Adesão da Juventude é uma característica da campanha de Marcelo Crivella
A Juventude e a Terra Prometida na Sucessão Fluminense
Por Vagner Gomes de Souza
Uma sequência de
anos sob o comando de um grupo político que hegemonizou a política do Estado do
Rio de Janeiro desde os anos de 1994 tanto no Executivo quanto no legislativo
impediu que a “centro-esquerda” tivesse uma melhor clareza no cenário político
local. As constantes intervenções do cenário nacional nas eleições locais
deixaram o PT “às moscas” na renovação de quadros políticos da esquerda
democrática. Nesse pragmatismo eleitoral, todas as legendas tradicionalmente
vinculadas a esquerda (PT, PSB, PV, PPS, PCdoB) rumaram mais ao “centro
político” se esvaziando em propostas políticas. Nas periferias da Capital e na
Baixada Fluminense, não verificamos a organicidade dos eleitores do PSOL e da
ultraesquerda (PSTU – PCB – PCO) o que deixou margem para que a utopia da terra
fosse substituída pelo anseio da eternidade.
As forças da
juventude nessas periferias se articularam ou às margens da lei ou nas
associações religiosas neopetencostais. Esse segundo segmento serviu de “contrapeso”
conservador nos costumes para dar certa ordem ao processo de americanização da
sociedade. Trata-se de uma vertente que visa educar com os valores da ética
religiosa os costumes e a participação na política. Por isso, estariam alheios
ao velho modelo de máquina política que se reproduz na política fluminense
desde os tempos do “chaguismo”. A sucessão fluminense é esse momento de
observação de como os jovens às margens da esquerda democrática se integraram
ao processo político eleitoral na adesão a candidatura de oposição do PRB. A
votação de Marcelo Crivela tende a ultrapassar os marcos das pesquisas
eleitorais que usam base de dados para eleitores evangélicos abaixo do que
existe de fato.
Incorporando temas
das manifestações de junho de 2013, eles reinventam a oposição no Rio de
Janeiro e estão dispostos a fazer um “compromisso histórico” com todas as
forças políticas em torno de um programa. Nas próximas horas testemunharemos
esses jovens/militantes/voluntários enfrentando a “máquina eleitoral” de uma
grande coligação partidária e de forças do “arcaísmo político”. Para esses
jovens, Cabral, Picciani, Brazão, Paulo Melo, Eduardo Cunha e outros não
representam os anseios dessa nova sociedade que está em fase embrionária no Rio
de Janeiro. O sectarismo do PSOL, aos poucos, se deixa ruir com a eleição de um
Cabo-bomebeiro evangélico que poderá ser uma ponte nesse processo de “moderação”
política. Contudo, ainda falta muito para a travessia no deserto até chegarmos
a Terra Prometida.