Educação
e Futuro da Democracia
Vagner Gomes de
Souza
Estamos num ano de
encerramento do ano letivo no país. Valeria um balanço do primeiro ano de
gestão do Ministério da Educação no Governo Lula – Alckmin. Como em diversos
segmentos do governo, observamos que a Frente Democrática ainda se encontra
desafiada pelas mazelas da pandemia no qual o antecessor nada fez como se a
sociedade estava aprisionada a um “Game”. Essas seriam, em breves linhas, nosso
balanço para que a educação tenha um trabalho contínuo para que o futuro da
democracia não esteja sob ameça.
Os números das
avaliações indicam o retrocesso na educação brasileira em apenas quatro anos.
Esse retrocesso colaboraria com o negacionismo científico em inúmeras
situações. Por exemplo, se um aluno do ensino médio explica com naturalidade
que as chuvas caem porque há nuvens acionadas pelos raios, observamos que
estamos no limiar do “fundo do poço”. Imagine os olhares de desconhecimento
para temas da saúde, por exemplo, a diabetes.
Seriam dois temas em
que suas habilidades estariam abordadas no ensino fundamental. Aliás, diversos
especialistas em educação adoram enumerar que a situação do ensino fundamental
estaria melhor que no ensino médio. Dependeria dos parâmetros a quais se
referem. Muitas vezes usam os números de evasão escolar e de aprovação nessas
opiniões comparativas. Muitos se silenciam sobre os impactos de uma “aprovação
automática” disfarçada e, sem critérios pedagógicos, uma fantasia de relatórios
que ficarão a ser lidos pelos “ratos da História”.
A manutenção do gestor
no Ministério da Educação, ainda que haja ajustes a serem feitos, seria um
desafio no comparativo a gestão anterior. Aos poucos, a Secretaria de Ensino
Superior consolida um perfil mais expansivo na abertura de novas vagas no
ensino universitário público. Todavia, assim como os alertas sobre o ensino básico,
devemos estar atentos a descaracterização do ensino EAD que seria mais complementar,
porém está assumindo força sem um balanço. No nível do Ensino Básico, a
necessidade de uma melhoria na articulação política do Ministério com os entes
da federação seria urgente.
A inserção das mudanças
ao projeto original de ajustes ao Novo Ensino Médio, relatado por um
parlamentar de um partido da base do Governo, não pode ser visto como se fosse
um revanchismo político ou com a nova onda do neoliberalismo pedagógico.
Números de aulas aula não são critérios para serem polarizados num debate
político sobre a Educação. Ser mais criterioso nas ofertas de ensino presencial
se faz necessário uma vez que a juventude pobre tem todas as cores e o
princípio da universalidade do acesso a educação pública deve atender todos os
segmentos sociais. Os ajustes necessários no Novo Ensino Médio devem agregar
esse princípio político republicano e democrático.
Apesar dos deslizes
sobre as manifestações de alguns assessores sobre o ensino nas escolas
civil-militares, devemos sempre estar abertos a inclusão de todas e todos.
Vejam um exemplo do governo de Centro-esquerda da capital carioca para perceber
que a ascensão do Partido dos Trabalhadores a gestão municipal não foi
condicionada a suspensão desse projeto em algumas unidades escolares. Esse
amadurecimento deveria se espalhar para outras esferas do Governo Federal.
Ainda temos o desafio
da leitura e escrita numa sociedade cada vez mais digitalizada. O Ministério da
Educação, com auxílio de especialistas da educação e da saúde, precisa promover
uma campanha de esclarecimento aos pais e a juventude sobre o uso excessivo dos
canais digitais em celulares. A ansiedade na juventude provavelmente cresceu
nas últimas décadas e a educação está se adaptando com o problema ao contrário
de ser um espaço para fazer valer a orientação educacional. Se um professor não
pode criar suas regras de convivência com as novas tecnologias na unidade
escolar, tudo é fruto da ausência de uma parceria com a família. Esse debate
deve incluir os responsáveis para que tenhamos uma melhor valorização do uso do
tempo livre para o lazer e a leitura. Todavia, faltam espaços públicos federais
apresentados uma diversidade de programação cultural. Enfim, está faltando
diálogo entre os Ministérios da área social. Esse seria o papel de um Ministro
da Casa Civil promover.
Um Brasil de livros se
faz com leitores motivados nas escolas e nas famílias. Não se cria mais
leitores com disciplinas como “Circulo de Leitura” ou “Rodas de Leituras”.
Essas iniciativas são sinalizações de estimulo pedagógico que precisam ser
acompanhadas por outras iniciativas, por exemplo, “Caravanas dos Livros” (levar
bibliotecas móveis em comunidades da periferia). Por fim, diante de um Governo
que deseja ter a marca na busca da igualdade de gênero, não podemos ter ainda
um enorme déficit de creches públicas no país. E Creches que estejam abertas
até 18 horas, pois temos as creches que encerram suas atividades às 15 horas
diante do silêncio de parlamentares até do campo da Esquerda.