sábado, 10 de setembro de 2022

BOLETIM ROMA CONECTION - NÚMERO 31 - BALANÇO DA CAMPANHA ELEITORAL 2022


Ciro Nogueira orienta Jair em evento do Palácio do Planalto
 Foto: Paulo Ladeira (13/12/2021)

Estratégias da Direita Racional

Vagner Gomes de Souza

O cenário de uma desgastante disputa eleitoral no segundo turno está se avizinhando sob a ameaça de derrotas eleitorais em estados da federação “chaves” para o campo democrático. A Direita Racional, muito bem capitaneada pelas forças políticas do mais articulado bloco político chamado de “Centrão”, desenvolve uma campanha para além das táticas eleitorais. Eles estão deixaram de ocupar nenhum bairro como se fossem até aliados do lulismo. Todas as desvantagens políticas acabam por ser imobilizadas por essa configuração diante da falta de condição das forças democráticas em pautar o debate eleitoral até o presente momento. Oportunidades perdidas como no recente falecimento da Rainha da Inglaterra que lutou na Segunda Guerra contra o Nazifascismo.

Não é novidade nosso alerta de que não se poderia entrar numa campanha eleitoral sem um debate programático que apresentasse mais um Brasil no futuro que um “Book Digital” de boas realizações do passado. O eleitor jovem não viveu ou não tem memória política para se mobilizar com os temas do passado ainda mais diante do “negacionismo” de algumas vertentes esquerdizantes sobre nossa formação histórica quanto ao sucesso de nossa trajetória política nacional no cenário mundial.

Diante disso, onde está a juventude espontaneamente nas ruas a fazer uma campanha eleitoral em favor de um Brasil republicano e democrático? Esse segmento se autoisolou nas redes sociais, pois PROUNI, PRONATEC, ENEM e outras siglas ainda não atingem a sensibilidade do momento: a morte de emprego diante dos avanços tecnológicos. A precarização do trabalho que mais atinge aos jovens mais pobres o faz se distanciar de uma mobilização eleitoral acadêmica com essas leituras em derivas sobre o eu. Assim, o “Centrão” ganhou fôlego nas camadas médias e superiores da pirâmide social com polêmicas e anima o debate referente aos temas de costumes, ou seja, superestruturais.


Diante de quase 700 mil ausências causadas pela COVID, em que momento as mães, viúvas, noivas, namoradas, filhas, avós vão ter um lugar de fala sobre esse drama social na campanha eleitoral das forças democráticas? Ainda não se falou sobre as consequências econômicas duradouras dessa Pandemia. Portanto, há o genocídio na comunicação de uma campanha ao dialogar com as camadas populares de forma muito rebuscada nas palavras. De mobilizações de ruas carnavalescas, um segmento político do campo democrático assumiu um perfil mais e mais sectário ao não saber mobilizar o leitor mais popular que pode estar a votar no primeiro turno na coligação Brasil da Esperança, mas nas legislativas vota em candidaturas alinhadas a coligação Pelo Bem do Brasil.

A ausência das falas programáticas faz essa campanha ficar a depender de carisma ou avaliar que dancinhas num aplicativo digital vai sensibilizar um eleitor. Porém, no momento que chegar ao supermercado, o mesmo eleitor percebe menos contratação de empregados mais associados a carestia dos preços dos alimentos. A fome estrutural enraizadas nos empregos informalizados. No país que teve Josué de Castro, um profundo silêncio programático sobre o ensinamento de José no Velho Testamento sobre a reserva de alimentos nos tempos das vacas gordas. Assim, que o tema da religiosidade poderia ser abordado ao contrário de ficar numa defensiva. Esse é o momento de separar o “joio do trigo” diante das armadilhas identitárias mobilizadas pelo bolsonarismo ao dialogar com um fundamentalismo religioso que só existe nas mentes dos coordenadores de campanha táticas de campanha americanizadas. Ainda somos o país da religiosidade do sincretismo que é também econômico e social.

Contudo, abre-se um Mar Vermelho para os votos aos “Vermelhos Americanizados” (nossa referência ao perfil do eleitor que defende pautas semelhantes ao Partido Republicano dos EUA cuja cor é vermelha). As ruas estão vazias de militância das candidaturas do Brasil Esperança ao legislativo a falar do preço do leite. Talvez seja por ser uma bebida de cor branca. Além de falar da carne mais barata. Apresentemos soluções mais sustentáveis para não termos uma carne bovina mais cara do planeta. Os problemas energéticos na Europa por causa da Guerra da Ucrânia expõem os erros do discurso “anti-imperialista” retirado dos museus de uma jovem militância que não está fazendo o eleitor da coligação fazer campanha republicana e democrática.

Presidente Lula na sanção da Lei do Dia Nacional da Marcha de Jesus em 03 de setembro de 2009 (fonte Agência Brasil)

Esse é o momento de não se envolver numa “Guerra Digital” em busca de narrativas. Vivemos o momento de fazer o que sempre foi mais marcante aos militantes do campo democrático. Estar debatendo o futuro com o eleitor nas ruas. Diferente de 2018, a Direita Racional está nas ruas com recursos de um possível secreto orçamento. Cada candidatura proporcional das forças do “Centrão” está mobilizando a campanha da reeleição do Presidente. Não se iludam com as danças das baianas nas redes sociais, pois em carnaval até flamenguistas dançam com vascaínos. Deixamos a política ser essa carnavalização sem ideias. Devemos corrigir os rumos com mais contato com os eleitores nas ruas priorizando também as candidaturas proporcionais em bairros populares. Por exemplo, o que estão a fazer no maior bairro do Brasil para reverter os resultados de 2018 (Campo Grande – Rio de Janeiro)? Não se pode estar a ficar com “boca-de-siri”, pois há sinergia política das eleições proporcionais para a majoritária.

Então, Ciro é o grande vitorioso até o presente momento nesse cenário eleitoral aqui desenhado. Soube mobilizar a superestrutura para evitar os temas econômicos inconvenientes. De forma racional, Ciro sabe que não se pode debater a economia do país. Mais temas de Igrejas e menos temas do Supermercado. Deixe o mercado das narrativas fraturar ainda mais o campo democrático. Essa é a estratégia racional da Direita articulada por Ciro Nogueira. Reconhecer esse ponto é o começo para que haja uma nova postura nos próximos 21 dias. Ainda há possibilidades se começar a mobilizar o eleitor através das campanhas ao legislativo. Nada de cada território o meu voto. Agora é, Brasil Esperança é meu território.


6 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Vagner! Excelente e elucidativo texto, mais que isto, de racionalidade ímpar!

luiz Claudio disse...

Um excelente texto, como este, além de explicativo, chega até a ser orientador, não posso dizer que esta atrasado, mas se viesse bem antes ajudaria mais.

José Bezerra de Oliveira disse...

Bom dia, Vagner! Curtindo e compartilhando! Abraço!

Anônimo disse...

Parabéns, companheiro! Sem política não tem saída. Arroz, feijão, saúde e educação!

Anônimo disse...

É bom o comentário e deve ser trabalhado daqui por diante, pq como vc diz, as ideias andam escassas nesse universo de dancinhas, provocado pela ruptura passado/presente.

Anônimo disse...

Nada menos do que a velha política