Diretório Nacional Aprova Resolução Política de 13 de Abril
A Política de Oposição e a Morte do PPS
Por Vagner Gomes de Souza[i]
A
Conferência Política do PPS, encerrada em 13 de abril de 2013, teve o sugestivo
título: “A Esquerda Política pensa o Brasil” e teria o objetivo de formular uma
política clara para as forças oposicionistas diante de anos da hegemonia de um
liberalismo social (Governos FHC somados aos 10 anos de Governo de Coalizão sob
direção do PT). A antecipação da campanha eleitoral de 2014 influenciou na
divulgação da Conferência e em algumas intervenções da mesma. No final, a
Oposição continuou sem um discurso político que faça sua diretriz na política,
pois não ficou claro se devemos aprofundar uma crítica “ultra-liberal” a gestão
atual da economia ou se devemos ocupar uma postura à esquerda ao atual governo
ou se devemos pautar pela Carta Constitucional de 1988 ou refundar o
nacional-desenvolvimentismo Grão-Capitalista ou defender bandeiras
temáticas...Enfim, o saldo da Conferência Política foi reafirmar uma UNIDADE
sem política uma vez que se evitou um balanço político das ações do Governo no
sentido de antecipar o debate eleitoral já que os atores políticos da oposição
se sucumbiram na mesma equivocada ação.
Inúmeros
políticos de diversas legendas estiveram nas tribunas da Conferência Política
do PPS, mas foi raro os momentos em que a invenção política esteve presente. O
cálculo eleitoral ou “eleitoreiro” contaminou o debate e as articulações ao
longo da Conferência a medida que referência a “Esquerda Democrática” soava
mais a um momento de retórica para um público interno. A “fulanização” da
política foi uma de suas características mais lamentáveis ao ponto de
promoverem uma Enquete sobre quem o PPS poderia apoiar nas próximas eleições
presidenciais. A ideia de derrotar o Governo sob hegemonia do PT foi confundido
pela política de buscar uma forma de derrotar a Presidente Dilma sem que
houvesse uma percepção de que ambos poderiam estar em contradição nesse momento
político. As sugestões recentes dos artigos do sociólogo Luiz Werneck Vianna
não couberam nas reflexões da Conferência Política do PPS. O discurso
oposicionista continua “vazio” e da política democrática. Portanto, as demais
consequências e desdobramentos na Reunião do Diretório Nacional do PPS na tarde
do dia 13 de abril revelaram o quanto a Oposição está trilhando o caminho
impróprio aos antigos valores da formulação da Grande Política do antigo PCB
(extinto no seu X Congresso em 1992).
A Resolução Política do Diretório
Nacional do PPS de 13 de abril de 2013 é o legado da morte anunciada em tantos
momentos da política pecebista na reflexão do PPS. O primeiro parágrafo da
mencionada Resolução “fulaniza” a política na passagem “O país vem sentindo as
consequências da irresponsabilidade que marcou as gestões de Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Rousseff, (...)”. Um início fraco para uma
possível formulação política que indica problemas no campo econômico e
institucional. A retórica sem política recai numa denúncia de “golpismo” nas
articulações do Governo no Parlamento o que é um perigoso recurso.
Vejam a passagem abaixo:
“(...)Na última semana, por exemplo, o Parlamento foi palco de uma
escandalosa tentativa de golpe patrocinada pelo Palácio do Planalto, com
pressões para que fosse aprovado um projeto de lei cujo intuito mais evidente é
inviabilizar a criação de novos partidos, alterando regras vigentes e
praticadas na atual legislatura.” (Grifos nossos)
Na
verdade, trata-se de uma postura casuísta patrocinada pelo Governo e alguns
partidos governistas (nunca citados na Resolução e a título deque temos essa
ausência de nomeação) referente a regulamentação de uma postura sobre criação
e/ou fusão de partidos políticos para inibir determinadas “janelas”. Contudo,
já houve momentos que o mesmo PPS questionou esse processo de perda de tempo e
recursos do Fundo Partidário que estaria sendo vedado na mencionada lei. Lembrem-se
do caso da época da formação do PSD. Portanto, seria interessante dosar na
retórica em relação a crítica ao “golpismo” pois trata-se de umas das
consequências políticas da antecipação do debate eleitoral de 2014 no
Parlamento brasileiro. Até o “Baixo Clero” renasceu na Comissão de Direitos
Humanos com a inapropriada eleição do Deputado Federal Marcos Feliciano
(PSC-SP) a sua Presidência, porém não podemos confundir esse outro casuísmo com
“golpismo”. Sugerimos que a Resolução Política “aterroriza” para justificar seu
próprio casuísmo político de convocar um Congresso Extraordinário na próxima
quarta-feira (17-04) para numa fusão com o PMN e/ou outra ou outras agremiações
políticas. A palavra “golpe” é mais presente na retórica diante de um estranho
silêncio sobre “A esquerda democrática pensa o Brasil”.
Tudo
indica que a “esquerda democrática” está anos-luz de distância dessa fusão sem
política que faz os saudosos da cultura pecebista relembrar que o Golpe de 1964
encontrou na esquerda seus limites para pensar a democracia. A Frente
Democrática construída no antigo MDB foi uma invenção que superou tantas
limitações na Legislação de Organização dos Partidos Políticos uma vez que
tinha um programa de oposição claro para ser apresentada a sociedade. Hoje, a
retórica sobre o “golpismo” é em defesa do que? A passagem abaixo pode indicar
algo sobre isso:
“(...)a tentativa de golpe busca atingir o PPS e o PMN,
que vêm discutindo abertamente, já há alguns anos, a possibilidade de fusão e a
criação de um partido de esquerda democrática.” (Grifos
nossos)
Uma postura de defesa do “corporativismo partidário” diante
da ausência de um programa de reformismo forte. Há diversos exemplos de que
trata-se de uma forma disfarçada de “janela da infidelidade” em benefício de
parlamentares descontentes na “partilha” da hegemonia do Poder. Afinal, as
coligações políticas não foram proibidas. Logo PPS e PMN poderiam estra aliados
nas próximas eleições parlamentares. O PPS e o PMN poderiam formar um BLOCO no
Parlamento Brasileiro para defender um Programa Alternativo de Oposição. Os
partidos citados e outros poderiam manter suas identidades programáticas até as
próximas eleições, porém desejam uma “fusão” sem política de oposição. Uma nova
sigla para a “acomodação” de políticos reconhecidos na sociedade pelo
pragmatismo uma vez que não lemos nenhum Manifesto Político convocando
parlamentares de qualquer segmento político. Fica a dúvida no ar. Seja de
Esquerda, Centro ou Direita, todos seriam bem vindos ao PCB (Partido da
Confusão Brasileira) desde que afirmem ser oposição?
A morte do PPS nessa conjuntura é mais um sinal de
antecipação da derrota da Oposição nas próximas eleições. Não se alimenta uma
formação de opinião política sobre a situação que a sociedade está vivendo
diante da carestia nos Supermercados. O importante é “correr contra o relógio”
pensando que antecipar os fatos em política garante a garantia de uma “virtu”.
O PPS não poderia sair do cenário político brasileiro nesse momento sem que tenha
feito um balanço sobre os caminhos a seguir a Esquerda Democrática. Esse era
para ser tempo de Refundação ao contrário de fusão. O Governo teria mais
dificuldades de se firmar no campo da “centro-esquerda” se o PPS resgatasse a
memória da Transição Democrática. Contudo, a sobrevivência dos mandatos de
Parlamentares em aliança com a antiga “máquina partidária” está falando mais
alto diante dos gritos que a falta de reflexão política. Essa morte joga uma
História ao esquecimento em benefício das “hienas” que circulam na “Pântano” do
Parlamento Brasileiro.