Histórica Audiência do SEPE com um Prefeito
A Metamorfose Ambulante da Greve na Rede Municipal de Educação Carioca
Por Vagner Gomes de Souza – Escola Municipal Charles Dickens
As mobilizações de
junho empreendeu um novo gás as sujeitos da sociedade. No primeiro momento uma
multiplicidade de reivindicações foram transbordadas nas ruas e levantadas por
diversos segmentos sociais e vertentes políticas. Os campos políticos extremos
Esquerda e Direita voltaram a cena das análises dos colunistas políticos e
cientistas sociais num quadro de “raquitismo” da política. Entre os diversos
questionamentos das manifestações estavam a ausência de um “padrão FIFA” para a
Educação brasileira.
No Rio de Janeiro,
a luta política se avolumou e recebeu uma nova dinâmica com as multidões que
acolheram a Jornada Mundial da Juventude em julho. Uma cidade onde há um
histórico de conflitos sociais sem luta de classes que marca a história local
desde sempre em diversos exemplos (Revolta da Vacina, Revolta de Chibata,
Revolta do Forte de Copacabana, Insurreição de 1935, Revolta dos Bondes em
1956, etc.). Os pronunciamentos do Papa Francisco sobre temas de um olhar mais
humano para o capitalismo é outro elemento que sensibilizou a todos
independente de vínculos religiosos.
Muitos
anteciparam o esgotamento das manifestações, porém não perceberam que elas
estão em metamorfose ambulante nas diversas mobilizações que ocorrem na
sociedade brasileira. Todas convergem para um mesmo caminho que não implicará
em rupturas ou retrocessos. E a Educação Pública? Na questão nacional, ela
apareceu na pauta da aplicação dos Royalties do Petróleo e nas tentativas de
aprovação do novo Plano Nacional de Educação. Uma continua
revolução/restauração no processo em curso sobre as mudanças na Educação que
passará por uma reinterpretação do Profissional de Educação como Intelectual
“fordizado”.
Nessa
correlação, a greve dos profissionais da educação do município do Rio de
Janeiro é um momento de revelação de como o transformismo se faz presente. A
rede municipal de educação do Rio de Janeiro não estava em Greve há cerca de
duas décadas. Muitos analistas defendiam que era uma categoria profissional
majoritariamente em estágio de conformismo. Seguidas orientações pedagógicas
foram implementadas de forma centralizadora ao ponto de reduzirem ao extremo a
autonomia pedagógica das unidades escolares, mas a categoria estava sob o peso
do “Partido da Moderação” uma vez que atuava na Rede Estadual de Educação como
o “Partido da Ação”. Em resumo, esse seria o estranho modus operandus de um
setor dos servidores públicos em suas recentes mobilizações.
Contudo,
o novo momento da rede municipal de educação, em greve desde 8 de agosto, é de
plena metamorfose diante do silenciosos momentos de adaptabilidade com o que
foi o “cesarismo” (implementado desde 1992) e de adesismo ao discurso fácil do
pós-cesarismo. Há um momento de reorganização da base da categoria que cria contradições
tanto o Governo Municipal quanto nas correntes majoritárias do Sindicato.
Entretanto, diante de uma proposta de “acordo”, seria o momento de refletir
para o longo curso de uma mobilização que não se limita em parar as atividades.
Há muitas coisas ainda por ganhar num processo de longa duração. Essa é a
realidade ao compreender que devemos saber mediar nossos interesses, pois há
outros sujeitos em jogo. Por isso, não devemos trilhar pelo sectarismo que
desgastará nossas forças. A queda da popularidade do Governo Municipal já está
em reversão a medida que o mesmo se distancia de seu “padrinho” no Governo
Estadual. Trata-se de ter a astúcia de dar um passo atrás para dar dois passos
adiante. Se for verdade que estamos reaprendendo a fazer uma Greve. Devemos
começar a aprender a sair dela forte para sempre tê-la como um forte
dispositivo de pressão.
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