sábado, 4 de junho de 2011

CONJUNTURA DO RIO DE JANEIRO


Novo Tenentismo a procura de um Capitão
Para Tariq de Souza – Meu filho que fez 10 anos hoje (04-06-2011)
Por Vagner Gomes de Souza
Aparentemente viveríamos um segundo mandato de Sérgio Cabral Filho (PMDB) numa tendência que alguns diziam ser a “mexicanização” da política fluminense. Outros indicavam que a política fluminense estava caminhando a passos largos para a política do localismo dos tempos do coronelismo. Na verdade, a desarticulação da esquerda fluminense pela cooptação do PT, PCdoB, PSB, PDT e setores do PPS mais recentemente reforçava um quadro de conformismo político. Entretanto, a política tem sua própria dinâmica em tempos de lutas sem classes em nosso Estado.
O Rio de Janeiro enfrentou três grandes tragédias nos últimos anos em que o Corpo de Bombeiros se destacou como uma corporação importantíssima para a sociedade. Os tristes eventos climáticos em Angra dos Reis, Rio de Janeiro/Niterói e Região Serrana indicavam que a Defesa Civil caminharia gradualmente para o reconhecimento de seus limites de atuação para o exercício de sua função. Entretanto, a crise da saúde foi “mascarada” pela estrutura do Corpo de Bombeiros. Não fiquemos surpresos se a Taxa de Incêndio não esteja sendo aplicada na Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro uma vez que o Corpo de Bombeiros faz parte da mesma. Assim, a crise gerou mais uma crise que vai além da reivindicação salarial. Formou-se uma crise política que questiona a postura hegemonista do Governo Estadual.
A crise política gerada pelas manifestações dos Bombeiros é fruto de um segmento que não aceita continuar na mesma ordem de modernização conservadora, porém não há uma liderança experiente que conduza o canal das negociações. Falta uma política que amplie a pauta para uma reforma da política de distribuição de cargos públicos no Governo Estadual. Falta uma política de reformas democráticas para enfrentar a cultura política do “neochaguismo”. Não há um Luiz Carlos Prestes nessa nova onda do tenentismo brasileiro. Contudo, os 18 do Forte já somam mais de 418 presos que vão precisar mais do que solidariedade. Momento de as emoções darem espaço para a política. Por isso, a oposição deve continuar viva no Rio de Janeiro.

4 comentários:

Paulo disse...

Acho bastante pertinente dedicarmos um pouco da nossa atenção a questão, não apenas da Brigada Militar do corpo de Bombeiros do ERJ (1ª do Brasil) e sim do conjunto de forças de segurança do nosso estado (Bombeiros, Polícias militar e civil). O descaso do governo do estado - já há uns 40 anos - com as forças de segurança pública provocou primeiro a ida de setores destes grupos sociais para o jogo do bicho (segurança), posteriormente aderindo a "máquina" do tráfico de cocaína e hoje engrossam as fileiras das milícias.
Não há um projeto democrático de Estado, em todos os setores vemos problemas (educação, saúde, infraestrutura, cultura...) que se avolumam permanecendo sem solução e sem diálogo com a sociedade. Até quando esperar..... os bombeiros cansaram da espera e partiram para uma ação digna e claramente democrática de expor para todo o povo do ERJ a real situação do Rio... É o bonde desgovernado que descarrilha levando todos nós para um triste fim. Até quando esperar?

Michel disse...

Muito bem caro amigo paulo, corroboro com o que você disse. Há um total descaso com alguns setores do serviço público no rio de janeiro.
Não é por acaso que a educação no ERJ ocupa a penúltima posição, e sim, é legitimo expor a público o descaso com que as políticas públicas tem tratado tal corporação. Atento também para o fato que somente um analista político perspicaz, como Vagner Gomes teria a sagacidade de apontar, a hegemonia que bebe na idéia de integração dos governos se mostra apenas como fruto de propaganda, não estando pois, de acordo com a realidade política do ERJ.

shirley disse...

O que aconteceu com os Bombeiros foi uma covardia praticada pelo comandante geral da corporação em não ouvir as reivindicações dos seus comandados e encaminha-los ao governo do estado para apreciação. Preferiu ficar escondido em seu gabinete com ar-condicionado, enquanto a sua tropa era subjugada pela PMERJ, que ficou satisfeita com um aumento salarial vergonhoso em 48 meses, o que eu considero uma esmola. Para se ter uma idéia meu avô é 2º Tenente PM, vem recebendo 40,00 de aumento mensal, para um policial que hoje é reformado por ato de serviço, ficando Hemiplégico. Será que valeu a pena ele ser honesto? Os policiais bandidos estão com seus carros importados enquanto meu avô carece da ajuda de amigos e parentes quando precisa ir ao HCPM.

Carlos disse...

Por que o ato dos bombeiros cria um precedente perigoso

Os bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.