Há muitas especulações sobre o perfil do eleitor de Marina Silva e sobre sua postura diante do Segundo Turno. Muitos já sabiam das opiniões da candidata a Presidência do Partido Verde sobre os temas relacionados aos valores cristãos o qual propõe plebiscito para deixar para a sociedade decisões que podem colocar a política sob refém do fundamentalismo religioso. Observamos que a política vinculada a fé é uma característica já presente desde o século XIX quando a Igreja Católica lançou a Doutrina Social como forma de se manter distante do legado do liberalismo político e da social-democracia.
Segundo a nova configuração política da votação da candidatura de Marina Silva, uma neutralidade política no segundo turno despolitizará ainda mais essa tendência eleitoral dos valores cristãos, o que aumentaria a força política do “caciquismo evangélico” onde cada pregador ou líder protestante negocia um segmento eleitoral da sociedade com os candidatos a Presidência. Lamentavelmente, a postura defensiva de Dilma em relação a política pública para as mulheres contribui para esse processo que pode criar uma vertente de um populismo cristão conservador em defesa dos interesses de uma nova classe média.
Os Verdes devem ter autonomia para expor seu programa e até em deixar seu provável eleitor liberado a votar em quem desejar, mas isso implicará numa renúncia da prática da política numa conjuntura decisiva. Não se deixem levar para o pragmatismo num momento histórico de equilíbrio de forças no Congresso Nacional no caso da vitória da Oposição no executivo. Muito além disso, não se esqueçam que muitos eleitores evangélicos estão sendo convencidos de que o discurso do “aquecimento global” é uma trama diabólica do Anti-Cristo. Portanto, a neutralidade dos Verdes poderá custar mais para a democracia brasileira e para a causa ecológica diante do fortalecimento do legado da direita populista cristã.
2 comentários:
caro amigo vagner,gostei muito do blog.Minha posição em relação a estes temas é conhecida:a religião é uma questão de foro íntimo.Abandonei a idéia marxista de que só existe progresso na razão inversa da superação da religião,mas estou convencido cada vez mais de que o verdadeiro progresso,que se dá nas consciências,começa na reestruturação da relação entre a cidadania e a religião.A religião é uma questão de foro íntimo e decisão pessoal.Estou fazendo um texto para colocar estas idéias,as consequências destes pressupostos.
Amigo. Penso que o voto verde será determinado pelo estado do eleitor. SP vai pro Serra, RJ e MG ficará dividido e o Nordeste é da Dilma. A neutralidade dos Verdes é estratégica. A velha idéia do não comprometimento futuro, não desejam esvaziar seu capital político conquistado a duras penas no primeiro turno. Quanto ao "voto religioso" a tendência clara é concentrar-se no centro-direita, ou seja, identifica-se ideologicamente e até pela postura ético-intelectual com o candidado Serra. Um abraço e a luta continua!!!!
Raul Japiassu
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