segunda-feira, 20 de novembro de 2023

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 026 - COMO O BEATO JOSÉ MARIA GESTOU JAVIER MILEI?

Último Tango em Buenos Aires


Não fique pensando no que aconteceu,

no que não aconteceu, senão, vai ter mil passados e nenhum futuro.

(Citação de O Segredo dos Seus Olhos)

 

Por Vagner Gomes de Souza

 

Sem uso de manteiga os argentinos acordaram hoje numa aventura de atração pelo perigoso extremismo de Javier Milei. Ensinou-nos Bernardo Bertolucci que esse relacionamento anônimo perderá controle. Os seguidores de Macri, distantes do que um dia foi a União Cívica Radical, muito se arrependerão diante dessa nova versão da americanização dos pampas.

A política na Argentina está em transe uma vez que o centro político muito pouco se fez presente na apresentação de um programa político. E o segundo turno foi um debate sobre o equilíbrio emocional. Mas, o que esperaremos de uma sociedade que convive com um Coringa a procura de uma Arlequina. E temos a ideia de liberdade dos antigos diante de uma emancipação fantabulosa.

Fantabulosos são esses Hermanos que tem em seu território um território chamado “Fim do Mundo” como lembrou uma vez o Papa Francisco. Fantasmas da hiperinflação e de um kirchnerismo próximo ao abismo da renúncia de dialogar com o princípio da Frente Democrática. Apesar de Argentina, 1985 ter feito muito barulho na mídia brasileira com seu tom de ressentimento às avessas, lembremos que Oscar de Melhor Filme Estrangeiro os argentinos ganharam por História Oficial (1985) e O Segredo dos Seus Olhos (2009). Filmes que se ampliaram para o campo democrático em momentos políticos significativos.



Enfim, aguardemos as possibilidades de dialogo ainda abertas como assinalou o presidente do Chile, que sente uma reversão política das expectativas em seu país. Já se assinala que uma Internacional de Extrema-Direita está muito bem articulada nas redes sociais e que tem um forte apelo de mobilização na juventude em cada país. Dos jogos em celulares passando pelos aplicativos de sucesso e empreendimentos até chegar a militância antipolítica. Temos um cenário muito aberto para que novos sujeitos políticos venham a emergir com faixas etárias menores, pois a acupação política do Estado a ser desmontado é uma possibilidade para que esteja na geração “Nem Estuda e Nem Trabalha”. Acrescentariam o terceiro Nem (Nem Programa).

Sem o doce de leite dos alfajores, abre-se uma nova etapa na Argentina de Sarmiento que fez a crítica ao caudilhismo em Facundo. Vamos acompanhar e ajudar naquilo que for comum no conjunto do Sul da América para que não haja uma instabilidade maior nas “Terras do Sul”. Em breve novas eleições ocorrem na Argentina para renovar parte do Congresso Nacional e tudo dependerá das forças políticas democráticas estarem atentas aos números da economia com a desigualdade social agravada aos efeitos da emergência climática.

Duas Guerras tortas (Ucrânia e Faixa de Gaza) estão deixando a Democracia no mundo sem condições de respiração. Itália foi um primeiro sinal. O Paraguai emergiu um obscuro político que faz um discurso cheio de xenofobia contra os brasileiros. A celebrada vitória na Colômbia gradualmente vira um pesadelo. E teremos eleições norte-americanas em menos de 12 meses aonde Trump com inúmeros processos não perde capital eleitoral.

No Brasil, os especialistas em eleições nas diversas franquias que se dizem de esquerda parecem estar de bruços para a chegada de algum Marlon Brando. Não se atenta ao som dos Helicópetros UH-1 Huey (usados na Guerra do Vietnã) que antecipam as rajadas das metralhadoras ao som das Walquírias. O “modus operandi” das redes sociais deixam em germinação as sementes das heras venenosas que serão colhidas nas eleições municipais. Não se pode fazer encontros tranquilos e defender Frente de Esquerda nas capitais brasileiras depois do que houve na Argentina. Não ampliamos a margem da vitória acidental de 2022. Sejamos mais cautelosos com as movimentações pré-eleitorais diante de uma sociedade que não se considera atendidos nas demandas mobilizadas em campanha sem debate programático. Tem muitos ajudando a empurrar o eleitor de Centro-direita para os braços do extremismo. Porém, temos estrategistas distantes da realidade que esnobaram Damares, Mourão, Moro e outros nomes como viáveis eleitoralmente na disputa ao Senado.

 A realidade foi outra. Não há autocrítica sobre as eleições ao parlamento pois fazem uma métrica colorista ou de gênero. Na verdade, como o Aipim de Santa Cruz e outros lugares a mandioca cresce para baixo junto com os defensores da Frente de Esquerda. Assim que o som do samba tiver atravessado a Avenida e os blocos de rua, teremos o fim dos efeitos da fortuna. A ausência de um Partido Republicano e Democrático se faz sentir. Então, a serenidade se faz necessária para evitar o efeito Orloff.


Um comentário:

José Bezerra de Oliveira disse...

Estamos vivendo na política uma questão psicológica, não política.