Agência Bancária Pichada no Natal de Campo Grande (RJ)
A Pichação Natalina da Zona Oeste carioca
Por Vagner Gomes de Souza
Há
um novo ativismo político que se manifesta no mundo globalizado com fortes
exemplos no levante popular das ruas de junho. Esse novo ativismo é fragmentado
e individualizado. Suas bandeiras políticas ainda não se “afunilaram” uma vez
que não se formou numa coletividade de ideias políticas. Na horizontalidade
tudo se expõe para mostrar uma profunda indignação contra um discurso colorido
de felicidades. Ainda mais em tempos de Natal, que representa um momento de
estímulo ao consumo, diante de tantas injustiças. A orientação crítica aos
desvios do capitalismo financeiro em pleno Natal não vem apenas da esquerda uma
vez que o Papa Francisco lembrou a importância dos fiéis a Igreja a condenar o
egoísmo.
A
crise do capitalismo mundial em 2008 expôs um “mosaico” de indignados pelo
mundo enquanto os grandes bancos eram refinanciados pelo Estado. O Ocupe Wall
Street começou em setembro de 2011 para lembrar que aqueles que estavam à
margem dos grandes bancos representavam 99% da sociedade. Uma onda que se
espalhou pelas redes sociais nos últimos meses de 2011 antes que começasse um
refluxo, mas sugerimos que os Democratas reocuparam a Prefeitura de New York
City esse ano graças a esse processo de indignação.
No
Brasil, a sequência de quedas de juros dos bancos foi interrompida pelos
dilemas de uma ameaça inflacionária. As incertezas da economia no início de
2013 podem ter fomentado o “despertar das redes” ao tema de questionar tudo que
aí está. A “Guerra do Tomate” (as diversas brincadeiras na Rede Social expondo
o preço absurdo que o KG do Tomate tinha chegado) foi um elemento psicológico
para dizer: “Não está mil maravilhas como propagandeia o Governo.” E o mesmo poderia
dizer para a situação da Zona Oeste carioca diante dos eventos esportivos
mundiais que se aproximam – Copa do Mundo e Olimpíadas. A AP. 5 (Deodoro –
Santa Cruz) seria a fornecedora de mão de obra barata para a AP. 4 (Jacarepaguá
– Recreio – Barra da Tijuca) onde se concentrará a maior parte das modalidades
olímpica. A Zona Oeste carioca emerge na economia como um ser com duas cabeças
onde o capital imobiliário devora tudo e a todos em qualquer espaço.
Consequentemente,
o amanhecer do dia 25 de dezembro de 2013 ganha simbolismo para essa e outras
reflexões quando uma pichação no Banco Itaú desejava: FELIZ NATAL! Em seguida provocava: LIMPEM COM OS JUROS.
Essa pichação no Bairro de Campo Grande não tinha assinatura de nenhum grupo
político, o que demonstra a hipermodernidade do novo ativismo político, ou
seja, a ação de denúncia não é feita para promover nenhum agrupamento político
mesmo que possa haver. Não é a primeira ação contrária as agências bancárias no
bairro, uma vez que nas jornadas de junho algumas agências do Banco SANTANDER
foram depredadas. Recentemente, uma agência do Banco HSBC foi pichada com a
sigla A.C.A.B. mas sem nenhum dizer uma vez que ela representa as iniciais da
frase “Todos os Políciais são Bastardos” em inglês (“All Cops Are Bastards”).
Uma sigla com outros significados como poderemos verificar pelas Redes Sociais,
porém não implica numa organicidade anarquista apesar de alguns lugares do
bairro a sigla estar acompanhada do símbolo do anarquismo.
Neste
sentido, há novos ventos de um neoativismo político na Zona Oeste carioca
estimulada pelas redes sociais. Não vislumbramos uma organicidade e
sustentabilidade em padrões verticais ou na manutenção de uma bandeira política
que construa consensos a partir da pressão da sociedade. A tendência a
manifestação individualizada tenderia ao isolamento diante da persistência de
um “mundo da política” arcaica. Por exemplo, nas vésperas do Natal uma Deputada
Estadual, com base política na região e vestida de Mamãe Noel, circulava pela
periferia de Campo Grande distribuindo brinquedos para crianças e promessas
para os adultos reeditando o falecido Deputado Estadual Albano Reis que tinha
como apelido “Papai Noel de Quintino”. A vida política está muito velha ainda
mais na Zona Oeste carioca. E a hipermodernidade na periferia não está
agrupando esses sentimentos críticos que desejam uma nova política. Nesse
ponto, percebemos uma transição que se manifestará nas eleições do próximo ano
na região diante da tendência ao aumento da abstenção eleitoral/votos brancos e
nulos o “voto” vai se transformar num produto/mercado de grande valor, ou seja,
campanhas eleitorais mais despolitizadas e caras na região. A saída seria
reagrupar uma alternativa com todos os democratas da região debatendo ideias.
Contudo, todos anseiam participar desde que não sejam eles a participar.
Um comentário:
Muito bom o texto! Interessante. Importante ter pessoas assim na ZO!
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