sábado, 15 de abril de 2023

BOLETIM BRASÍLIA CONECTION - BBC 012 - SAÚDE MENTAL NAS ESCOLAS


 Professor se fantasia em Darth Vader durante as aulas on-line em 2020

Sociedade das Escolas Mortas

Vagner Gomes de Souza

 

Não há um grande evento na história das multidões que não gere inúmeros traumas que podem abalar com a psique dos indivíduos. Nossa sociedade amplamente individualizada desde que os impactos de duas décadas de smartphones tenham entrado em ação com suas seguidas atualizações e fragmentações em redes sociais nos faz pensar o tempo gasto pelas novas gerações diante das “maquinações digitais”. Os bots como se fossem os “clones” a serviço de um subterrâneo em distintos subconscientes. Assim estamos a mercê dos perigos do contrataque do Império com Darth Vader em série.

 A velocidade das imagens competindo com a leitura e dando círculos nas mentes das pessoas esvaziadas de conhecimento diante de uma educação em ruínas. As escolas por muito tempo ficaram sem atividades presenciais no Brasil na pandemia da COVID19, diante de uma omissão do Ministério da Educação ideologizado no governo derrotado nas urnas em 2022. Muito se prometeu, mas pouco se fez para que alunos fossem acolhidos naquela fase em relação ao ensino a distância.

As redes de ensino públicas, sejam estaduais ou municipais, mais pensaram em gastar em plataformas digitais que exigissem aos profissionais de educação o cumprimento de uma carga horária de ensino para um diminuto público. A memória da educação pública brasileira na pandemia não pode ser silenciada, mas, aos poucos, parece que não houve problemas socioemocionais desde que os índices de reprovação estejam sempre abaixo de “metas” tecnocráticas que se dizem pedagógicas.

Então, muitos jovens alunos se viram em níveis escolares sem saber ler ou escrever e as autoridades da Educação sorrindo como se tudo estivesse na mais perfeita tranquilidade. Olhares tristes desses jovens que percebem o abandono enquanto que as forças ocultas do ódio avançou diante deles via redes sociais. Então, precisamos muito de falar sobre a saúde mental das alunas e alunos que sofreram e podem ainda estar a sofrer inúmeras formas de violência.

Errados eram aqueles que avaliavam que um simples recomeçar das aulas presencias iria fazer a reconstrução da educação. Não é momento para ampliar o balanço de tamanho descaso, porém suas feridas estão a disposição da nação brasileira e muitos profissionais capacitados podem auxiliar nesse debate. Não se assustem com a realidade sombria diante de nós, mas tudo é fruto de planos educacionais em que as escolas tenham morrido como espaço de reflexão da República em favor da democracia.

O descaminho se faz com a redução de cargas horárias de disciplinas como Geografia e História (rede de ensino que fez isso não está ao lado de uma saúde do aprendizado). O negacionismo sobre as mudanças climáticas é uma realidade na juventude enquanto há jovens que pouco sabem sobre o mundo no entreguerras e se tornaram possíveis “presas” de grupos extremistas.

Assassinaram a gramática como se fosse o fruto da base autoritária da sociedade, porém sem ela não há uma liberdade para melhor interpretar o nosso mundo ao redor. Estamos num século de muitas mudanças velozes e assumindo muitas novas tecnologias diante de uma juventude com pouco conhecimento e reconhecimento da ciência. Os números nos falam, contudo poucos entendem a vida diante dos números uma vez que a matemática foi colocada como “vilã” de nosso sistema educacional. As metas trilhadas muitas vezes intimidam os profissionais de educação.

Mentes insanas em corpos aprisionados a aparelhos de celulares ou fones de ouvidos para se ouvir musiquinhas repetitivas. Joguinhos em grupos clandestinos nos deep web. E seguimos em nossos dias letivos vazios de debate e reflexão. Mais uma vez a saída tem que nascer na Educação com uma gestão do Ministério de Educação que coordene as redes municipais e estaduais de ensino em profundo diálogo com o Ministério da Saúde. Fala-se muito na necessidade de levar psicólogos para as escolas e nada se faz referência em começar por levar as escolas para conhecer o espaço público da cidade a partir de seus bairros. Passeios pedagógicos são necessários com maior frequência e como parte da carga horária do ano letivo. Ou seja, usar melhor a verba da educação com educadores e alunos em salas de cinema, em teatros, em apresentações musicais, etc., pois agora temos o Ministério da Cultura que voltou. Uma sugestão para a nova abordagem para o Novo Ensino Médio e para as redes municipais de educação que custariam menos que a militarização do ambiente escolar.


13 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom! Uma análise perfeita .

Vagner Fia, Geógrafo e Professor. disse...

Parabéns xará pelo sua visão da conjuntura educacional, concordo plenamente com a sua visão de " projetos" de educação. Infelizmente, as desigualdades é uma realidade. Sofre com a falta de investimento na escola aqueles que os Governos só " procura" na época de eleição.

Anônimo disse...

Concordo plenamente. 👏🏼👏🏼

Anônimo disse...

Parabéns pela visão profunda do atual cenário da Educação no nosso país

Anônimo disse...

Muito bom como sempre

Anônimo disse...

Ótimo!

Anônimo disse...

Abordou todos os pontos e joga na nossa cara uma saída.

Anônimo disse...

Perfeito!
Parabéns!

Anônimo disse...

Perfeito texto.

Marlye disse...

Estamos sempre vivendo um momento histórico. Não há um grande evento na história das multidões que não gere inúmeros traumas que podem abalar com a psique dos indivíduos.

Anônimo disse...

Ótimo. Complexo de assimilar essa tormenta sufocante do sistema e do avanço intencional da reprodução e programação da idiotice coletiva.

Li Vi disse...

Muito triste nossa realidade atual 😢

Anônimo disse...

Enquanto a gente seguir buscando fora a solução que está dentro de cada um de nós, vamos continuar doentes e adoecendo o mundo à nossa volta.