sexta-feira, 2 de abril de 2021

A POLÍTICA FORA DA QUARENTENA - NÚMERO 18


Manifesto, Entrevista de Lula e A Terra Prometida

Por Vagner Gomes de Souza

 

Foi uma semana que um “contragolpe” se fez realizar no silêncio das ruas por causa das restrições da ocupação das ruas nesse “Tsunami” da pandemia. A elite econômica da sociedade brasileira, aos poucos, se aproxima de realidade de que a política é fundamental para que as forças da produção tenham investimentos. O capital produtivo se deslocou do capital rentista após um ano de recessão econômica e falsas expectativas sobre um programa de reformas por trás do programa autoritário e conservador nos costumes da Presidência da República. O liberalismo econômico vocalizado por essa fração da burguesia precisa de se alimentar da vida dos consumidores para que seus lucros ampliem. Diante disso, o “Poder Moderador” das Forças Armadas foi colocado em “teste” na demissão do Ministro da Defesa Fernando Azevedo. Troca nas FFAA enquanto o Vice-presidente Hamilton Mourão se vacinava e garantia que o Exército pertencia a normalidade democrática.

O pior não ocorreu porque o Centro político ressuscitou mesmo que sem que tenha atores políticos em condições de melhor lhe fazer representar. Há um “arco” amplo de forças centristas que se deixaram seduzir pelo atalho da “antipolítica”, mas agora reocupa o espaço diversificado de uma oposição moderada que estava muito silenciosa até a volta da elegibilidade do ex-presidente Lula. Por outro lado, o mantra do “Impeachment” da Esquerda parecia um recurso a “cloroquina” política. A Democracia se consolida com a “vacinação” das alianças ampliadas contra os segmentos autoritários e obscuros que emergiram por muito de ressentimento e pela ilusão de alguns segmentos defensores de um individualismo liberal extremado que se faz pela defesa de posturas não civilizatórias. Expansão de bases sociais populares pela via do fator religioso esteve muito vinculado ao desejo de ter mais segurança para seus familiares. Mais indivíduo numa comunidade mercantil e menos limites civilizatórios do Estado Democrático. Hobbes soberano como um Deus no Livro das Revelações em aliança com as sutilezas de um Adam Smith com suas mãos armadas que controlam as periferias das grandes cidades nos grupos milicianos.



Se o Centro político reapareceu para impor seu ponto de equilíbrio, o “Centrão” também se faz cada vez mais presente para que relembremos nossa característica política muito dependente do clientelismo. A Democracia política consolidou numa Carta Constitucional com a presença de Roberto Cardoso Alves, pois o Brasil é um mosaico no qual as mudanças precisam ser construídas numa longa duração. A “nova geração” do Centrão aprende a trilha da sobrevivência pela “Guerra de Posição” do Orçamento com um olhar para a renovação do Parlamento em 2022. Com a moderação da sociedade, não toleram que uma nova onda de “vozes novas” da política reduza seus assentos quase que mantidos pelos resquícios de um feudalismo político. Esse é um “fio da navalha” que as forças democráticas devem saber atravessar na busca de desobstruir uma nova Transição Política em nosso país.

Então, precisaremos olhar para uma Terra Prometida que está ao fim de uma longa travessia. Nesse momento, o Manifesto assinado por prováveis presidenciáveis de 2022 em favor do compromisso com a Democracia divulgado é um ponto importante que as forças progressistas precisam saudar mesmo que tenha ocorrido um sectarismo na exclusão ao convite aos nomes do Partido dos Trabalhadores (Lula, Fernando Haddad ou Jacques Wagner). O tom do texto é relevante para demonstrar o quanto o isolamento político de Bolsonaro se faz presente, pois o deslocamento dessas lideranças políticas segue o sentido do eleitor de centro que precisa ser conquistado para essa nova etapa de ampliação da democratização. Mas deixemos os tópicos programáticos para mais adiante, pois é necessário ainda abrir o “Mar Vermelho” com o “cajado” da estratégia da Frente Democrática.

Moisés e Josué foram importantes na longa travessia rumo a terra prometida. Por isso, ouvir a entrevista de Lula no programa de Reinaldo Azevedo foi outro momento importante desse “contragolpe” para isolar as forças do obscurantismo. O Ex-Presidente fez uma grande sinalização ao relembrar da aliança que lhe fez vitorioso em 2002, a partir da indicação do empresário mineiro José de Alencar. Duas fortes referências para um posicionamento ao Centro da Política (o empresário liberal-democrata e o estado de Minas Gerais). Não foi o momento único em que Lula se colocou aberto ao Centro Político o que reforça a necessidade de um encontro entre o Grupo do Manifesto e o ex-presidente, pois não se deve fazer da Grande Política um reflexo dos cálculos eleitorais porque o fundamental é a derrota do inimigo comum. Enfrentar as “Pragas do Egito” nesse século XXI que assolam nossa nacionalidade. Ainda termos que ter muita imaginação ainda a se construir para fortalecer o campo democrático, que se fará com uma necessária mobilização da juventude para fora das posturas individualistas seja à extrema-direita ou na Esquerda. Superar uma tendência a uma militância juvenil burocratizada em movimentos sociais alheios aos ventos da moderação da política. Lula deu a receita ao abordar os assustadores números de desempregados que na juventude está em níveis catastróficos.  

Nenhum comentário: