Até a posse da nova legislatura na Câmara dos Deputados há um longo mês de janeiro pela frente. A festa da posse é garantia de noticiário positivo para o novo Governo, mas, logo em seguida, começam os dilemas de Dilma. Algo indica que eles estejam resolvidos diante do silêncio “cavernoso” que ela adotou nesse período da Transição desde o discurso da vitória. Um respeito a despedida do “lulismo” que se afastará de suas decisões que tendem a desagradar segmentos da população ao contrário do que foram esses 16 anos de “marasmo da política”.
A primeira reunião da Diretoria do Banco Central em janeiro terá a pauta do aumento ou não dos Juros diante dos efeitos da chamada “guerra cambial”. Não há sinais claros de uma política de fortalecimento da Indústria Brasileira, porém verificaremos isso ao longo de 2011. Há um problema não resolvido no mundo sindical diante da suspensão da Greve dos Areoviários para o dia 10 de janeiro, o que medirá o grau de articulação das lideranças sindicais que integram a “máquina governista”. As escolhas do segundo escalão estão adiadas para após as eleições da Presidência da Câmara dos Deputados pois a nova mandatária nacional não pode começar um Governo sem maior peso nas articulações políticas do Congresso Nacional.
Antonio Palocci ganharia força nessa articulação do Congresso Nacional diante de um Ministério sem luz própria com escolhas de quadros políticos já com máculas no uso indevido do dinheiro público. A indicação de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde é um lance político importante uma vez que tramita no Congresso Nacional a Emenda Constitucional 29 (maiores recursos para a Saúde) e há sempre a hipótese de uma volta da CPMF.
No meio dessa marcha aparece uma pequena pedra, ou melhor, um “Bloquinho” parlamentar (PSB/PDT/PCdoB/PRB) contemplados com apenas 3 ministérios apesar de reunirem mais deputados que o PT e o PMDB. A possibilidade da candidatura alternativa em torno de Aldo Rabelo (PCdoB-SP) é uma situação que nem a oposição do PSDB e DEM (sempre acusadas de raivosa pelo atual Presidente) apóiam, mas poderá ganhar força nessa marcha de 30 dias em janeiro. Lembremos que os partidos que compõem esse bloco parlamentar controlam segmentos do mundo sindical enquanto o PRB é uma legenda que representa uma parcela da nova classe média de pequenos negócios e vinculada ao petencostalismo. As contradições no interior da base governista indicariam uma polarização entre a aliança camadas dominantes e grupos sindicais burocratizados X novas camadas médias e grupos sindicais periféricos o que aprofundará as contradições na política econômica no futuro governo.