Argentina e China - Pela superação do atraso!
A
história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. - Karl Marx.
Por Lucas Azedias
Para
os supersticiosos, passar por baixo de uma escada traz consigo uma sentença de
azar. Para outros, isso é apenas uma crendice. No entanto, não é a mesma coisa
que dizem quando trocamos o "passar por baixo" para "chutar a
escada". Nesse caso, o que poderia acontecer? Respondo: chutar a escada
pode nos render alguns dedos quebrados ou, no pior dos casos, uma economia
quebrada. Parece confuso, meio cômico e trágico, e de fato é. Deixe-me,
portanto, dar alguns passos atrás para avançar alguns outros.
Publicado
no ano de 2002, o livro "Chutando a Escada - A Estratégia do
Desenvolvimento em Perspectiva Histórica", escrito pelo economista
sul-coreano Ha-Joon Chang, traz algumas reflexões sobre os processos históricos
que culminaram na hegemonia dos países industrializados no Ocidente. No
desenrolar de sua pesquisa, Chang continua questionando a forma como os
economistas dos países altamente desenvolvidos fomentaram, nos países
emergentes, políticas econômicas neoclássicas, quando, em seus países, seguiram
por outros caminhos, como ilustra em "23 Coisas que Não nos Contaram sobre
o Capitalismo: os Maiores Mitos do Mundo em que Vivemos". A ortodoxia
econômica denunciada por ele, neste contexto, refere-se ao anacrônico
laissez-faire (com o fim decretado por Keynes desde 1926) e às ditas teorias
liberalizantes que o cercam.
O
que, então, tal tema tem a ver com o vozerio da Presidência da Argentina?
Vejamos: a obra de Chang pode colaborar para esclarecer os possíveis destinos
para a Argentina ao adotar as palavras de Javier Milei em sua última campanha
presidencial. No entanto, a história é feita de processos, e aprender com eles
é fundamental para aqueles que partem deles para fazer a política acontecer. As
primeiras medidas adotadas por lá não são ipsis litteris as da campanha.
Atualmente,
o governo argentino, que adota agora um tom mais concreto em suas ações e
discursos, já começa a ver o mundo real descortinar à sua frente. Após as
recentes e inúmeras controvérsias envolvendo a China, um dos principais
parceiros comerciais do Sul Global nos últimos anos, dá alguns sinais de que as
tratativas diplomáticas podem ajudar a retirar o entulho ideológico que nada
tem a ver com a vida real. Nosso país vizinho pode até chutar a própria escada,
mas dá sinais de que não o fará, haja vista sua delicada situação. A China, por
outro lado, que nada tem a ver com isso, tem em mãos a possibilidade de ajudar
a não se chutar a escada para não dinamitar as esperanças do povo argentino.
A
forma como o governo argentino resolverá seus impasses certamente será
observada na geopolítica global; e o Brasil tem a missão de observar
atentamente o desenrolar desta história, estreitando, na esteira disso, ainda
mais os laços com a China para colaborar com o parceiro do MERCOSUL.
5 comentários:
O Brasil precisa ter a china como um parceiro para retomar sua industrialização
Cada povo tem o governo que merece. Joseph Marie de Maistre.
Na prática, a teoria é outra.
Parabéns está muito bem escrito
👏🏼👏🏼👏🏼. Acompanharemos os próximos capítulos dessa novela mexicana... Ops... Digo novela "argentina" 🤭
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