domingo, 6 de agosto de 2023

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 020 - OS SEIS MESES + 1 DO GOVERNO LULA/ALCKMIN


Visconde de Albuquerque

DO PASSADO PARA UM BREVE DIAGNÓSTICO DO PRESENTE

Isabella Souza da Silva


"NADA SE ASSEMELHA A UM SAQUAREMA COMO UM LUZIA NO PODER". Essa frase que foi atribuída a proprietário rural Antônio de Paula Holanda (Visconde de Albuquerque), um político de Pernambuco, no segundo reinado do Brasil. A época em que a "casa" estava uma verdadeira bagunça, pois eram tempos de superação das rebeliões regenciais e suas polarizações regionais.

A citação se explica em consequência da emergência dos partidos em destaque no Segundo Reinado (1840-1889) - o Conservador (chamado de Saquarema) e o Liberal (chamado de Luzia). Ambos discordavam sobre a centralização do poder, mas se uniam quando aos fundamentos socioeconômicos, ou seja, o monopólio da terra e do regime escravocrata. Foi Ilmar Rohloff de Mattos que trouxe a luz uma interpretação sobre essa característica do transformismo brasileiro em O Tempo Saquarema.

Voltar para dois séculos atrás é essencial para nos fazer observar as raízes dos problemas e as semelhanças entre o passado e o presente que recai sobre o país nesse momento político. Após as lutas pela independência, tudo começa com o “Golpe da Maioridade” (1840) promovida pelo Partido Liberal para antecipar a gestão do segundo Pedro, mas os “regressistas” se fortaleceram como conservadores.

Isso fez com que D. Pedro I, enquanto "expulso", fizesse o pequeno Pedro subir ao trono com apenas 14 anos, porém, o Império estava sob o predomínio de uma elite agrária distinta da que atualmente se organiza no “Oeste” brasileiro. Entretanto, sob a égide unificadora da “Coroa” girou a moeda desse núcleo dirigente com suas sedimentações da “Guarda Nacional” na configuração do coronelismo em plena República.

Logo mais, tudo poderia mudar com a Revolução de 1930, que tirou os oligarcas do núcleo de decisões e instaurou a “Era Vargas” (1930 – 1945). Assim, as forças inorgânicas na política se viram isoladas ao ponto de, em 1923, o nosso Oliveira Vianna escrever a obra O Idealismo da Constituição que foi uma das grandes obras a criticarem esse tipo de liberalismo e (talvez) o primeiro a trazer a notoriedade que há dois pensamentos no campo político.

Saltemos no tempo, vamos cair no terrível fracasso que foi o governo Collor que pretendeu refundar um Brasil agrário provavelmente, mas em passos acelerados. O Plano Real de Fernando Henrique Cardoso foi outro momento de coabitação entre “Luzias” e “Saquarema”. A interrupção do mandato de Dilma e o esvaziamento do centro político no Governo Michel Temer que aprovou a reforma do "novo" ensino médio como se fosse a forma de reforma a individualização dos sujeitos na sociedade. A barbárie do Bolsonaro se fez nesse “vazio”. Para finalmente a terceira vitória de o Lula abrir a possibilidade de um debate sobre a transição energética sob os olhos nos novos números do Censo Populacional de 2022.

Nesse início de oitavo mês da gestão Lula/Alckmin, ainda se vê novas descobertas de tentativas de ataque a democracia por grupos sectários e a inconformação de seus seguidores do mandatário anterior. Porém a alternativa do Lula de se manter no Centro apesar das ambiguidades quando menciona a Revolução Industrial e fala as nuvens ao comentar sobre o comunismo em seus recentes discursos. Por outro lado, mesmo tempo em que mantém o protagonismo do Vice-Presidente da República diferente do que se fez nos Estados Unidos e se permite aos temas ditos do mercado. Ainda é uma incógnita se o delírio bolsonarista irá se pacificar nas próximas eleições. Contudo, podemos concluir com essa análise do tempo, apesar de substituições de chefes de Estado, todas as vias levam ao mesmo lugar pela moderação.

4 comentários:

Celsoapsil @hotmail.com disse...

Industrializar o Brasil com indústrias de tecnologia. Isso resolve o problema de no futuro tentarem retrocesso novamente.
Direita e extrema direita querem minar às fontes de recursos do governo federal.
Fernando Henrique criou CPMF, derrubaram no segundo mandato de LUIZ Inácio Lula da Silva justamente para que o presidente não tivesse recursos para o social.
Lava jato todos já sabem que.havia um grande interesse estrangeiro.

luiz Claudio disse...

Excelente texto: uma passagem pela história do Brasil para começarmos a entender a conjuntura da política brasileira.

Sérgio disse...

Muito superficial embora bem intencionado!...

Guilherme Silva lima disse...

Eu gostei muito Izabella ❤️