domingo, 14 de abril de 2013

FUSÃO PPS-PMN (OUTROS)


Diretório Nacional Aprova Resolução Política de 13 de Abril

A Política de Oposição e a Morte do PPS
Por Vagner Gomes de Souza[i]

A Conferência Política do PPS, encerrada em 13 de abril de 2013, teve o sugestivo título: “A Esquerda Política pensa o Brasil” e teria o objetivo de formular uma política clara para as forças oposicionistas diante de anos da hegemonia de um liberalismo social (Governos FHC somados aos 10 anos de Governo de Coalizão sob direção do PT). A antecipação da campanha eleitoral de 2014 influenciou na divulgação da Conferência e em algumas intervenções da mesma. No final, a Oposição continuou sem um discurso político que faça sua diretriz na política, pois não ficou claro se devemos aprofundar uma crítica “ultra-liberal” a gestão atual da economia ou se devemos ocupar uma postura à esquerda ao atual governo ou se devemos pautar pela Carta Constitucional de 1988 ou refundar o nacional-desenvolvimentismo Grão-Capitalista ou defender bandeiras temáticas...Enfim, o saldo da Conferência Política foi reafirmar uma UNIDADE sem política uma vez que se evitou um balanço político das ações do Governo no sentido de antecipar o debate eleitoral já que os atores políticos da oposição se sucumbiram na mesma equivocada ação.
Inúmeros políticos de diversas legendas estiveram nas tribunas da Conferência Política do PPS, mas foi raro os momentos em que a invenção política esteve presente. O cálculo eleitoral ou “eleitoreiro” contaminou o debate e as articulações ao longo da Conferência a medida que referência a “Esquerda Democrática” soava mais a um momento de retórica para um público interno. A “fulanização” da política foi uma de suas características mais lamentáveis ao ponto de promoverem uma Enquete sobre quem o PPS poderia apoiar nas próximas eleições presidenciais. A ideia de derrotar o Governo sob hegemonia do PT foi confundido pela política de buscar uma forma de derrotar a Presidente Dilma sem que houvesse uma percepção de que ambos poderiam estar em contradição nesse momento político. As sugestões recentes dos artigos do sociólogo Luiz Werneck Vianna não couberam nas reflexões da Conferência Política do PPS. O discurso oposicionista continua “vazio” e da política democrática. Portanto, as demais consequências e desdobramentos na Reunião do Diretório Nacional do PPS na tarde do dia 13 de abril revelaram o quanto a Oposição está trilhando o caminho impróprio aos antigos valores da formulação da Grande Política do antigo PCB (extinto no seu X Congresso em 1992).
A Resolução Política do Diretório Nacional do PPS de 13 de abril de 2013 é o legado da morte anunciada em tantos momentos da política pecebista na reflexão do PPS. O primeiro parágrafo da mencionada Resolução “fulaniza” a política na passagem “O país vem sentindo as consequências da irresponsabilidade que marcou as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, (...)”. Um início fraco para uma possível formulação política que indica problemas no campo econômico e institucional. A retórica sem política recai numa denúncia de “golpismo” nas articulações do Governo no Parlamento o que é um perigoso recurso.
Vejam a passagem abaixo:

“(...)Na última semana, por exemplo, o Parlamento foi palco de uma escandalosa tentativa de golpe patrocinada pelo Palácio do Planalto, com pressões para que fosse aprovado um projeto de lei cujo intuito mais evidente é inviabilizar a criação de novos partidos, alterando regras vigentes e praticadas na atual legislatura.” (Grifos nossos)

Na verdade, trata-se de uma postura casuísta patrocinada pelo Governo e alguns partidos governistas (nunca citados na Resolução e a título deque temos essa ausência de nomeação) referente a regulamentação de uma postura sobre criação e/ou fusão de partidos políticos para inibir determinadas “janelas”. Contudo, já houve momentos que o mesmo PPS questionou esse processo de perda de tempo e recursos do Fundo Partidário que estaria sendo vedado na mencionada lei. Lembrem-se do caso da época da formação do PSD. Portanto, seria interessante dosar na retórica em relação a crítica ao “golpismo” pois trata-se de umas das consequências políticas da antecipação do debate eleitoral de 2014 no Parlamento brasileiro. Até o “Baixo Clero” renasceu na Comissão de Direitos Humanos com a inapropriada eleição do Deputado Federal Marcos Feliciano (PSC-SP) a sua Presidência, porém não podemos confundir esse outro casuísmo com “golpismo”. Sugerimos que a Resolução Política “aterroriza” para justificar seu próprio casuísmo político de convocar um Congresso Extraordinário na próxima quarta-feira (17-04) para numa fusão com o PMN e/ou outra ou outras agremiações políticas. A palavra “golpe” é mais presente na retórica diante de um estranho silêncio sobre “A esquerda democrática pensa o Brasil”.
Tudo indica que a “esquerda democrática” está anos-luz de distância dessa fusão sem política que faz os saudosos da cultura pecebista relembrar que o Golpe de 1964 encontrou na esquerda seus limites para pensar a democracia. A Frente Democrática construída no antigo MDB foi uma invenção que superou tantas limitações na Legislação de Organização dos Partidos Políticos uma vez que tinha um programa de oposição claro para ser apresentada a sociedade. Hoje, a retórica sobre o “golpismo” é em defesa do que? A passagem abaixo pode indicar algo sobre isso:

“(...)a tentativa de golpe busca atingir o PPS e o PMN, que vêm discutindo abertamente, já há alguns anos, a possibilidade de fusão e a criação de um partido de esquerda democrática. (Grifos nossos)

Uma postura de defesa do “corporativismo partidário” diante da ausência de um programa de reformismo forte. Há diversos exemplos de que trata-se de uma forma disfarçada de “janela da infidelidade” em benefício de parlamentares descontentes na “partilha” da hegemonia do Poder. Afinal, as coligações políticas não foram proibidas. Logo PPS e PMN poderiam estra aliados nas próximas eleições parlamentares. O PPS e o PMN poderiam formar um BLOCO no Parlamento Brasileiro para defender um Programa Alternativo de Oposição. Os partidos citados e outros poderiam manter suas identidades programáticas até as próximas eleições, porém desejam uma “fusão” sem política de oposição. Uma nova sigla para a “acomodação” de políticos reconhecidos na sociedade pelo pragmatismo uma vez que não lemos nenhum Manifesto Político convocando parlamentares de qualquer segmento político. Fica a dúvida no ar. Seja de Esquerda, Centro ou Direita, todos seriam bem vindos ao PCB (Partido da Confusão Brasileira) desde que afirmem ser oposição?
A morte do PPS nessa conjuntura é mais um sinal de antecipação da derrota da Oposição nas próximas eleições. Não se alimenta uma formação de opinião política sobre a situação que a sociedade está vivendo diante da carestia nos Supermercados. O importante é “correr contra o relógio” pensando que antecipar os fatos em política garante a garantia de uma “virtu”. O PPS não poderia sair do cenário político brasileiro nesse momento sem que tenha feito um balanço sobre os caminhos a seguir a Esquerda Democrática. Esse era para ser tempo de Refundação ao contrário de fusão. O Governo teria mais dificuldades de se firmar no campo da “centro-esquerda” se o PPS resgatasse a memória da Transição Democrática. Contudo, a sobrevivência dos mandatos de Parlamentares em aliança com a antiga “máquina partidária” está falando mais alto diante dos gritos que a falta de reflexão política. Essa morte joga uma História ao esquecimento em benefício das “hienas” que circulam na “Pântano” do Parlamento Brasileiro.



[i] Mestre em Sociologia pelo CPDA-UFRuralRJ e ex-militante do PCB de 1985 até 1992.

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