terça-feira, 9 de janeiro de 2024

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 031 - DEMOCRACIA NO SER CARIOCA

(Foto: Hudson Pontes)

Tempo de União Carioca

Vagner Gomes de Souza

 

Em tempos de pandemia, a cidade do Rio de Janeiro tem passado por um desafio de reconstrução e união diante de uma profunda crise financeira. Os níveis de arrecadação colocaram a antiga capital federal cada vez mais na dependência dos recursos do Governo Federal, via BNDES ou outras transferências como o FUNDEB. Um bom gestor público carioca precisa estar então predisposto ao diálogo, o que não implica em alinhamento ideológico.

Essa “pós-verdade” do alinhamento ideológico alimenta as forças políticas anacrônicas dos extremismos prisioneiros de uma ética da convicção que esvazia a urgência da ética da responsabilidade. Não é momento de novas aventuras arcaicas com o discurso vazio de “cara nova na política”, pois essa trilha simplesmente agravou nossa situação econômica e social diante da pouca experiência de muitos.

Não se trata de um preconceito em relação a necessária renovação dos quadros políticos cariocas, mas tudo se deve fazer em seu tempo como se o a fortuna estivesse a ser conduzida pela virtú. Portanto, as inspirações de “frente de esquerda” ou “frente ampla popular” abalam o reencontro do eleitor carioca com a defesa da democracia. Mais do que uma defesa hegeliana, ou seja, no cunho do idealismo político. Defendemos a Democracia diante dos desafios que temos de melhor inserir a juventude e demais cariocas numa melhora na sua renda de vida.

Não é um simples desafio e não se resolverá pelos labirintos identitários que engessaram a capacidade do mundo intelectual carioca em melhor pensar a cidade do Rio de Janeiro. Os ensinamentos do saudoso Carlos Lessa (que nos deixou por conta da COVID-19) ainda estão válidos para se buscar os melhores caminhos democráticos para um programa de unidade. Sua vasta obra e seu acervo representam um patrimônio carioca que convidam todas e todos para fazer um grande debate programático numa pauta republicana e democrática.

Sugerimos que a partir da leitura de Carlos Lessa o carioca redescubra o orgulho de ser um eleitor aberto e acolhedor como se fosse uma “esponja social”. Esse é o momento em que a unidade deve estar na mesa das negociações para um desafio eleitoral. Todavia, citemos o exemplo do bairro de Campo Grande, se assemelha a um “laboratório político” para se observar as possíveis movimentações do eleitor diante do campo das promessas eleitorais.

O espaço político mencionado indica que o eleitor, movidos pelos interesses, pode se deixar seduzir por “narrativas” que em nada viabilizam no desenvolvimento econômico e social. Muito ganha significado o papel dos “mediadores” da sociedade como Associações, Igrejas, Sindicatos, Escolas de Samba, Clubes de Futebol e etc. Campo Grande é um mosaico político a ser democratizado pela apresentação do valor do discurso da unidade em tempos de hipermodernidade.

Está no bairro a “chave política” para se reorientar seus descaminhos para impedir tempos sombrios. Não há atalhos na política e estamos em tempos de vivenciar a pluralidade. Abracemos o que há de melhor em nossa história política e pensemos na melhor qualificação do legislativo municipal. Por outro lado, o desafio da educação não se pode estar em silêncio diante de uma realidade no qual poucos são os jovens que conheçam a cidade para além da “Praia da Macumba”. Índice elevado de jovens que nunca entraram num Museu, ou num Teatro, ou no Cinema, ou qualquer atrativo turístico. O melhor de ser carioca ainda está “apartado” de muitos jovens do bairro que encontram nas redes sociais um refúgio e se deixam alimentar nas “Fake News”.

Agora estamos nos primeiros passos para se pensar os próximos 25 anos so sentido de ser um carioca mais democrático. Pensar na formação de uma percepção de busca do equilíbrio na política, pois não vamos resolver nossos problemas nos confrontando por forças estranhas a história de nossa cultura política que sempre foi nacional e popular com raízes no centrismo que até atraiu o trabalhismo de Getúlio Vargas na antiga Guanabara. Eis o momento de primar mais pela unidade que pela identidade.

 

5 comentários:

Anônimo disse...

Excelente texto propositivo para evitar uma derrota para o novo na política, que também é presente no campo adversário. Campo Grande deve ser avaliado como um microcosmo da cidade pela sua heterogeneidade econômica e cultural. Vamos compartilhar esse texto, leitores!

Unknown disse...

Parabéns pela análise. Rei Lulão

Anônimo disse...

Muito esclarecedora sua análise, o Rio de Janeiro precisa de políticos que pensem no bem-estar comum, o que vemos hoje é uma vergonha acontecendo neste estado. Parabéns.

John Lennon disse...

Artigo que mostra os caminhões a se seguir, muito bom, parabéns.

Anônimo disse...

Ótima reflexão.
Esse é o caminho.