domingo, 24 de dezembro de 2023

COLUNAS DA CASA VERDE - ARGENTINA & CHINA

Argentina e China - Pela superação do atraso!

A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. -  Karl Marx.

Por Lucas Azedias

 

Para os supersticiosos, passar por baixo de uma escada traz consigo uma sentença de azar. Para outros, isso é apenas uma crendice. No entanto, não é a mesma coisa que dizem quando trocamos o "passar por baixo" para "chutar a escada". Nesse caso, o que poderia acontecer? Respondo: chutar a escada pode nos render alguns dedos quebrados ou, no pior dos casos, uma economia quebrada. Parece confuso, meio cômico e trágico, e de fato é. Deixe-me, portanto, dar alguns passos atrás para avançar alguns outros.

Publicado no ano de 2002, o livro "Chutando a Escada - A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica", escrito pelo economista sul-coreano Ha-Joon Chang, traz algumas reflexões sobre os processos históricos que culminaram na hegemonia dos países industrializados no Ocidente. No desenrolar de sua pesquisa, Chang continua questionando a forma como os economistas dos países altamente desenvolvidos fomentaram, nos países emergentes, políticas econômicas neoclássicas, quando, em seus países, seguiram por outros caminhos, como ilustra em "23 Coisas que Não nos Contaram sobre o Capitalismo: os Maiores Mitos do Mundo em que Vivemos". A ortodoxia econômica denunciada por ele, neste contexto, refere-se ao anacrônico laissez-faire (com o fim decretado por Keynes desde 1926) e às ditas teorias liberalizantes que o cercam.

O que, então, tal tema tem a ver com o vozerio da Presidência da Argentina? Vejamos: a obra de Chang pode colaborar para esclarecer os possíveis destinos para a Argentina ao adotar as palavras de Javier Milei em sua última campanha presidencial. No entanto, a história é feita de processos, e aprender com eles é fundamental para aqueles que partem deles para fazer a política acontecer. As primeiras medidas adotadas por lá não são ipsis litteris as da campanha.

Atualmente, o governo argentino, que adota agora um tom mais concreto em suas ações e discursos, já começa a ver o mundo real descortinar à sua frente. Após as recentes e inúmeras controvérsias envolvendo a China, um dos principais parceiros comerciais do Sul Global nos últimos anos, dá alguns sinais de que as tratativas diplomáticas podem ajudar a retirar o entulho ideológico que nada tem a ver com a vida real. Nosso país vizinho pode até chutar a própria escada, mas dá sinais de que não o fará, haja vista sua delicada situação. A China, por outro lado, que nada tem a ver com isso, tem em mãos a possibilidade de ajudar a não se chutar a escada para não dinamitar as esperanças do povo argentino.

A forma como o governo argentino resolverá seus impasses certamente será observada na geopolítica global; e o Brasil tem a missão de observar atentamente o desenrolar desta história, estreitando, na esteira disso, ainda mais os laços com a China para colaborar com o parceiro do MERCOSUL.

 

 

 

 

 

 

5 comentários:

Anônimo disse...

O Brasil precisa ter a china como um parceiro para retomar sua industrialização

Anônimo disse...

Cada povo tem o governo que merece. Joseph Marie de Maistre.

Raimundo disse...

Na prática, a teoria é outra.

Anônimo disse...

Parabéns está muito bem escrito

Li Vi disse...

👏🏼👏🏼👏🏼. Acompanharemos os próximos capítulos dessa novela mexicana... Ops... Digo novela "argentina" 🤭