favor de uma atualização da prática política fluminense na entrevista de Domingos Brazão. Uma oportunidade que se desperdiça se desejava uma independência na ALERJ e seu maior contato com a sociedade estaria no silêncio em relação ao Orçamento Participativo no Governo Estadual. Não há um programa de reformismo pela ampliação da democracia diante da raiz da assistência social em sua leitura de ação política. Por isso, assume um espaço de político pragmático e “porta-voz” de outros políticos que estariam à margem da dinâmica da distribuição de cargos de confiança.
Contudo, a “caneta” das nomeações está nas mãos do “padrinho político” de Paulo Melo. Os partidos do campo social-democrata que fazem parte do governo foram contemplados com Secretarias Estaduais que influenciarão nas eleições municipais. Logo, PDT e PT não indicariam interesse em se somar ao “porta-voz” dos ressentidos uma vez que as lideranças políticas desses partidos desejem ocupar a Primeira Secretaria da ALERJ que é gestora de grandes recursos financeiros. O PDT e PT espalham nas suas bases sindicais (formadora de quadros que farão parte na assessoria de seus parlamentares) que a candidatura dissidente é uma luta interna para se “cacifar politicamente”.
Lamentavelmente, a oposição não está atuando de forma unificada. O PR (liderado pelo Deputado Federal eleito Garotinho) declarou apoio ao Domingos Brazão que indicaria uma possível “troca política” nas eleições municipais na região da Grande Jacarepaguá. O DEM e o PSDB não se definiram em relação a tendência de ocupar o espaço da “Centro-Direita”. PPS, PV e PSOL poderiam formular um BLOCO PARLAMENTAR de 7 Deputados em torno de importantes pontos comuns (defesa das reivindicações dos profissionais da educação e da saúde, acompanhamento das obras da Copa e das Olimpíadas fiscalizando os recursos públicos e a sustentabilidade ambiental, criação de uma Comissão Especial para acompanhar os efeitos das mudanças climáticas no Estado do Rio de Janeiro e valorização do profissional de segurança pública com combate as “máfias” milicianas). Entretanto, ainda há muito tempo até o dia do Duelo. Acompanhemos...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Marcha de 30 dias


Até a posse da nova legislatura na Câmara dos Deputados há um longo mês de janeiro pela frente. A festa da posse é garantia de noticiário positivo para o novo Governo, mas, logo em seguida, começam os dilemas de Dilma. Algo indica que eles estejam resolvidos diante do silêncio “cavernoso” que ela adotou nesse período da Transição desde o discurso da vitória. Um respeito a despedida do “lulismo” que se afastará de suas decisões que tendem a desagradar segmentos da população ao contrário do que foram esses 16 anos de “marasmo da política”.
A primeira reunião da Diretoria do Banco Central em janeiro terá a pauta do aumento ou não dos Juros diante dos efeitos da chamada “guerra cambial”. Não há sinais claros de uma política de fortalecimento da Indústria Brasileira, porém verificaremos isso ao longo de 2011. Há um problema não resolvido no mundo sindical diante da suspensão da Greve dos Areoviários para o dia 10 de janeiro, o que medirá o grau de articulação das lideranças sindicais que integram a “máquina governista”. As escolhas do segundo escalão estão adiadas para após as eleições da Presidência da Câmara dos Deputados pois a nova mandatária nacional não pode começar um Governo sem maior peso nas articulações políticas do Congresso Nacional.
Antonio Palocci ganharia força nessa articulação do Congresso Nacional diante de um Ministério sem luz própria com escolhas de quadros políticos já com máculas no uso indevido do dinheiro público. A indicação de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde é um lance político importante uma vez que tramita no Congresso Nacional a Emenda Constitucional 29 (maiores recursos para a Saúde) e há sempre a hipótese de uma volta da CPMF.
No meio dessa marcha aparece uma pequena pedra, ou melhor, um “Bloquinho” parlamentar (PSB/PDT/PCdoB/PRB) contemplados com apenas 3 ministérios apesar de reunirem mais deputados que o PT e o PMDB. A possibilidade da candidatura alternativa em torno de Aldo Rabelo (PCdoB-SP) é uma situação que nem a oposição do PSDB e DEM (sempre acusadas de raivosa pelo atual Presidente) apóiam, mas poderá ganhar força nessa marcha de 30 dias em janeiro. Lembremos que os partidos que compõem esse bloco parlamentar controlam segmentos do mundo sindical enquanto o PRB é uma legenda que representa uma parcela da nova classe média de pequenos negócios e vinculada ao petencostalismo. As contradições no interior da base governista indicariam uma polarização entre a aliança camadas dominantes e grupos sindicais burocratizados X novas camadas médias e grupos sindicais periféricos o que aprofundará as contradições na política econômica no futuro governo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Carta aberta sobre “O Poder de Transformação da Leitura”


Dedico a memória de Luiz Ignácio Maranhão Filho

Há tempos um artigo não era muito lido e comentado no BLOG SENTIDO OESTE. “O Poder de Transformação da Leitura” atingiu esse grau de envolvimento com antigos e novos leitores daquele BLOG. Aplaudindo ou questionando, o importante que o ato de ler esse artigo exerce elementos transformadores que alguns críticos apressados não se permitem em analisar. Talvez seja resultado do “adestramento” do viés europeu que percorrem as correntes liberais de nossa esquerda.
Não há motivo de explicar a qualidade do texto, pois sua divulgação pelo twitter feita por Luiz Eduardo Soares é um exemplo que há leitores nas Ciências Sociais que abraçam o sentido político do texto. Esse é um detalhe que podemos observar no título ao usar a palavra “transformação” ao contrário da palavra “revolução”. Há uma inocente proposta reformista que pode empurrar a sociedade brasileira para além dos paradigmas envelhecidos do academicismo. Ventos de um Gramsci juvenil que estava na infância da interpretação da política de sua Itália onde vivia uma Questão Meridional.
No artigo da jovem Carolina Pimentel, um clamor pela Zona Oeste carioca é um dado a ser sublinhado com a chamada em cena do educador Paulo Freire (foto que ilustra esse artigo) - um “intelectual nacional popular” muito conhecido no país e internacionalmente que sensibiliza uma geração do campo democrata da esquerda na região. As raízes católicas de Paulo Freire podem explicar sua fácil inserção na construção do argumento da autora, o que surpreende na “orfandade” da “esquerda de matriz cristã” na região. Há um convite a análise da conjuntura política na passagem “(...)Paulo Freire, educador do século XX diz que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” , é essa a ideia.
Uma idéia que críticos e simpáticos ao artigo não perceberam sua força mas sabemos que é uma transformação criar uma juventude que tenha costume na leitura de opiniões. Maior é atingir o desafio de criar autores na faixa da juventude numa cultura política rarefeita de organicidade. A reinvenção de uma cultura democrática da esquerda é heterodoxa se assumirmos a citação de Vargas Llosa feita no artigo, pois os “esquerdistas de plantão” veriam nessa passagem uma capitulação a ideologia dominante neoliberal do autor de Lituma nos Andes. Entretanto, o jovem Llosa formou-se numa cultura política avessa ao militarismo e a falta de democracia, o que tem seu paralelo, nas devidas proporções, com as ameaças de um despotismo da maioria sob controle político das classes dominantes da Zona Oeste carioca. Enfim, o artigo é uma aposta de novos sentidos para a organização da juventude nessa localidade.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

“A Revolução de 30” no PT


A crise da República Velha (1889-1930) teve uma oposição que nasceu pela atuação de grupos políticos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Eles se somaram a uma dissidência “liberal” paulista e aos dissidentes nordestinos. Tamanha coincidência ocorreu essa semana na “seara do petismo”. Essa pode fazer parte de uma “peça” na luta pela Presidência da Câmara dos Deputados após o “terremoto de desgaste” do reajuste de mais de 62% nos salários. Fala-se em revanchismo do “Bloco” e numa candidatura avulsa do chamado Bloco da Esquerda (PSB-PDT-PCdoB-PRB) com a volta de Aldo Rabelo (PCdoB-SP) apoiado pela “Bancada Ruralista”. Não se espantem diante dessa última informação que reatualiza as críticas de Caio Prado Junior a uma vertente de nossa esquerda.
A futura bancada de Deputados Federais do Partido dos Trabalhadores esteve reunida no dia 14 de dezembro para deliberar quem seria o indicado do partido às eleições da Presidência da Câmara dos Deputados. A surpresa foi a escolha de Marco Maia que é Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul. Sua surpreendente vitória foi “desenhada” quando o postulante Arlindo Chinaglia (PT-SP) renunciou a disputa e declarou apoio ao petista gaucho que contava com apoio de deputados mineiros e nordestinos.
A imprensa invocou uma luta contra o “paulistério” na indicação ministerial. Segundo alguns analistas há uma lógica de luta política interna. Sustentam essa explicação na federação de grupos políticos que estão no interior do PT, porém não podemos esquecer o peso do pensamento político gaucho na história republicana. Na República, a Câmara dos Deputados foi presidida por apenas três Deputados Federais (Flores da Cunha nos anos 50; Nelson Marchesan na Ditadura Militar e Ibsen Pinheiro no início dos anos 90). Se forem aprofundar as pesquisas, verificarão que foram políticos que estiveram em momentos críticos da nossa história republicana.
Se nascer como uma questão interna, nada fará que a política se mova pela lógica do petismo na indicação do gaucho Marco Maia para a disputa a Câmara de Deputados. Há uma tendência de uma presença maior de uma interpretação do mundo do direito nessa indicação pela atuação do Deputado na Comissão de Direitos Humanos e o apoio recebido do ex-ministro da Justiça Tarso Genro (RS) e do indicado Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso (SP).
Tarso Genro e José Eduardo fazem parte da corrente Mensagem ao PT, mas representariam uma leitura “bobbiana” do pensamento de Gramsci no campo da social-democracia ainda presente no petismo. Entretanto, são filhos do direito com a herança do positivismo brasileiro, ou seja, o petismo seria uma fase na harmonização da sociedade brasileira. Enfim, há muito de superestrutura política nessa indicação como se fosse a busca por uma “dualidade de poderes” se desenhando no futuro núcleo do futuro governo medindo forças o grupo pragmático de Palocci e o grupo de princípios de José Eduardo Cardoso/Tarso Genro e outros. Temos certeza de que é o começo de algumas turbulências na política do Governo pós-Lula ou prenúncio de uma Revolução feita por cima na estrutura do partido.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CARTAS DE UM NOVO ABOLICIONISMO


Temas sobre o Conformismo
Por Joaquim Ocuban
Uma rápida leitura nas anotações de Antonio Gramsci sobre o “conformismo” nos Cadernos do Cárcere permite atuar nesse mundo de despolitização. O estudo da filosofia da práxis era o método de intervenção política do dirigente comunista italiano em tempos de fascismo. Em primeiro lugar, ele ressalta que fazemos parte de um senso comum apropriado a sermos conformados com pensamentos de longa data. Sua crítica estaria na sedimentação passiva desses elementos opinativos do passado. A formação de um sentimento de conformismo social poderia ser um registro da sociedade de massas. Estamos percebendo que há aqui um bom tema de filosofia política para interpretar gerações formadas coletivamente por um processo educativo em déficit com o elemento crítico.
A intervenção humana é importante nesse sentido para que teses conformistas sejam questionadas em seu conteúdo conservador ou mitificador. Os mitos são fáceis de se proliferar diante do medo do Leviatã que a sociedade sofre nos grandes centros urbanos. A legalidade e a institucionalidade estão em segundo plano diante de uma formação conformista que está na base da luta cotidiana pela sobrevivência do ser humano.
Entretanto, essa postura fortalece a dinâmica de grupos a serviço de uma acumulação selvagem de riqueza que rotiniza ações violentas e o afastamento dos mais pobres da participação política. A herança maldita do conformismo pode se expressar no individualismo e/ou na falta de ações coletivas. Para além disso, muitos expressam um discurso anti-democrático sem se dar conta. Vejamos o exemplo do questionamento dos direitos humanos para os “apenados” entre os mais pobres que são manipulados pelos meios de comunicação de massas. Não percebem que os direitos humanos é uma luta para toda a sociedade e que implica na libertação de outras prisões. A prisão do assistencilismo, a prisão do voto como sistema de troca de favores, a prisão do medo de grupos para-militares que atuam como novas GESTAPO privatizadas como observamos em Tropa de Elite 2. Um filme que representa uma aula sobre o “mercado do voto” para milhões de jovens que pediam um Capitão Nascimento do Apocalipse do tráfico. Um professor ganha importância no enredo dessa trama contra o conformismo.
Diante dos fatos recentes na política carioca, nada justifica viver um mundo das trevas em pleno século XXI. Isso implica em convidar os leitores a serem reflexivos em suas ações. E, mais importante, não deixar de agir por mudanças mesmo que moleculares. Um pouco mais de democracia é saudável na sociedade brasileira. Um pouco mais de cultura política pela ampliação da democracia. Nesse momento, verificamos que a educação tem um papel importante na competição com as forças do conformismo. Os professores são pequenos intelectuais a serem disputados pelas forças democráticas, porém uma categoria que está na prisão do economicismo salarial também pode conviver com seus fantasmas conformistas. Por isso, um movimento juvenil é necessário que suplante esses limites para enfrentar uma visão gerencial e economicista da educação brasileira. Educação como formação de trabalhadores e jovens críticos é nossa proposta diante de todas essas propostas educacionais de massificação do ensino conformista.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A "mosca azul" carioca

Do esgoto sem tratamento do Complexo Alemão há a hipótese de uma rota de fuga de centenas de traficantes do Comando Vermelho. Algo, que se confirmado, demonstra os elementos surreais do cotidiano carioca. Nem o Capitão Nascimento poderia imaginar tamanho infortúnio numa operação policial. Entretanto, os lances do acaso na política que são variados e nem sempre eles são bem sucedidos, pois uma “mosca azul” do citado esgoto deve ter pousado na mesa do Governador do Rio de Janeiro. Os ventos da “fantástica” derrota do crime organizado (com grande silêncio da mídia sobre “jogo do bicho”, “lavagem de dinheiro”, “prostituição infantil”, “grupos paramilitares, etc.) sinalizariam para um projeto político muito maior para o reeleito governante do Rio de Janeiro. Diante das incertezas sucessórias de 2014 quanto os passos políticos do atual Presidente em fim de mandato, nada impediria a função de “Coringa” na vaga da Vice-presidência como ponte para outros vôos políticos. Do Jaburu ao Planalto há uma longa caminhada. Do Palácio da Guanabara até o Palácio Jaburu há um caminho que se constrói desde sempre apostando nos índices da “fortuna” ao seu favor.

Assim, o encontro de Sérgio Cabral Filho com a Presidente Eleita Dilma foi muito mais do que um diálogo sobre pontos operacionais da Operação Militar na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Seu apoio político atinge índices superiores a 85%, o que se assemelha a aprovação dos Republicanos norte-americanos na intervenção militar no Afeganistão e no Iraque. Diante dos bombardeios da mídia, a economia norte-americana caminhava para uma crise. Hoje a “mosca azul” do Governador não lhe fez impedir a derrota na votação da Partilha dos Royalties. As manchetes da imprensa em silêncio sobre esse revés do Pré-Sal. Afinal, o governador negociava seu futuro político com a inoportuna indicação de Sergio Cortes ao Ministério da Saúde. A saúde mereceria um nome com exemplos de conquistas na rede pública de saúde, porém a lotação dos hospitais estaduais não representam uma luta contra o “crime organizado” da máfia da saúde.

Tudo caminhava para uma indicação a ser confirmada, pois a oposição fluminense ao Governador do Rio de Janeiro passa por um discurso evasivo e contraditório diante de uma disputa na ALERJ que se dará entre os quadros do PMDB estadual. Enfim, a “mosca azul” já teria condições de bater suas asas e começar seus possíveis vôos na provável captação de recursos políticos e financeiros para lançar Sergio Cabral Filho ao cenário político nacional. Contudo, a raposa da política não se deixa levar pela sorte e impõe que todo movimento político no PMDB deve seguir um rito como nos velhos tempos do PSD do pré-1964. Uma reunião da bancada de Deputados Federais do partido de Michel Temer definiu que a “cota” da Saúde, caso seja confirmada, seria a cota pessoal da Presidente Eleita. Recuos e delimitações. O governador recebeu o recado de não deixar seus desejos eleitorais irem além sem “beijar a mão” das raposas. Uma lição de política para aqueles que julgam incapazes de fazer oposição ao “neochaguismo”.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Raposa e os Ministérios

Novidade em relação ao próximo governo é a atuação do futuro Vice-presidente Michel Temer nas articulações políticas pela composição do novo Ministério. A cada citação do Deputado Federal Michel Temer (PMDB-SP) na imprensa, muitos começam a sentir saudades do atual Vice-presidente (José Alencar) e do Senador Marco Maciel (DEM-PE) quando Vice-Presidente no antigo PFL na gestão de FHC. Entretanto, o atual Presidente nacional do PMDB representa o momento de maior aproximação desse Partido no Executivo nacional desde 1990. Nos últimos 20 anos, sucessivas derrotas e divisões marcaram a história eleitoral desse partido. A vitória da coligação governista trouxe a novidade do PMDB como aliado vitorioso e decisivo na vitória de Dilma em muitos estados da federação. Aos poucos, o Vice-Presidente eleito lembra aos analistas que carisma é importante mas que se vota em partidos políticos, ou seja, a coligação governista teria se beneficiado de palanques regionais "costurados" pelo PMDB. Muitos comparam essa pressão a atitude de Ulisses Guimarães em relação a José Sarney na Constituinte. Sarney reagiu estimulando a criação do "Centrão" para equilibrar o jogo mudancista. Hoje, o BLOCO PMDB-PP-PR-PTB-PSC é uma demonstração que viveremos os quatro anos mais propícios aos experts da política. Não se pode imaginar que o "lulismo" se mantenha sem uma reação pelo movimento social o que implica em futuros e saudáveis debates políticos. As contradições do no campo governista devem ser acompanhadas de perto diante da necessidade de temas polêmicos: 1) Reforma Política - não vai adiante com esse "blocão"; 2) Reforma Tributária - só com adesão da sociedade e 3) Reforma social - não haveria muito mais que aprimorar os programas sociais já existentes. As "raposas da política" desejam as uvas dos investimentos públicos voltados para a Copa de 2014 e Olimpíadas 2016. Muito dinheiro público em circulação. Muita influência política em jogo enquanto a sociedade "patina" na luta pela transparência democrática dos gastos públicos. O chamado "Blocão" coloca na "sinuca política" os pleitos do aliado mais à esquerda do governismo que é o PSB. Observamos um silêncio nas citações de Ciro Gomes na imprensa e o governador reeleito de Pernambuco deverá demonstrar capacidade de reação política. Enquanto isso, a cooptação do Deputado Michel Temer age no campo político da oposição com diálogos com o Presidente Regional do DEM-SP que pode resultar numa mudança partidária do mesmo e seu "grupo político" numa possível "janela na fidelidade partidária. Todavia, uma reação da sociedade pode vir na defesa da Reforma Política através de um movimento semelhante a luta pela Lei do Ficha Limpa. Por isso, é necessário a existência de uma oposição avançada na defesa da radicalidade democrática.

domingo, 7 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2 - Comentário Final

VOTO POSITIVO publica a conclusão do artigo sobre o filme Tropa de Elite 2 de autoria de Pablo Spinelli. O leitor que não leu a primeira parte pode faze-lo acessando em seguida as duas postagens após essa.


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Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?”
(Conclusão)
Por Pablo Spinelli

O filme tem algumas lacunas. A principal é que não diz com clareza que não é apenas a comunidade que inicialmente aplaude a entrada da milícia que “a livra” do tráfico. Há uma parcela significativa da população que torce pela milícia, a mesma que foi “esculachada” por Nascimento – a classe média. Esse anti-herói que não deveria ser amado mas,  pela força do carisma do seu intérprete e da construção (bem mais madura que no primeiro TE) do personagem. Embrutecido pela corporação que o formou, forjado pela política do bandido e mocinho que predominou na Segurança Pública, Nascimento, nesse seu papo de botequim, nos revela uma visão multifacetada e com ela formamos a nossa. A sociedade é ambígua. O mocinho pode ser vilão, o vilão virar mocinho. Exemplo disso são as palmas que Nascimento recebe da população num restaurante de classe média alta – é o único momento em que há a crítica à postura de setores da classe média carioca que apóiam a repressão, a menoridade para infratores, a pena de morte, após ter supostamente comandado a execução de bandidos em Bangu I.
Não é por acaso que Nascimento é o nome desse personagem. Devemos pensar em que tipo de segurança e ordem pública queremos que nasça em nossa sociedade. Além disso, o sobrevôo de Brasília feita por uma câmera que nos aponta o cerne do problema – a desvirtuação da POLÍTICA, das ações republicanas -, tem como objetivo dizer que o problema é o SISTEMA, como nos antigos filmes políticos de Hollywood nos anos 1970. O sistema aqui pode ser o clientelismo político – o que abre para um TE 3 questionar as ações de Centro Sociais em regiões carentes de atendimento do Estado como a Zona Oeste e Baixada Fluminense – onde a corrupção é dos dois lados. Pode ser também o sistema da mídia que apela para apresentadores “fanfarrões” que colocam na cabeça do espectador as forças do “bem” contra as forças do “mal” (o candidato que apostou nessa dicotomia recentemente se deu muito mal).
Acreditamos que a população fluminense sofreu e absorveu criticamente o impacto do filme e mostrou isso nessas eleições do Rio de Janeiro. Nesta houve a presença do Prefeito há época de muitos daqueles acontecimentos do filme que classificaria a milícia como um “mal menor”. Foi desbancado por um candidato vindo da Baixada Fluminense que se coligou com o governo das UPPs.
Vale ressaltar que o filme coloca de maneira subliminar o futuro das UPPs. Caso esse “sistema” permaneça apodrecido e vulnerável, pelo seu hermetismo, aos ataques de interesses e ações nada republicanas, a UPP de hoje – idéia original com eventuais modificações de um dos autores do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao primeiro filme, o sociólogo e, não por acaso, ex-secretário de segurança, Luis Eduardo Soares que foi demitido através da mídia pelo então governador Anthony Garotinho - pode virar a milícia de amanhã. Devemos salvar essas jovens maçãs.

VOTO NOS ESTADOS UNIDOS



A Previsível Derrota de Obama
Ricardo José de Azevedo Marinho*

A resposta eleitoral das pessoas, brancas e negras, hispânicas e asiáticas, entre tantas de tantos outros lugares, etnias e raças, por causa da pífia gestão de Barack Hussein Obama como 44º Presidente dos Estados Unidos da América é aprova mais eloqüente da fraqueza de sua política. A história da gestão Obama era para ter sido mais uma história revolucionária que começaria no momento em que ele convocou para inspirar o seu governo à revolução dos Fundadores e com eles passar pelas outras revoluções da trajetória norte-americana como a Reconstrução e o New Deal no intuito de abolir as injustiças hodiernas com a força do constitucionalismo popular que a história da sua democracia fez possibilidade.Mas, ao contrário, caminhou em dois senderos tradicionais e que sempre se cruzam: o do status quo e o dos costumes morais e civis (o common law). Ou seja: a esperança que ele havia angariado para as políticas democráticas teve e têm inimigos encarniçados dentro do seu governo e, ao que tudo indica, ele mesmo feneceu diante dessas forças. E todos aqueles que interpretarem a derrota de Obama como um sinal da força da cultura política liberal compreenderam bem as lições de Tocqueville sobre a América do Norte e a sua democracia.
A derrota de Obama é um sinal desta questão, mas não a sua conclusão ou o seu fim. Desde 2008 aquela sociedade bem como outras do mesmo naipe estão dilaceradas pela questão liberal (que, certamente, não é nova). Una o status quo e o common law e as suas mais diversas interpretações. E por trás destas diversas interpretações se oculta à aspiração política e ideológica liberal. Obama obteve uma ampla derrota e ela foi quase unânime. É o primeiro presidente da história dos EUA a obter uma derrota legislativa e estadual de proporções gigantescas e, o que é pior, previsível.
Obama representa agora uma viagem ao mesmo lugar onde o otimismo da vontade se encontra esmaecido. Hoje o pessimismo e a condição de mal-estar que engendraram a vitória do Partido Republicano se tornam preocupante porque ele e o Tea Party foram capazes de carrear para si esse espírito liberal-conservador que se amplia rapidamente. Daí Obama ser o sinal da impotência diante da crise de 2008 e seus desdobramentos até aqui. E mais: os democratas que conquistaram a Virgínia, onde começou a Guerra Civil, além de ser o estado de Thomas Jefferson, o pai espiritual da razão iluminista, o fizeram em oposição a Obama. E Obama que vem de Illinois, o estado de Abraham Lincoln, viu uma das preciosas cadeiras do Senado transitar dos Democratas para os Republicanos.
O sonho norte-americano da recuperação do estrago de 2008 e o tãodesejado soerguimento não se materializaram com Obama. O ethos da cultura liberal está todo ai. Os vendedores de ilusão estão de volta. E para o infortúnio de todos tornaram Obama num igual.

Brasil, 7 de novembro de 2010

* Ricardo José de Azevedo Marinho é professor da UNIGRANRIO.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Segundo Turno: A Zona Oeste Carioca e o Fator Marina Silva


Alguns mitos foram mobilizados pelas “máquinas eleitorais” na recente campanha eleitoral a Presidência da República para que se credenciassem para as eleições de 2012. Esses mitos caem por terra se analisarmos as tabelas dos votos num setor do Eleitorado da Zona Oeste do Rio de Janeiro. São esses os mitos mais comuns que ouvimos:
1- A candidatura de Marina Silva retirou mais votos da candidatura governista;
    2-  A propaganda da “direita religiosa” prejudicou muito a candidatura governista;
   3- No segundo turno, o candidato oposicionista teve votos graças a uma aliança com setores conservadores e ao “clientelismo político” de uma Deputada Estadual recém-eleita na sua legenda partidária.
Nesse artigo estamos recortando a Geografia do Voto nas Zonas Eleitorais 120, 122, 242, 243, 244, 245, 246 (Campo Grande e arredor). Usamos os dados de 2006 e 2010 para comparar numa primeira etapa se essas tendências ocorreram. Os votos dados a Lula e Alckmin em 2006 são comparados com Dilma e José Serra respectivamente em 2010. Para os votos “fora da polarização” PT e PSDB, efetuamos para 2006 a soma dos votos de Heloisa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) e comparamos com a votação de Marina Silva (PV) sem considerar a votação de Plínio de Arruda (PSOL). Vejamos as tabelas:

Eleições 2006                                                                                  Eleições 2010
PT
Lula                                                                                                   Dilma
ZE 120 -> 48,2%                                                                              ZE 120 -> 42,7%
ZE 122-> 49,5%                                                                              ZE 122 -> 45,2%
ZE 242 -> 49,8%                                                                              ZE 242 -> 44,4%
ZE 243 -> 49,7%                                                                              ZE 243 -> 44,5%
ZE 244 -> 47,1%                                                                              ZE 244 -> 43,4%
ZE 245 -> 49,4%                                                                              ZE 245 -> 46,8%
ZE 246 -> 54,4%                                                                              ZE 246 -> 47,9%

PSDB
Alckmin                                                                                             José Serra
ZE 120 ->25,9 %                                                                              ZE 120 -> 18,2%
ZE 122-> 25,9%                                                                               ZE 122 -> 17,7%
ZE 242-> 26,8%                                                                               ZE 242 -> 18,8%
ZE 243-> 27,6 %                                                                              ZE 243 -> 21,6%
ZE 244-> 27 %                                                                                 ZE 244 -> 18,5%
ZE 245-> 25,4%                                                                               ZE 245 -> 16,8%
ZE 246-> 23,5 %                                                                              ZE 246 -> 17,9%

PSOL & PDT
Heloísa+Cristovam (SOMA)                                                                                 Marina Silva (PV)
ZE 120 -> 21,3 + 4,2% 25,5%                                                                              ZE 120 -> 36,2%
ZE 122-> 19,8 + 4,2% 24%                                                                                  ZE 122 -> 34,6%
ZE 242-> 18,8 + 4,1% 22,9%                                                                               ZE 242 -> 34,3%
ZE 243-> 18,7 + 3,6% 22,3%                                                                               ZE 243 -> 31,8%
ZE 244-> 20.2 + 5,1% 25,3%                                                                               ZE 244 -> 35,4%
ZE 245-> 20,4 + 4,1% 24,5%                                                                              ZE 245 -> 36,8%
ZE 246-> 18,4 + 3,3% 21,7%                                                                              ZE 246 -> 33,7%

Observamos que tanto Dilma quanto José Serra tiveram uma votação menor que seus companheiros de partido nas eleições de 2006. Entretanto, o candidato do PSDB perdeu mais votos comparados a 2006 que a candidata do PT. Portanto, na Zona Oeste carioca a candidatura Marina Silva atrapalhou mais a candidatura da coligação oposicionista que a candidatura situacionista. A surpresa da votação de Marina Silva, pelo menos na Zona Oeste carioca, não surgiu, portanto de uma base eleitoral que já existia em 2006. Observem que PSOL e PDT tiveram somado mais de 20% dos votos nas Zonas Eleitorais pesquisadas. Logo, não foi uma “onda de votos” evangélicos, mas uma “onda de votos de Terceira Via” acrescidas de um eleitor flutuante que veio mais da própria oposição.
Logo os Votos da "direita religiosa" em Marina Silva na região estudada não foi muito expressiva como a imprensa fez divulgar. Houve um senso de oportunismo político das lideranças políticas evangélicas em capitalizar o total do eleitorado de Marina Silva, porém a base seria de uma “Centro-esquerda” de terceira-via. Esse leitorado não teve uma visibilidade política no discurso do segundo turno, pois os candidatos finalistas optaram por dialogar com temas conservadores para resgatar seu eleitorado flutuante à medida que os eleitores clássicos à esquerda se dividiram numa ou noutra opção.
Desse ponto de vista observamos que a soma dos votos perdidos pelo PT e PSDB em 2010 comparados com 2006 forem somados com a votação de PSOL/PDT em 2006 teremos a votação de Marina da Silva em 2010 na Zona Oeste. Há uma diferença para baixo que se atribui ao fato de não somarmos a votação de Plínio de Arruda (PSOL). Como esse texto é de um Professor de História e a filmografia brasileira indica que somos ruins em matemática, sugiro que peguem uma calculadora e façam as contas para cada Zona Eleitoral acima. Em todas, chegamos a esse resultado, o que desmonta o segundo mito dessas eleições logo na Zona Oeste em que os evangélicos são muito importantes nas eleições proporcionais.
Por fim, vejamos quantos votos o candidato oposicionista teve no Segundo Turno para verificar que ele teve mais do que o eleitorado conservador. Parte dos eleitores da “esquerda de terceira via” votou em José Serra, o que é uma novidade na região se compararmos com as eleições de 2006 em que o candidato do PSDB teve até redução de votos no segundo turno.

José Serra (PSDB) Segundo Turno 2010
ZE 120 ->36,6% Ganhou mais 18,4% que o Primeiro Turno
ZE 122-> 34,6% Ganhou mais 16,9% que o Primeiro Turno
ZE 242-> 35,9% Ganhou mais 17,1% que o Primeiro Turno
ZE 243-> 38,3% Ganhou mais 16,7% que o Primeiro Turno
ZE 244-> 35,9%  Ganhou mais 17,5% que o Primeiro Turno
ZE 245-> 34,3% Ganhou mais 17,5% que o Primeiro Turno
ZE 246-> 31,8% Ganhou mais 13,9% que o Primeiro Turno

Muito seria simplificar que os eleitores flutuantes que abandonaram o PT e o PSDB fossem todos da “direita religiosa” e que 100% tenham optado por votar no PSDB no segundo turno logo após a assinatura da Carta de Princípios da candidata vitoriosa com as lideranças políticas evangélicas. Mesmo assim, essa diferença é inferior ao total de votos agregados ao PSDB no segundo turno. Portanto, uma parte significativa do eleitorado de “terceira via à esquerda” migrou para o candidato oposicionista na Zona Oeste carioca. Uma demonstração que é possível construir uma faixa eleitoral mais Democrática e Progressista de oposição nas eleições de 2012 desde que haja uma melhor interpretação da Zona Oeste.
A Zona Oeste politicamente não está prisioneira da Idade Média, mas expressa a emergência de uma força política conservadora semelhante ao Tea Party e não consegue dar organicidade ao eleitorado de “Centro-esquerda” na região, pois falta uma liderança política nessa faixa. Entretanto, a máquina assistencialista que trabalhou para a candidatura da oposição não deve ser responsabilizada pelo eleitorado agregado, mas deve ser um motivo de outros “centro-esquerdistas” terem anulado, ausentado do processo ou votado na candidatura governista. Assim, consideramos que o avanço do Voto Positivo na Zona Oeste carioca deve partir da premissa que há um segmento eleitoral consolidado entre 20 – 25% que não tem impacto maior nas eleições proporcionais, pois votam de forma fragmentada. Por outro lado, é possível uma vertente Democrática Progressista emergir em 2012 com forte base eleitoral na região desde que haja unidade e um discurso mais reformista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE 2

VOTO POSITIVO começa publicar uma série de 2 partes sobre o filme Tropa de Elite 2. Eles faziam parte de um longo texto, porém, com autorização do autor, decidimos postá-los em parte para que o debate sobre o filme ganhe espaço de interpretação política entre nossos leitores. Portanto leiam, divulguem e comentem.
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Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?” (PARTE 1)
Por Pablo Spinelli

O que torna Tropa de Elite 2 (a partir de agora, TE) um fenômeno não é sua temática sobre a violência urbana. Tal abordagem foi feita em “Salve Geral” e este não foi um sucesso de público. Também não está a sua enorme popularidade calcada nos recursos técnicos. O que há na verdade, em nossa opinião, é a síntese interessante de discurso reflexivo com uma montagem moderna – quase televisiva, mas esse quase está mais para um seriado como “24 horas” do que para as novelas globais – passando, é claro, pelas interpretações titânicas de um Seu Jorge que carrega nos olhos algo do Sandro do “Ônibus 174 até um Wagner Moura que na sua postura física e no olhar carrega um fardo nas costas, bebe água, é presa, é predador. Isso sem grandes trejeitos e nem berros.
A sua narração tem uma interpretação singular. Não é uma simples narração, é um bate-papo tomando um chopp no bar da esquina. Esse recurso é um achado que deu certo no primeiro filme e mais ainda no segundo, pois aproxima o espectador do personagem, justamente o que faz esse TE diferente do primeiro TE.
Outra coisa que faz esse TE 2 diferente é o foco na POLÍTICA. Essa, ausente de debates públicos como na recentíssima corrida presidencial, surge nas telas atendendo um público cuja demanda hoje não é suprida por partidos políticos, sindicatos, ONGs. No filme dirigido pelo José Padilha há traços da história recente de nosso Estado onde, numa metralhadora giratória e tensa, muito tensa, não sobra nada para ficar de pé. Políticos, policiais, classe média, favelas, mídia. Todos esses ídolos de pés de barro são demolidos. Ao fundo uma crítica de que a POLÍTICA hoje em dia no Brasil e o Rio de Janeiro, em particular, está fadada a imitar a rotina dos Estados Unidos: O voto pelo voto, partidos políticos que são máquinas eleitorais sem penetração no tecido social, políticos que querem o poder pelo poder, menor distinção do que é liberal de conservador, entre outros pontos.
Nessa pegada, Padilha explora as ligações do voto com o desenvolvimento das milícias, organizações paramilitares de “fascismo de mercado” que ganharam terreno no vácuo deixado pelo Estado às comunidades carentes. Com a prática da milícia a cidadania deixa de existir e o cidadão fica refém de uma prática perversa: a de pagar para continuar vivo. O filme, numa perspectiva fora do “filme-de-comunidade”, abre os bastidores da Política por onde passam Secretários de Segurança corruptos, deputados “padrinhos” de comunidades, policiais militares que usaram do cálculo empresarial para “administrar” qualquer comunidade como uma empresa onde não há demissão e sim, execução.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MISTÉRIO EM CAMPOS

Campos dos Goytacazes comandou a vitória da candidatura  oposicionista de José Serra no Norte e Noroeste Fluminenense. Nesse município, José Serra teve 52% dos votos contra 47% dos votos em Dilma. Aparentemente, o Deputado Federal mais votado do Rio de Janeiro trabalhou "silenciosamente" para esse resultado político para demonstrar ao Governador Reeleito que não tem plena hegemonia política na região na disputa do pleito municipal de 2012.
Garotinho ameaça o PMDB no interior do Estado do Rio de Janeiro com a organização do PR. Além disso, sua filha poderá ser uma alternativa política no cenário político carioca numa vertente oposicionista religiosa. Há um mistério nesse momento que se atribui aos motivos de Picciani não se empenhar muito na vitória petista na "região de Garotinho". As conjecturas indicam um provável "acordo de cavaleiros" dos políticos que apoiaram Lula em 2002 e foram "abandonados" em 2010. Sérgio Cabral Filho deve estar ciente de que teve votos oposicionistas no contexto federal no conjunto de sua votação para a reeleição. Portanto, seria importante refundar seu Governo em torno de uma Carta de Princípios que visasse um diálogo com políticos, movimentos sociais e intelectuais no sentido de uma alternativa democrática para a realização de da Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016).