quarta-feira, 12 de julho de 2023

CARBONÁRIOS DO SÉCULO XXI - EDUCAÇÃO AMBIENTAL SEM PLANO A OU B?


                                       Educação Ambiental no Rio de Janeiro

Dedicado a Ex-Deputada Jurema Batista

Carlos Alfredo Nagle[1]

Um belo espetáculo foi ver a baleia jubarte na praia de meu bairro, Ipanema, a cerca de um mês atrás. Lembrei-me de que, muito antes de me interessar para o meio ambiente, nas aulas da Escola Municipal (fui aluno de escola pública) um professor explicou que esses cetáceos vinham ao nosso litoral para buscar condições para a reprodução da espécie. Nada de gastos com cartilhas naquele tempo para se observar o conhecimento.

Então, me peguei a pensar sobre a importância de um programa de ensino da Educação Ambiental nas escolas. Foram nelas que surgiu minha primeira motivação como um aluno curioso sobre o mundo ao meu redor. Em seguida, fui estudar o antigo secundário no Colégio Pedro II num momento conturbado pelo inicio da Ditadura Militar. Havia um professor de Geografia, que poderia ser considerado tradicional, mas foi um dos primeiros a anunciar sobre a possibilidade das mudanças climáticas e seus impactos para as encostas do Rio de Janeiro. Ele era discípulo de Fernando Antônio Raja Gabaglia e nos fez ler o livro do mesmo para os exames do curso (Leituras Geográficas). Esse saudoso professor muito falava sobre os rios cariocas e dava como exemplo o Rio Pavuna que estava ainda a se perder na poluição.

Estávamos muito iludidos pelas leituras de Louis Althusser numa linha empobrecedora de compreensão do marxismo e da conjuntura. O importante seria a nossa identidade na luta contra a Ditadura Militar. Não pude compreender naquela época a coragem da linha do antigo partidão em sequência ao seu VI Congresso (1967). Tempo se passou. Meu exílio me levou a reencontrar a Geografia e a perspectiva da educação ambiental, porém a tecnocracia pretendia colocar o meio ambiente circunscrito ao campo das ciências da natureza. Todavia a ecologia é uma ciência humana e para um mundo mais amplo que as “caixinhas” de ressonância dos conceitos que hoje a rodeiam.

Na minha Carta Aberta anterior, eu lamentei a redução do tempo semanal da disciplina de Geografia na Rede Municipal do Rio de Janeiro. Esperei, por pura ilusão de um velho ativista, que o jovem Secretário de Educação carioca fosse postar algum comentário a essa passagem. Ilusão minha. Os jovens secretários da gestão municipal do Rio de Janeiro estão ocupados em fazer imagens para suas mídias sociais. Foi-se o tempo que uma carta na Coluna de Leitores do Jornal do Brasil era respondida pelos gestores públicos que hoje se assemelham a influencers de ausências programáticas.

Portanto, talvez o caminho seja acreditar na invenção da política, ou seja, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Clima buscar um diálogo para que tenhamos mais educadores da rede municipal a ministrar aulas de educação ambiental nas unidades escolares. A educação ambiental é tema transversal e precisa de mais recursos uma vez que o melhor espaço para se aprender é na aplicação desse conhecimento. Contudo, é necessário ter ousadia para exigir mudanças diante dos “Filhos de Havard”.

Qual é o programa para a Educação Ambiental? Esse precisa ser debatido nas comunidades escolares pelas mesmas. Unificar aos Projetos Políticos e Pedagógicos (PPPs) das unidades escolares as perspectivas das ODS da ONU. Na gestão de Educação do Governo anterior, havia referência aos mesmos temas nos materiais pedagógicos distribuídos pela SME-RJ. A continuidade com novas tonalidades precisa ter esse ponto de encontro entre Republicanos e Sociais Democráticos no arcabouço da Educação Ambiental. A inspiração da “Grande Política” nesse tema se faz evidenciar que muitos jovens gestores ainda se sentem envaidecidos e não acolhem as críticas construtivas como se fosse estar a “falar mal”. 




[1] Liderança estudantil em 1968. Formado em Geografia. Ex-colunista no Jornal do Brasil.

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