sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

BOLETIM BRSÍLIA CONECTION - BBC 069 - O gato de Cheshire e o Que fazer?

Qual é o rumo da educação básica municipal em 2025?

 

Ricardo José de Azevedo Marinho[1]

Pacelli Henrique Silva Lopes[2]

 

Uma das passagens mais famosas das aventuras de Alice no País das Maravilhas é quando ela chega a uma encruzilhada. Nela, surge a dúvida. E aí ela vai perguntar ao Gato de Cheshire: “Qual caminho devo seguir?” Ele responde: “Isso depende muito de onde você quer ir… Se você não sabe para onde quer ir, não importa o caminho que você siga”. Apesar da sua aparente obviedade, o que Lewis Carroll escreve nesse diálogo é brilhante. Acrescentaria que é tão necessário conhecer o destino como o ponto de partida de onde se vai partir: essas coordenadas de partida são cruciais para decidir o percurso a seguir.

Vamos supor que saibamos, na educação, para onde queremos ir: por exemplo, aumentar qualitativamente e substancialmente a aprendizagem. Hoje está estipulado qual o calçado a utilizar para caminhar e o vestuário, para resumir a proposta, qual seja, o do projeto democrático educacional. Já nesta segunda condição, não sabemos qual a proporção do magistério que possui esses sapatos e vestimenta adequada para a viagem que devem fazer.

E, além disso, é muito importante, quando vai começar uma nova administração que é preciso desenhar seu Plano Plurianual (PPA) 2026-2029 tendo em consideração a Emenda Constitucional Nº 132 de 20 de dezembro de 2023, que alterou o Sistema Tributário Nacional, para ter clareza sobre a alocação dos seus recursos, inclusive docente, sem entendermos por isso a compreensão, além do vocabulário oficial, do que e para que significa esses sapatos e trajes, propostos aqui como uma analogia de internalização, aceitação e capacidade de condução desta modalidade de trabalho político pedagógico.

Com isso, é crucial a republicanização e democratização do debate orçamentário, num caminho comum para conseguirmos potencializar a educação no nosso país. Temos uma oportunidade com a Reforma Tributária de corrigir desvios não republicanos na legislação de ICMS-Educação pelos entes federativos.

Tanto o ponto de partida face aos equipamentos intelectuais e materiais para viabilizar o objetivo são variáveis dada a imensidão de pessoas que compõem os profissionais da educação, e a diversidade de contextos, modalidades, níveis, tipos de processos e estabelecimentos de ensino daqueles que estão imersos. Daí a precisão e detalhamento do PPA.

O que é necessário, na nossa argumentação, é gerar um PPA avaliado pari passu e feito com um processo independente daqueles que o promovem (para que a sua visão não seja influenciada pela apreciação natural dos projetos), que nos permita conhecer de forma transparente a compreensão e a capacidade de realização das inovações por parte do corpo docente, as suas opiniões sobre o assunto e o progresso no conhecimento significativo as inovações, tendo dois biênios após o início, para se mostrar os sinais de seu andamento.

E para seguirmos esse caminho, não precisamos começar do zero, podemos utilizar ferramentas que já existem, como o Índice de Efetividade da Gestão Municipal (IEGM) do Tribunal de Contas da União. Ele tem como objetivo reunir informações sobre as gestões municipais, servindo como parâmetros de controle externo. É um meio de aperfeiçoamento das ações governamentais e fornece informações aos cidadãos.

Sua base de dados está integrada no conjunto da legislação republicana que bem cumprida representa um avanço significativo para o país.

Imagino que seja viável, nos primeiros meses dos novos governos, lançar esta proposição com base em amostras bem construídas que esclareçam o momento em que nos encontramos: pode-se dizer sem medo de que não é o inferno sombrio que alguns proclamam, nem tampouco a chegada idílica ao céu (é a isso que se refere a excelência) apresentada por outros.

A própria vida, e certamente a vida social, se bem observada, apresentam sempre diferentes tons de cinza, de preto e/ou de branco. E só conseguiremos compreender esses prismas se claramente soubermos aonde queremos chegar. No contexto da carreira docente, as ferramentas para avaliar e potencializar as competências indispensáveis a ela. Isso ajuda a formar uma política educacional fundamentada na busca de um padrão para toda a nação.

Tudo isso opera com a premissa de que a educação realmente importa, e desta forma é imprescindível unir forças para, com paciência e cuidado, iniciar a construção dessa ponte. A grande inovação necessária é a consulta à comunidade na construção do PPA, dentro das possibilidades constitucionais.

Ou seja, o PPA é a ponte estratégica, sólida e exequível de longo prazo, quadrienal, que todos respeitarão, de forma a modificar, com o tempo necessário, as estruturas, processos e relações que conduzam a uma mudança real no aumento e qualidade da aprendizagem.

Só assim estaremos protegendo o patrimônio histórico e cultural que são as escolas.

Por isso, se não sabemos onde estamos, é impossível decidir o caminho que nos levará onde desejamos ir, mesmo que caminhemos muito rápido.

 

9 de dezembro de 2024



[1] Presidente do Conselho Deliberativo da CEDAE Saúde e professor da Faculdade Unyleya, da UniverCEDAE, da Teia de Saberes e do Instituto Devecchi.

[2] Gestor da Teia de Saberes.

 

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