O Azul da Cor do Mar de Leandro Konder
Ricardo José de
Azevedo Marinho[1]
John Lennon[2]
Tínhamos como conhecida a história de Anne Frank (1929-1945), uma
menina que, junto com sua família, vivia escondida dos nazistas no telhado de
uma casa em Amsterdã. Uma vez descobertos no esconderijo, foram enviados para
vários campos de concentração. O único sobrevivente do extermínio foi o seu
pai, que publicou o diário pessoal de Anne, onde ela contou a sua vida na
clandestinidade durante a ocupação alemã nos Países Baixos na Segunda Guerra
Mundial. Anne Frank tornou-se assim um símbolo poderoso contra o genocídio
nazista, e seu diário de vida foi leitura obrigatória na escola por muito tempo
e Leandro Konder (1936-2014) o leu e fez dele uma inspiração num livro atualíssimo
nesses tristes tempos.
Falamos de Introdução ao Fascismo (1977). Contudo, seus ensinamentos e o de Anne parecem presos no armário da história do Ocidente. Caso contrário, não se explica como, com base na barbárie que se desejou desencadear pelo grupo golpista no fatídico 8 de janeiro de 2023 em Brasília, e não pequena parte dos atores políticos de extrema-direita, permitiu, se não encorajou, o ressurgimento do fascismo e nazismo com especial virulência. Pois o conceito de fascismo não se deixa reduzir por outros. Mas o fascismo se reinventa. O fenômeno denunciado a pouco pela Petição 13.236 Distrito Federal / DF, ao dar início a revelação e ações preventivas para debelar os autores do projeto de pogrom tabajara com o fito de assassinar o Presidente da República, o Vice-Presidente da República e Ministro do Supremo Tribunal Federal, obrigam-nos a dimensionar até que ponto estão em jogo a racionalidade liberal e os valores democráticos ocidentais. Daí sigamos a canção: É preciso dar um jeito meu amigo (Ouça no anexo 1) rememorada nos cinemas no incontornável Ainda Estou Aqui (Veja no anexo 2) .
Das palavras de Leandro Konder e dos
seus olhos azuis da cor do mar, podemos intuir que estamos na presença de reacionários
políticos e culturais, uma espécie de nova seita que surgiu e cujos sacerdotes,
disfarçado de “liberdade”, “pátria”, “família”, utiliza
métodos inquisitoriais para suprimir a democracia e a república. Com dogmas,
sectarismo e uma visão maniqueísta, divide o mundo entre esquerda e direita,
promovendo políticas polarizadoras de todos os tipos. No fundo, protegido por
este tribalismo neofascista e neonazista, a promessa maximalista da “liberdade”, “pátria” e “família” deu origem a um
ambiente brutal onde a censura prospera. Estamos na presença de uma ideologia
que imagina um universo paralelo, onde nada é real e onde a história é
reescrita fraudulentamente dia após dia. Assim, a outrora impensável aliança
entre uma extrema-direita radical desejosa de ser hegemônica e os
fundamentalismos é hoje uma sedimentação de uma realidade passada que e em
intentar tribalismos fascistas e neofascista e nazistas e neonazista.
O reacionarismo colocou a democracia liberal em apuros, buscando
evitar a sua responsabilização sem qualquer consequência - o que o Brasil
rejeita -, censurando em vez disso os nacionalismos e populismos de direita que
o confrontam hoje. A vitória dos Republicanos nos EUA é uma triste constatação disso.
Também é verdade noutra área – a defesa do Ocidente – a batalha resiliente de Leandro
Konder para acabar com a ameaça existencial do reacionarismo da extrema-direita
patrocinado pela ignorância, e daí evitar assim a tentativa de esquecer e
apagar Anne Frank (https://www.annefrank.org).
Anexo 2
19 de novembro – 25 de dezembro de 2024
Um comentário:
Konder mostrou que devemos permanecer vigilantes contra o fascismo
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