segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Carta aberta sobre “O Poder de Transformação da Leitura”


Dedico a memória de Luiz Ignácio Maranhão Filho

Há tempos um artigo não era muito lido e comentado no BLOG SENTIDO OESTE. “O Poder de Transformação da Leitura” atingiu esse grau de envolvimento com antigos e novos leitores daquele BLOG. Aplaudindo ou questionando, o importante que o ato de ler esse artigo exerce elementos transformadores que alguns críticos apressados não se permitem em analisar. Talvez seja resultado do “adestramento” do viés europeu que percorrem as correntes liberais de nossa esquerda.
Não há motivo de explicar a qualidade do texto, pois sua divulgação pelo twitter feita por Luiz Eduardo Soares é um exemplo que há leitores nas Ciências Sociais que abraçam o sentido político do texto. Esse é um detalhe que podemos observar no título ao usar a palavra “transformação” ao contrário da palavra “revolução”. Há uma inocente proposta reformista que pode empurrar a sociedade brasileira para além dos paradigmas envelhecidos do academicismo. Ventos de um Gramsci juvenil que estava na infância da interpretação da política de sua Itália onde vivia uma Questão Meridional.
No artigo da jovem Carolina Pimentel, um clamor pela Zona Oeste carioca é um dado a ser sublinhado com a chamada em cena do educador Paulo Freire (foto que ilustra esse artigo) - um “intelectual nacional popular” muito conhecido no país e internacionalmente que sensibiliza uma geração do campo democrata da esquerda na região. As raízes católicas de Paulo Freire podem explicar sua fácil inserção na construção do argumento da autora, o que surpreende na “orfandade” da “esquerda de matriz cristã” na região. Há um convite a análise da conjuntura política na passagem “(...)Paulo Freire, educador do século XX diz que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” , é essa a ideia.
Uma idéia que críticos e simpáticos ao artigo não perceberam sua força mas sabemos que é uma transformação criar uma juventude que tenha costume na leitura de opiniões. Maior é atingir o desafio de criar autores na faixa da juventude numa cultura política rarefeita de organicidade. A reinvenção de uma cultura democrática da esquerda é heterodoxa se assumirmos a citação de Vargas Llosa feita no artigo, pois os “esquerdistas de plantão” veriam nessa passagem uma capitulação a ideologia dominante neoliberal do autor de Lituma nos Andes. Entretanto, o jovem Llosa formou-se numa cultura política avessa ao militarismo e a falta de democracia, o que tem seu paralelo, nas devidas proporções, com as ameaças de um despotismo da maioria sob controle político das classes dominantes da Zona Oeste carioca. Enfim, o artigo é uma aposta de novos sentidos para a organização da juventude nessa localidade.

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