segunda-feira, 14 de junho de 2021

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 20


Uma proposta de Reforma Política – Voto para Senador

Por Vagner Gomes de Souza

 

Acompanhar a CPI da COVID19 é um exercício para aqueles que demonstram muita imunidade para alguns discursos retrógrados de senadores que poderiam ser apelidados de Bancada dos Músicos do Titanic. Uma referência a cena do filme ganhador do Oscar de 1998 em que músicos tocavam enquanto o navio se afundava. Acrescentaria que o gesto dos músicos não significa que eles negavam a situação de calamidade, mas buscavam aguardar de forma resignada um desfecho para a situação.

Na versão atual da Bancada dos Músicos do Titanic com ilustríssimos senadores Marcos Rogério (DEM - RO), Eduardo Girão (PODEMOS - CE), Luís Carlos Heize (PP - RS) e Marcos do Val (PODEMOS - ES), na ausência de botes e coletes salva-vidas, eles estariam distribuindo algum remédio de tratamento precoce. Tamanha negação da ciência expõe o medievalismo dessa “ponta” de Iceberg de um mosaico de políticos que emergiram num momento eleitoral para negar a política das instituições democráticas. Percebemos neles o discurso comum de muitos brasileiros que não acreditam na democracia política e valorizam o “atalho” da centralização. A defesa da liberdade dos antigos é muito forte para defender o direito em explorar a classe dos trabalhadores. Eles são o retrato do embrutecimento do debate político ao ponto de achar que perguntas sobre Ciência apresentadas pelo Senador Otto Alencar (PSD-BA) teria sido feitas para agredir uma médica. Desconhecem a Ciência e assumem essa postura, pois são agressivos e apoiam um Presidente que uma vez afirmou que não estuprava uma Deputada por ela não merecer. Seriam adeptos de o cinismo desconhecer essa polêmica de 2014 ainda mais se decidiu ascender ao Senado da República.




Todavia, lá eles chegaram porque as forças progressistas aparentemente consideravam que em 2018 as eleições seriam tranquilas. Contribuíram com o ressentimento ao votar e no lançamento de uma variedade de candidaturas que fragmentaram o campo democrático. Então, os senadores acima citados forma eleitos com o seguinte percentual de votação: Marcos Rogério, 24,06%; Eduardo Girão, 17,09; Luís Carlos Heinze, 21,94% e Marcos do Val, 24,08%. O último foi eleito numa sigla que tinha Socialista na nomenclatura e depois migrou de Partido. Observamos que nem 1 em cada 4 votos eles tiveram porque a fragmentação partidária aumentou muito desde a Constituição de 1988 que não prevê a eleição de Senador em dois turnos.

 Essa deveria ser uma urgente Reforma Política, ou seja, a eleição para o cargo de Senador em dois turnos uma vez que é único cargo majoritário que não exige uma votação mínima para se ocupar o cargo. Imagine-se o aprofundamento da fragmentação das eleições ao Senado no futuro com a vitória de Senadores com menos de 15% dos votos. O Senador da República representa o Estado da Federação. Ser eleito com menos de 50% dos votos do Estado o aprisiona mais ao grupo político que o elegeu ao contrário de forçá-lo a ter uma visão mais ampliada para lhe qualificar o cargo. Menos representante da República e mais “chefe de facção” esse é o perigo caso não se pense nesse item como Reforma Política.

 

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