A Crise e a Ausência do Ator
Por Vagner Gomes
de Souza
Nos dias atuais a
grande certeza que nos apresenta na conjuntura nacional é a dificuldade da
organização de um ator político do campo progressista para reorganizar o campo
democrático brasileiro. A sociedade está desperta pelas ações centralizadoras
nas orientações para o enfrentamento da “Pandemia”. Os ensinamentos de Thomas
Hobbes em O Leviatã permitem dizer
que não há uma crise moral e intelectual do pensamento que fundamentou a
vitória eleitoral de um “free rider” da
antipolítica. Isso exposto, não há indícios de que tenhamos uma fácil avenida
em favor das forças democráticas.
As massas populares
estão diante de uma grave crise econômica social que aprofunda a tendência da
concentração de renda. Diante desse alinhamento social dos “descamisados” com as
vertentes hobbesianas não se pode perder tempo com análises políticas focadas
na figura do chefe do Executivo Federal. Nunca a frase “È a economia estúpido!”
foi de tamanha aplicação para os passos que deveriam ser seguidos pelas forças
democráticas. A oportunidade de termos uma forte intervenção do Estado na
economia deve ser pactuada para beneficiar aqueles que menos têm ao contrário
de garantir os níveis da desigualdade social.
Entretanto, vivemos a
ausência de atores políticos com lideranças que saibam fazer a conexão entre sociedade,
Parlamento e segmentos intelectuais. Uma vez que a continuidade da armadilha da
polarização colocou uma parte da militância da Esquerda sob o “dilema do
prisioneiro” ao qual contribuem indiretamente para o fortalecimento da base
política do mandatário nacional. Poucos percebem que há uma agregação de uma “ralé”
de segmentos sociais diversificados a partir do ressentimento. Então, a aposta
do Presidente em aprofundar a recessão econômica o exime da mesma pela denúncia
antecipada aos Governadores de São Paulo e Rio de Janeiro (apresentados como
oportunistas e traiçoeiros).
Cada semana
descoordenada na economia por um Ministro que tem sua raiz no neoliberalismo a
recessão será ainda mais radicalizada. As massas populares estariam entregues a
sua própria sorte, pois as medidas sociais são de natureza compensatória. As classes
subalternas ainda podem se vir realinhadas pela refundação do “jacobinismo
florianista”. Por outro lado, o constitucionalismo em leitura “positivista” só
sufoca as alternativas políticas. A linha a análise de conjuntura na
superestrutura estaria sufocando as nossos passos pelo olhar na estrutura. Esse
é o momento de fazer de fato uma Frente que permita uma intervenção democrática
do Estado na economia no qual todos devem ser convidados a mesma mesa de
unidade.
Contudo, onde está o “sapo”
para pular diante da necessidade de uma política econômica mais favorável aos
setores populares. Não podemos nos deixar ficar sob a captura da pauta liberal
pragmática que simplesmente se deixa levar por uma alternativa em cálculos
eleitorais. O ponto é ampliação dos gastos públicos para minorar os graves
efeitos recessivos. Na ausência de um ator político, o sebastianismo político
de nossa cultura ibérica se alimenta de outros personagens que emergiram do “baixo
clero” ou das “casernas” dos quartéis. As instituições democráticas passam por
um grave momento é não seriam os atalhos do positivismo constitucional que
permitiram a acolhida dos segmentos populares. Para enfrentar Hobbes, sigamos o
ensinamento de Maquiavel que diz “Eu creio que um dos princípios essenciais da
sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.”
Um comentário:
Realmente a falta de um ator neste momento, deixa você num futuro incerto.
Postar um comentário