DO
PASSADO PARA UM BREVE DIAGNÓSTICO DO PRESENTE
Isabella Souza da Silva
"NADA SE ASSEMELHA
A UM SAQUAREMA COMO UM LUZIA NO PODER". Essa frase que foi atribuída a
proprietário rural Antônio de Paula Holanda (Visconde de Albuquerque), um
político de Pernambuco, no segundo reinado do Brasil. A época em que a
"casa" estava uma verdadeira bagunça, pois eram tempos de superação
das rebeliões regenciais e suas polarizações regionais.
A citação se explica em
consequência da emergência dos partidos em destaque no Segundo Reinado
(1840-1889) - o Conservador (chamado de Saquarema) e o Liberal (chamado de
Luzia). Ambos discordavam sobre a centralização do poder, mas se uniam quando aos
fundamentos socioeconômicos, ou seja, o monopólio da terra e do regime
escravocrata. Foi Ilmar Rohloff de Mattos que trouxe a luz uma interpretação
sobre essa característica do transformismo brasileiro em O Tempo Saquarema.
Voltar para dois
séculos atrás é essencial para nos fazer observar as raízes dos problemas e as
semelhanças entre o passado e o presente que recai sobre o país nesse momento político.
Após as lutas pela independência, tudo começa com o “Golpe da Maioridade”
(1840) promovida pelo Partido Liberal para antecipar a gestão do segundo Pedro,
mas os “regressistas” se fortaleceram como conservadores.
Isso fez com que D.
Pedro I, enquanto "expulso", fizesse o pequeno Pedro subir ao trono
com apenas 14 anos, porém, o Império estava sob o predomínio de uma elite
agrária distinta da que atualmente se organiza no “Oeste” brasileiro.
Entretanto, sob a égide unificadora da “Coroa” girou a moeda desse núcleo dirigente
com suas sedimentações da “Guarda Nacional” na configuração do coronelismo em
plena República.
Logo mais, tudo poderia
mudar com a Revolução de 1930, que tirou os oligarcas do núcleo de decisões e instaurou
a “Era Vargas” (1930 – 1945). Assim, as forças inorgânicas na política se viram
isoladas ao ponto de, em 1923, o nosso Oliveira Vianna escrever a obra O Idealismo da Constituição que foi uma das
grandes obras a criticarem esse tipo de liberalismo e (talvez) o primeiro a
trazer a notoriedade que há dois pensamentos no campo político.
Saltemos no tempo,
vamos cair no terrível fracasso que foi o governo Collor que pretendeu refundar
um Brasil agrário provavelmente, mas em passos acelerados. O Plano Real de
Fernando Henrique Cardoso foi outro momento de coabitação entre “Luzias” e “Saquarema”.
A interrupção do mandato de Dilma e o esvaziamento do centro político no
Governo Michel Temer que aprovou a reforma do "novo" ensino médio
como se fosse a forma de reforma a individualização dos sujeitos na sociedade.
A barbárie do Bolsonaro se fez nesse “vazio”. Para finalmente a terceira
vitória de o Lula abrir a possibilidade de um debate sobre a transição energética
sob os olhos nos novos números do Censo Populacional de 2022.
Nesse início de oitavo
mês da gestão Lula/Alckmin, ainda se vê novas descobertas de tentativas de ataque
a democracia por grupos sectários e a inconformação de seus seguidores do
mandatário anterior. Porém a alternativa do Lula de se manter no Centro apesar
das ambiguidades quando menciona a Revolução Industrial e fala as nuvens ao
comentar sobre o comunismo em seus recentes discursos. Por outro lado, mesmo
tempo em que mantém o protagonismo do Vice-Presidente da República diferente do
que se fez nos Estados Unidos e se permite aos temas ditos do mercado. Ainda é
uma incógnita se o delírio bolsonarista irá se pacificar nas próximas eleições.
Contudo, podemos concluir com essa análise do tempo, apesar de substituições de
chefes de Estado, todas as vias levam ao mesmo lugar pela moderação.