sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A REPÚBLICA NO MUNDO DE HOJE

Mariana & Marianne

 
Ricardo José de Azevedo Marinho
15 de novembro de 2015 - 194º da Independência e 127º da República
 
 
Mariana & Marianne, duas damas, duas mulheres, duas moças, duas meninas que se encontram hoje a chorar conosco os seus. As dores, entretanto, não cancelam a esperança que ambas carregam. Doce é o Rio que as banha em bacia ainda que hoje esteja enlameada de sangue.
Estamos em tempos fraturados onde o que viceja é a escassez de agendas positivas. Olhamos, por toda parte e não encontramos boas palavras para essas horas aziagas.
Aqui, ao contrario, estamos dispostos a seguir em sua busca. E Mariana& Marianne estão conosco nessa labuta. O G20, que começou hoje em Antalya, na Turquia, precisará olhar com os valores humanos do Ocidente a forma de abrigar todos os refugiados e as refugiadas, uma vez que o país anfitrião abriga quase três milhões de sírios fugidos da guerra. Para o momento, Marianne escuta os falcões a convocarem outra guerra. Aquela que começou a se cantar nos idos de 2001.
 
 
Os relatos que nos chegam de viajantes da Europa e da Turquia, é que as refugiadas e os refugiados estão em toda a parte: pedindo esmola nas ruas ou amontoados em campos montados as pressas para eles.
Ou seja: inexiste visão humanitária disponível no mundo Ocidental. E tão pouco no Oriente. Essa era a hora para a concessão de vistos humanitários para as refugiadas e os refugiados e imigrantes.
Não! Aponta-se para a guerra como o caminho a ser perseguido. Se alimentar aquilo que gera o estado de coisas que ai está não pode ser uma proposta a se apostar. A xenofobia é o que alimenta essa visão anacrônica diante dos direitos humanos.
Ao mesmo tempo Mariana também se ressente dos seus que se foi com o rompimento das barragens de rejeitos da Samarco, que destruiu um vilarejo, matou várias pessoas e deixou outras tantas desaparecidas.
Não resta dúvida que foi desastrada e descuidada a forma pela qual os governos (federal e estaduais) lidaram com os efeitos do desastre.
De igual maneira se está adentrando em terreno nada proveitoso a humanidade com as soluções de velho tipo para a hora global.
Por isso precisamos de Mariana & Marianne irmãs nessa hora triste mas também noutras horas alegres da história mundial e suas inspirações não serão apagadas.
 
 


sábado, 7 de novembro de 2015

CONJUNTURA - BRASIL

 
Teses de Novembro sobre a Conjuntura Brasileira
Por Vagner Gomes de Souza

1. Uma grande virada mundial ocorre no mundo contemporâneo como consequência da crise econômica financeira inaugurada em 2008. Nesse momento, o Brasil tem a oportunidade de participar desse processo de modernização desde que empreenda mudanças importantes para a grandeza que a conjuntura se impõe. Os recentes alinhamentos da política externa precisam ser revistos pois reeditam uma ultrapassada orientação do "Bloco dos Países Não Alinhados". Contudo, em tempos pós-guerra-fria.
2. A cultura da paz. A defesa dos Direitos Humanos. As graves implicações dos múltiplos fundamentalismos. A questão ambiental. São problemas internacionais que as forças democráticas tem dificuldades em encaminhar entre a sociedade brasileira uma vez que muitas forças progressistas se confundem no campo de nacionalismo e de um "bolivarismo" sectário.
3. A inserção soberana do Brasil no cenário internacional se fará pela ampliação dos valores da democracia num caminho institucional e humano. Entretanto, nossa viabilidade como referencial dos valores humanos nesse momento são impactados pela gravidade de nossa atual crise política. Trata-se da maior crise desde a redemocratização em 1985, o que impõe novas posturas do campo democrático e progressista.
4. Uma nova geração emergiu em mais de duas décadas de Plano Real alheia ao mundo político. A estabilização da economia gradualmente foi reforçando o afastamento dessa vertente em relação a política. Nossos quadros políticos são netos e filhos de políticos profissionalizados há quase 30 anos. Por outro lado, a esquerda brasileira encontra-se distante de qualquer linha interpretativa renovada para o país. O vazio de lideranças na política brasileira que contribuam para enfrentar a crise é demonstração de que nenhum personagem da "pequena política" esteja disposto a renunciar o cotidiano de sua sobrevivência eleitoral para se tornar um "ator político".
5. Esse diagnóstico poderia explicar esse "mal-estar" com a política que observamos na sociedade, porém ela precisa estar organizada para enfrentar os problemas que se avolumam para os próximos meses. Não se observa uma "luz ao final do túnel" sem que haja forças políticas comprometidas e realizando um diálogo nacional ao redor de um programa de reformas.
6. Seja a "Agenda Brasil" ou "Uma ponte para o futuro". Dois momentos de inspiração em que nada se encaminha de real para a sociedade. Não se pode permitir um silêncio por mais tempo pois presenciamos um perigo para a institucionalidade democrática. Nada se fará sem o centro político. Portanto, devemos zelar para que esse campo não se deixe encantar pelo conservadorismo.
7. Diversas frentes e/ou manifestações de conservadorismo aparecem no meio desse "turbilhão" que é a crise política brasileira. Trata-se de ensaios da ante-sala da volta de um Antigo Regime mais centralizador, ou seja, o pior dos mundos para as forças democráticas e progressistas. Mas, o que dizem essas forças democráticas e progressistas? Nada que tenha grande impacto ou visibilidade para a sociedade. Deixaram a sociedade a deriva nesses tempos de crise pois estão analisando a crise com o "retrovisor" de um Brasil do pré-1964.
8. O capitalismo veio para ficar por um bom tempo. Há décadas. Agora, o capitalismo brasileiro precisa estar comprometido com a democracia. Esse deve ser o elo político renovador de uma esquerda democrática e das forças novas da política. Ou não temem um fantasma "pinochetista"?
9. O debate deve ser para além do apoio ou condenação do "impeachment". O desgaste político é grande pela falta de iniciativa política do Governo e da Oposição em realizar algo mais sensível para a população. Por outro lado, os setores sociais organizados aparentemente empurram essa crise em "banho maria" numa espera de uma solução no "sebastianismo" do Lulismo. Virar a página do Lulismo é fundamental para termos novos sujeitos políticos no campo democrático e progressista.
10. Nesse momento, as eleições municipais do próximo ano parecem numa distância política de séculos porque não estamos respondendo no dia a dia os problemas da sociedade. Esse é um cenário político que exige novos caminhos que não renunciem a nossa democracia. Por isso, cada tempo gasto na reflexão da política atual é um ganho de dias a mais para nossa sociedade que desperte na efetivação de uma "revolução passiva" de baixo para cima.