1964: seis décadas depois
John Lennon
Ao optar pelo silêncio oficial, sobre uma reflexão
dos 60 anos da ditadura militar ou cívico-militar, sobrou para os autores
políticos, formadores de opinião, especialistas no mundo universitário,
estudantes, seja lá quem for, é de suma importância falar sobre 1964. É de se assustar
pelo tal silêncio, do Governo com disposição para se desalinhar no anacronismo
histórico no uso da expressão do Holocausto na acertada crítica a ausência de
um cessar fogo nos conflitos em Gaza que está a tirar vidas de inocentes.
O silêncio é uma perda de oportunidade para expor
aos mais jovens o que foi essa época dura, aonde a censura, autoritarismo
reinava. A ausência da memória da História é um ponto que desafia a nossa
Democracia. Como explicar a um jovem, que com o seu celular, tem total
liberdade, para opinar, fazer perguntas, pesquisar, e se expressar, o que de
fato rolou em 64?
Para os nascidos nos anos 90 já é de grande
dificuldade tal assunto, quem dirá para essa geração que nasceu no berço da
tecnologia. Porém a história está aí, não tem como fugir. Esses jovens que
viram o que foi 2022 estão reféns de uma polarização avaliam o passado com
linhas tortuosas.
O que deixou marcado para a história brasileira
nesses anos turbulentos, foram as práticas de torturas, mortes, perseguição,
opressão, mas outras marcas não se apagam, a geração artísticas, a própria
Igreja, estudantes, imprensa, intelectuais, entre outros, fizeram uma pressão
para as Diretas já, deixando um legado que hoje se pode ter essa liberdade.
Tanto em 1964 quanto em 2022 houve uma presença de
setores religiosos favorável
a uma ditadura, ou seja, sair da trilha democrática para reintroduzir os passos
conservadores. Contudo, muitos se arrependeram por apoiar o Golpe 64 uma vez
que as forças conservadoras se distanciam das forças reacionárias. Observo, o
mesmo fenômeno na atualidade aonde muitos se desligando da polarização, porém
não encontrando acolhida nas forças centristas por inúmeros motivos.
Portanto, as lições dos tempos contemporâneos,
fazendo um paralelo entre os 21 anos de Ditadura Militar e os tempos atuais, é
que para se construir uma Frente que se encaixam todos que está disposto a
virar essa página de anos turbulentos, isso inclui todas as alas, seja os
conservadores em suas diversas matrizes, a direita democrática, os setores
empresariais, que fogem de um radicalismo, que muitos abraçaram a necessidade
de uma estabilidade política sem a necessidade de uma “política do espetáculo”.
Caso não faça uma reflexão do passado, a derrocada da Democracia é logo ali.
Temos os sinais das forças obscuras rodeiam a Democracia. Testemunhamos o
retorno do Trumpismo nos EUA com o eleitorado
hispânico e negro omisso ou aderindo e a Argentina com Milei apresenta índices de aprovação acima de 50%.
E com tal
polarização, não ganhamos nada, só a radicalização que ganha espaço, dado que a
antipolítica é um argumento que se pega e espalha rápido, há sempre um fantasma
a ser enfrentado, e o nosso é a Ditadura Militar, que tem que ser sempre
lembrado, como anos turbulentos.