domingo, 23 de outubro de 2022

BOLETIM ROMA CONECTION - EDIÇÃO EXTRA 2 - CARTA ABERTA AO LULA

 

JFK@gov para Lula@pres

Ítalo Calvo 

(Pseudônimo de um rubronegro muito famoso)

Prezado Lula

Estava conversando com o Roosevelt e o Vargas com a intermediação de San Tiago Dantas e eles me contaram que você representa o último líder do movimento operário do século passado, uma classe praticamente extinta como os camponeses. Vendo a sua campanha e seus debates com o seu adversário fiquei rindo pensando que Nixon era um escoteiro comparado com o que vocês criaram no Brasil, terra que ajudei com o “Aliança para o Progresso” e ganhei como retorno um local na periferia chamado “Vila Kennedy” com gente sofrida, mas alegre.

Eu entrei para a História por vários motivos, uns bons, outros ruins, como o meu fraco por mulheres e o que fazia na Casa Branca. Vi que Trump fez muito pior, segundo me falou George Bush pai. Um dos motivos pelo qual sou lembrado é o debate que fiz com Nixon na televisão. Ele suava, eu fiquei mais calmo. Ele não sabia usar a televisão, eu aprendi a usar a essa máquina fazendo o papel de bom-moço. O programa dele era melhor que o meu, mas queriam “comprar” um produto e não, ouvi-lo. Nixon e eu rimos disso outro dia num pôquer. Ele perdeu porque eu sei blefar melhor. Minhas sugestões para essa reta final:

- Esqueça o voto evangélico. Não use essa expressão. Eu fui o único católico que presidiu os EUA e levei muita pedrada e nunca precisei fazer um pedido para qualquer outra religião. Na minha época já existia líder religioso picareta que depois entrou para a televisão. Eu incluí os negros, os latinos furiosos com Fidel. Acenei para os jovens. Fale para os jovens. Vi um rapaz fumando algo esquisito num programa e você falava sobre o que fará pelos jovens na geração 4.0. Foi algo positivo. Fale para os pobres. E diga algo legal: chame os evangélicos de Protestantes. Lembre que eles começaram protestando, Lutero era um revolucionário. Dica do Luther King que foi um ex-presidiário, como o Mandela.


- Os jovens têm hormônios em ebulição como eu. Fale de novo que todo mundo vai namorar. Só não diga “quem quiser”. Só namorar.

- Eu vi uma parte do seu debate falando sobre Petrobras. Não entendi nada. Perguntei ao Lacerda, com quem tenho boas relações e ele me disse: Lula nesse você “cirou”. Não entendi a piada interna. Só sugiro: evite números demais. Nunca precisamos disso para ganhar eleição nos EUA. O Dewey me falou que a garotada hoje presta atenção só uns 5 minutos no que se fala. Menos número e mais emoção. Mas controle seu tempo.

- Gostei da gravata. Ela chamou a atenção. Repita. Faça a sua marca. Aposente as vermelhas. Tem uma menina aí que já falou sobre isso. Teu povo fala sobre não ser vermelho e esquece que o nome do país vem de brasa, vermelho. Fale mais do futuro. O JK me disse que o slogan dele falava sobre futuro. Vargas me contou que ele sofreu porque só falavam de passado.

- Eu não bato papo com o Mussolini, mas meu pai tinha amizade secreta com ele por mais de dez anos. Meu pai me disse que não adianta chamar fascista de fascista. É elogio. Mussolini não gostava de lembrar das derrotas, como o desgaste na Etiópia e a vergonha na II Guerra. Fale mais da pandemia. E lembre que Bolsonaro foi expulso do exército. Patton ouviu uma frase um aliado seu e gostou: Quem nunca foi um bom soldado, jamais será um bom comandante. Lembre que seu adversário tem que sair expulso da presidência como saiu do Exército. Isso mexe com quem tem o cheirinho fascista. Imagino que deva ser esquisito ter um adversário que não é da sua praia. Tenha calma. Controle seu tempo. Ria. Roosevelt sepultou o Lindbergh (o nosso) com temperança.

- Por último, o “sonho americano” chegou com 100 anos de atraso. Os pobres não gostam mais de serem chamados de empregados ou funcionários. Todos são colaboradores. E o “sonho americano” agora é dizer que é “empreendedor”. Você teve e criou nos anos 1980 o sonho americano no sindicalismo. Não bata nisso dizendo que as pessoas são exploradas etc. Diga que vai ajudar no sonho. Sabemos que é um pesadelo, mas as pessoas gostam de sonhar.

Jacqueline mandou recomendações. Disse que a anterior na sua campanha é melhor que a atual. “O menos é mais”. Não entendi o que ela quis dizer.

Atenciosamente,

John Fitzgerald Kennedy


3 comentários:

José Bezerra de Oliveira disse...

Texto delicioso, emocionante! Compartilhando! Abraço!

Anônimo disse...

Ajuda muito a refletir, não só Lula, mas os Ministros e nós mesmos, ativistas e militantes. Amei. Vou mandar para Lula.

Anônimo disse...

Grata por me apresentar esse texto oportuno, bom para a reflexão da militância e de todos os Democratas.