quinta-feira, 12 de outubro de 2023

VAMOS AJUDAR NÚMERO 001 - SOMOS PELO CESSAR FOGO AQUI E ACOLÁ - EM DEFESA DA PAZ


 SAARA (Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega) - RJ
 SAARA é um centro comercial a céu aberto que se formou na convivência entre árabes e judeus.

Os conflitos aqui e acolá

Marcio Junior[1]

 

Vimos as tristes colinas logo ao sul de Hebron

Rimos com as doces meninas sem sair do tom

O que fazer chegando aqui?

As camélias do Quilombo do Leblon brandir

 

Caetano Veloso e Gilberto Gil

As Camélias do Quilombo do Leblon

 

As responsabilidades do Brasil frente ao prosseguimento do conflito Hamas-Israel e vice-versa, espaço de história complexa e cuja boa compreensão passa pelo retorno também há tempos longínquos, possuem grande importância haja vista a nossa tarefa ao presidir o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Essa mediação, mesmo com a sua temporariedade, não deixa de ser oportuna para o avanço da civilização em direção à paz, principalmente se nossa resposta for, como está sendo até o momento da escrita destas linhas, alinhada aos valores da nossa República e da nossa Democracia, corroboradas por, como bem diria o nosso Gênio da Raça Gilberto Freyre, um novo tipo social ainda em formação, cuja plasticidade resultante de sua miscigenação fornece a este povo um possível caminho do meio, dotado de maior equilíbrio e moderação, que apareceu com maior visibilidade também em experiências recentes e fundamentais, como na confecção da Constituição cuja promulgação completou 35 anos no dia 5 deste mês de outubro. Experiência singular nesta Rússia Americana, de Guerra e Paz.

A aproximação antropológica que permeou a nossa formação em seu início, marcada inclusive pelo sexo, constituiu o ponto primordial da nossa abertura à modernidade. Não se tratou de cancelar os nossos antagonismos, mas de equilibrá-los; criamos aqui condições de amortecer, em muito e/ou em pouco, o choque entre eles. Assim, não é estranho para o mundo, como não é para nós, a formação de uma sociedade pautada por elementos antagônicos, cujo equilíbrio que aqui compõe nosso processo formador foi investigado pelo nosso pensamento social. Outras sociedades não tiveram a mesma sorte, e em outros espaços não há, dentre os aglomerados humanos que ali vivem e a sociabilidade que estanque o permanente conflito. Talvez haja, pelo contrário, incentivos internos e externos para seguir em sentido contrário e quiçá piorá-lo.

Porém, como um dia salientou Caio Prado Junior, esse sentido da nossa experiência nessas terras somente iria desabrochar com o tempo, e o conflito permanece, mesmo o Brasil sendo um lugar onde sabemos evitar certos conflitos que outros países de experiências análogas não conseguiram evitar. Dentre as várias pistas, próprias de um país ainda em início de formação (só temos 200 anos), a violência não nos é estranha; seja em ambientes urbanos, como é visto a olhos nus principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia, seja em ambiente agrário. Os nossos antagonismos permanecem assumindo formas outras, sempre complexas, no crime, na religião, nas classes. Ainda estão em curso, lentamente como recordou Caetano ao musicar Nabuco, as correções das marcas que a escravidão deixou entre nós.

Com a chamada à guerra por todos os cantos, inclusive aqui pelo crime organizado e grupos extremados na política, o pessimismo da razão nos mostra um futuro dificílimo, que vai se podando as saídas civilizatórias. Por mais que tenhamos lufadas de ar fresco, problemas específicos como o abandono da educação por nós mesmos (e por muitos que deveriam zelar por ela) apontam que estamos descendo o rio em direção ao Coração das Trevas, como mostrou Joseph Conrad.

Nesses tempos sombrios e fraturados, onde a dimensão conflitiva atinge a tudo e a todos esgarçando o tecido social e separando as pessoas, é imensa a nossa responsabilidade, quanto a nós e quanto ao resto do planeta, para trilharmos um caminho de flores e votos para um cessar das balas. Aí está, quem sabe, um bom motivo para equilibrarmos, também, nosso pessimismo com o otimismo da razão.



[1] - Doutorando em Ciências Sociais em Agricultura, Desenvolvimento e Sociedade pela UFRRJ.

4 comentários:

Anônimo disse...

Assim como os Estados Unidos, Israel não busca a Paz. Precisam de guerras pra se auto se justificarem.

Anônimo disse...

A solução dos dois Estados, Israel e Palestina, já não é mais viável em face da ocupação dos territórios palestinos por milhões de judeus radicais. A superação do apartheid social atual exige um drible Sul-Africano nessa inglória realidade.

Anônimo disse...

Amei a reportagem!!Obrigado pelas informações.

Anônimo disse...

Amei muito essa Reportagem!