terça-feira, 28 de dezembro de 2021

A DOCE POLÍTICA NO CINEMA - NÚMERO 3

Não Olhe para a Política

Dedicado ao astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Por Vagner Gomes de Souza

O filme Não Olhe Para Cima é mais uma produção da NETFLIX que “explodiu” em simpatia conquistando elogios do grande público e chamou a atenção de segmentos considerados mais politizados nas chamadas redes sócias. Nos anos 80 do século passado, diante da hegemonia do Homem-Aranha: sem volta para casa, seria o filme de sucesso da propaganda “boca a boca”. Nesse momento ele é o filme de resistência aos negacionistas de todas as vertentes.

Devemos reconhecer que há setores que se dizem progressistas, mas que ainda fazem parte desse mundo paralelo em negar que o “cometa do autoritarismo” ganha força num terreno em que se nega os princípios da República e da Democracia. Eles preferem a destruição do “cometa” ao contrário de desviá-lo, ou seja, adotam o sectarismo político nas políticas de alianças contra as forças obscuras que rodeiam ao mundo e nosso país em particular. Não teremos eleições fáceis como se fosse um “passeio” de estrelas dançando pelo céu.

 As limitações do “filhote” Jason, Chefe de Gabinete da Presidente dos Estados Unidos, são comuns em algumas lideranças no campo progressista. Jason é o “sinal trocado” de uma geração da antipolítica nas forças da chamada “New Left”.  Elas deveriam orientar a sociedade para a luta comum ao contrário de simplesmente berrar: “Vamos todos morrer!” ou denunciar os interesses dos gananciosos do grande capital numa conversa de bar.  Há burrices também na Esquerda e nós devemos reconhecer isso para que Não Olhe Para Cima ajude na autocrítica de ações que negam a aproximação com as grandes massas. Afinal, Kate declara o não ter votado em Janie Orlean o que não significa que tenha votado em outra candidatura. No filme foi necessário que os cientistas “bonzinhos” mobilizassem uma cantora pop.

Não Olhe Para Cima não se enquadra no gênero comédia ou comédia dramática. Nosso mundo de absurdos é tamanho que escreveram ser um filme de terror. Ele é a mais pura farsa política ao nível de um Nanni Moreti com efeitos visuais. E, na dúvida, vá pesquisar no Wikipédia antes de saber a opinião do jovem ator Tom Holland sobre esse Diretor italiano. Kate, a personagem do empoderamento feminino na ciência da astronomia, foi aprendendo a fazer política no percurso do roteiro que fez a ciência dar as mãos à fé.

Então, olhar simplesmente para os equívocos das forças extremistas da Direita ainda nos faz não olhar para a cima o que impõe fazer política de frente com todas e todos a partir de um debate programático. Precisamos reconhecer que há uma falência no sistema educacional e, com certeza, obtemos resultados de equívocos de quase duas décadas. Um educador como o desconhecido professor Irineu Guimarães precisa ser redescoberto ao menos quanto as suas ações de solidariedade[1]. Será que reconheceram o Carl Sagan no bonequinho? Por que o quadro de Nixon apareceu em destaque numa cena na Casa Branca? Quantos associariam o filme Titanic e a presença de Leonardo DiCaprio no elenco?

Sem olhar para a política surgiram os “memes” sobre o filme. A juventude aderiu ao seu simples compartilhar, mas é necessário muito mais a se fazer para se realizar o bom combate. Imagine como seria mais difícil a história do cristianismo se o Apóstolo Paulo não tivesse a ajuda do Lucas que o acompanhou até o martírio. A solução não é ficar na laje olhando para o céu aguardando a aproximação do fim. A ciência nos ensinou que se aprende fazendo os experimentos. Logo, não podemos deixar de tentar escrever sobre filmes como esse. Caso contrário as novas gerações só conviverá com “O Horror. O Horror.”



[1] A atriz Cate Blanchett coincidentemente estudou num Colégio Metodista aonde começou a fazer Teatro.

13 comentários:

Unknown disse...

Ainda não assisti o filme, mas com certeza vou levar essa reportagem em conta.

Pablo De Las Torres disse...

O olhar petrificado do bilionário para o quadro da guerra civil é um indicativo poderoso no filme. Que o filme sirva para "olhar para trás" não só o "lado bom" para poder "olhar para frente". Parabéns!

Unknown disse...

Parabéns Levarei esse relato em conta Porém não assistir o filme ainda Vou assistir 💯

Blogger account disse...

Parabéns pela análise. Brilhante.

Unknown disse...

Ótima análise👏🏻👏🏻👏🏻

Unknown disse...

Parabéns

Unknown disse...

Ótima análise.
O Ser Humano "racional" é o pior animal que habita na terra.

Unknown disse...

Ainda não tive tempo de assistir ao filme mas esse texto é um incentivo a mais para fazê-lo. Obrigada.

SELO UNICEF 2009/2001 - BAIXIO - CEARÁ disse...

Vim do Twitter para cá sob sua orientação. Eu o felicito pelo texto sobre o filme. Seu relato crítico da ficção a fez ganhar ar de realidade. Precisamos cada vez mais olhar tudo sob muitas perspectivas, sob novos viés. Construir um pensamento demanda tempo, exige esforço mental que quase sempre rende bons frutos. Sua análise é isso: exigir de quem já viu o filme rever o que viu e como viu. Ao mesmo tempo, impulsiona quem não o viu a fazê-lo com um olhar mais profundo, com visão de raio X, cirúrgica.Abraço fraterno.

luiz Claudio disse...

Bom texto, há resistencia!

Monica Araujo disse...

Perfeita análise, quando apenas os caracteres do Twitter não nos permite tanto.
Só lembrando que esse filme foi feito antes da pandemia e esse elo a nossa situação atual é só a comprovação do que representa o filme. Não é humor! É um aviso explícito do que devemos combater!

A VOZ disse...

Uma bela reflexão!👏👏👏

marisa sempre com você disse...

Assisti ao filme e vejo muitas semelhanças com o modo de fazer comédia brasileira. Usar das atrocidades de forma cômica, descontraindo o público. É meio óbvio para mim, que já vivi mais e participo da vida política intensamente. As novas gerações talvez aprendam alguma coisa.