O
Deputado e seu Casaco de Soldado Raso
Por Vagner Gomes
de Souza
O filme 1917 é uma
lição para aqueles que ainda não compreenderam o perigo que se avizinha na
conjuntura nacional. Em plena campanha militar das trincheiras os alemães aguardam
que os soldados ingleses ataquem para cair numa “armadilha”. Dois jovens
soldados recebem a missão de alertar seus “camaradas” de farda da emboscada.
Nesse filme aprende-se que o tempo é o inimigo. Um aprendizado que está
presente na tradição política de um líder político russo que aparentemente
lideraria uma Revolução naquele mesmo ano.
Essa referência a
Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) é muito importante para que contextualize
aquilo que Eric Hobsbawn mencionou como o marco do início da “Era dos Extremos”
que levou a profundas perdas para o campo democrático no século passado. Essa
referência ao historiador inglês está nesse momento muito em voga diante do “chamado”
feito pelo Deputado Federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ) pela unidade do campo
democrático desde seu afastamento da disputa eleitoral da Prefeitura carioca
para se inserir num debate mais amplo desse processo.
Cena do filme 1917
O Deputado abriu “mão”
de sua candidatura há dez dias com uma Nota em que aludia erros da esquerda no
entendimento do que seja esse momento. Em entrevista ao Jornal O Globo o mesmo
parlamentar citava alguns exemplos de ausência de desprendimento político de
atores políticos cariocas para que se haja a abertura de um diálogo mais amplo no
campo democrático. Na sequência, veio a público o artigo “Democracia Urgente”
em que os limites do pensamento iluminista seriam apresentados como um
obstáculo a ser ultrapassado. Uma atitude corajosa para uma liderança da
esquerda que já defendeu que as eleições cariocas seriam a “Primavera dos Povos”.
Pelo contrário, o Rio de Janeiro é a “trincheira” das forças políticas “termidorianas”
com os “45 cavaleiros húngaros” em franca atuação na política.
Acompanhar esse “aggiornamento”
político e intelectual do Professor Marcelo Freixo é muito gratificante para
aqueles que sempre defenderam a necessidade de uma Frente Democrática (nada de
Frente de Esquerda com disfarce de Frente Ampla em minha opinião) para derrotar
o projeto de poder representado pelo Presidente da República. Entretanto, nosso
Deputado parece que está pregando num deserto de ideias e lideranças políticas
que ainda analisam os impactos da retirada da candidatura dele como um “bingo”
eleitoral. Parece que a esquerda carioca também toma “cloroquina” numa fé no
fortalecimento institucional associado a conquista de cadeiras para a Câmara de
Vereadores.
Cena do filme O Resgate do Soldado Ryan
O casaco das ideias de
Marcelo Freixo está no campo de batalha sem que haja uma postura dos partidos
políticos para repensar a tática política aderindo de fato a estratégia da
Frente. Todos querem a UNIDADE do campo progressista que não cresceu um
milímetro desde a derrota política de 2018 para juntos caminharem para uma nova
derrota. Essa é a realidade que se deve expor para muitos companheiros que não
desejam abaixar o tom político em nome da Frente Democrática, pois desejam
manter seu espeço num “cercadindo” no berço da esquerda infantil. Não vemos
nenhuma atitude ousada para pegar o casaco do soldado raso para começar a fazer
a Grande Política. Aparentemente há um silêncio combinado para que ninguém
tenha que assumir a responsabilidade resgatar os diversos jovens (como se
fossem Soldados Ryans) que caíram nas redes da extrema-direita principalmente
nos bairros populares.
As bancadas de vereador
em primeiro lugar? Melhor que a esquerda carioca deixe isso claro para os
eleitores como uma opção em dar um passo adiante no legislativo municipal para
recuar mais dois passos nas eleições de 2022 sob o perigo de termos a ascensão
exponencial do autoritarismo. A prioridade deveria ser derrotar o principal
aliado do “bolsonarismo” no Rio de Janeiro, mas ninguém parece estar levando a
sério o alerta do Deputado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário