sábado, 9 de outubro de 2021

BOLETIM ROMA CONECTION/NÚMERO 8 - JUVENTUDE E DILEMAS DO FUTURO

A Juventude e a Batalha do Futuro Próximo.

Por Letycia Campello

 

Nunca esteve tão evidente o importante papel da juventude no desenvolvimento da sociedade. Entretanto, os desafios e obstáculos que estão aparecendo como consequência dos atos das gerações passadas estão causando sérias preocupações no meio jovem. Existe uma banalização muito grande da educação, onde o jovem com seu diploma em mãos precisam trabalhar em áreas completamente diferentes da que se formou por não ter oportunidades no mercado, e por faltar valorização no mesmo, indo por caminhos distantes do seu ponto inicial.

Hoje em dia, o que mais se vê são pessoas optando por carreiras em que se dê para trabalhar sem depender tanto de vínculos empregatícios, onde a autonomia tem sido o principal alvo das carreiras. Este fenômeno da busca pela falta de vínculos em CLT pode trazer a tona diversas evidencias de coisas que estão acontecendo neste exato momento: a popularização dos ideais liberais sendo apresentados aos jovens de maneira fantasiada, influenciando fortemente a se desprender de tudo e a se tornar cabeça de um mercado que só se alcança sendo puxado por alguém; o fenômeno do coach de empreendedorismo, que planta uma ideia de crescimento no mercado que na prática não é proveitoso e recompensador para a grande maioria das pessoas. A grande desvalorização do diploma e as exigências absurdas de cargos simples. Cada um desses pontos carrega em si um grande potencial em tirar o jovem de dentro da universidade e jogá-lo em uma fantasia de que tudo que tocar as mãos virará ouro do dia para a noite, quando se sabe que não é bem assim que funciona, e o resultado disso são frustrações e a sensação de ter corrido numa esteira, onde se deu tudo que tinha sem sair do lugar.


Na prática, a educação no Brasil sempre foi uma problemática desde os tempos do Império. As exclusões que haviam e os requisitos para ser simplesmente letrado eram absurdos, e hoje conseguimos ver o reflexo claro desta política ultrapassada, que cravou tão forte suas raízes na sociedade que mesmo centenas de anos depois é possível ver a marca da enorme falta de oportunidade que assolou a maioria da população brasileira. O grande desafio do jovem com a educação neste quesito é que a responsabilidade de recuperar todo este tempo científico perdido caiu sobre nós, e ao mesmo tempo, vivemos em um contexto onde a verba para financiar esta corrida contra o tempo se torna cada vez mais baixa a cada dia, sofrendo ataques diretos de um governo que valoriza mais o conservadorismo que a própria evolução do campo científico e intelectual da nação, ignorando completamente uma possibilidade de avanço protagonizado pela juventude brasileira.

Ainda com todos os diversos obstáculos na educação, somos hoje o intermediário entre os últimos suspiros e gritos de socorro da natureza e a mão da industrialização e da ganância que a sufocam. Desde pequenos, fomos ensinados a poupar água enquanto o agronegócio desperdiça, fomos ensinados a não jogar lixo nas ruas enquanto as grandes companhias descartam toneladas de plástico, fomos ensinados a preservar os rios enquanto a cada dia mais litros e toneladas de conteúdo poluente são jogados nos mesmos, fomos ensinados a amar e preservar as florestas enquanto elas são desmatadas dia e noite para enriquecer mais aqueles que convém. Em tudo isto, há dentro de nós um sentimento de culpa por sermos hoje a ponte que tornará este belíssimo planeta em cinzas se não levantarmos nossa voz a tempo, e usarmos a força que ainda nos resta para impedir que destruam nossa casa. Mas como fazer isso enquanto muitos de nós está preso nos pensamentos dos destruidores? A resposta está na educação.


Esta geração que vos fala pode ser a que descobrirá cura para doenças antes consideradas atestados de óbito, esta geração pode ser a que impeça o avanço do relógio do fim do mundo e do colapso ambiental, mas tudo isso dependerá do preparo encontrado nos livros, laboratórios e nas mentes brilhantes daqueles que foram ofuscados por toda a vida por um sistema que preza pelo lucro excessivo em cima de exploração em massa, e ignora qualquer potencial que venha dos mais desfavorecidos. Por mais angustiante que seja a atual realidade desta nação, ainda há esperança nas mãos daqueles que não se conformam com o negacionismo e ignorância, ainda há a possibilidade de reconstruir a estrada para o jardim, e entregar o florescimento de uma nova primavera humana nas mãos de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos. A humanidade ganhou uma nova perspectiva de tempo, o famoso A.C./D.C. poderá facilmente simbolizar um mundo Antes do Covid e Depois do Covid.