A crise da República Velha (1889-1930) teve uma oposição que nasceu pela atuação de grupos políticos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Eles se somaram a uma dissidência “liberal” paulista e aos dissidentes nordestinos. Tamanha coincidência ocorreu essa semana na “seara do petismo”. Essa pode fazer parte de uma “peça” na luta pela Presidência da Câmara dos Deputados após o “terremoto de desgaste” do reajuste de mais de 62% nos salários. Fala-se em revanchismo do “Bloco” e numa candidatura avulsa do chamado Bloco da Esquerda (PSB-PDT-PCdoB-PRB) com a volta de Aldo Rabelo (PCdoB-SP) apoiado pela “Bancada Ruralista”. Não se espantem diante dessa última informação que reatualiza as críticas de Caio Prado Junior a uma vertente de nossa esquerda.
A futura bancada de Deputados Federais do Partido dos Trabalhadores esteve reunida no dia 14 de dezembro para deliberar quem seria o indicado do partido às eleições da Presidência da Câmara dos Deputados. A surpresa foi a escolha de Marco Maia que é Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul. Sua surpreendente vitória foi “desenhada” quando o postulante Arlindo Chinaglia (PT-SP) renunciou a disputa e declarou apoio ao petista gaucho que contava com apoio de deputados mineiros e nordestinos.
A imprensa invocou uma luta contra o “paulistério” na indicação ministerial. Segundo alguns analistas há uma lógica de luta política interna. Sustentam essa explicação na federação de grupos políticos que estão no interior do PT, porém não podemos esquecer o peso do pensamento político gaucho na história republicana. Na República, a Câmara dos Deputados foi presidida por apenas três Deputados Federais (Flores da Cunha nos anos 50; Nelson Marchesan na Ditadura Militar e Ibsen Pinheiro no início dos anos 90). Se forem aprofundar as pesquisas, verificarão que foram políticos que estiveram em momentos críticos da nossa história republicana.
Se nascer como uma questão interna, nada fará que a política se mova pela lógica do petismo na indicação do gaucho Marco Maia para a disputa a Câmara de Deputados. Há uma tendência de uma presença maior de uma interpretação do mundo do direito nessa indicação pela atuação do Deputado na Comissão de Direitos Humanos e o apoio recebido do ex-ministro da Justiça Tarso Genro (RS) e do indicado Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso (SP).
Tarso Genro e José Eduardo fazem parte da corrente Mensagem ao PT, mas representariam uma leitura “bobbiana” do pensamento de Gramsci no campo da social-democracia ainda presente no petismo. Entretanto, são filhos do direito com a herança do positivismo brasileiro, ou seja, o petismo seria uma fase na harmonização da sociedade brasileira. Enfim, há muito de superestrutura política nessa indicação como se fosse a busca por uma “dualidade de poderes” se desenhando no futuro núcleo do futuro governo medindo forças o grupo pragmático de Palocci e o grupo de princípios de José Eduardo Cardoso/Tarso Genro e outros. Temos certeza de que é o começo de algumas turbulências na política do Governo pós-Lula ou prenúncio de uma Revolução feita por cima na estrutura do partido.
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