domingo, 25 de agosto de 2013

GREVE NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - RJ


Histórica Audiência do SEPE com um Prefeito

A Metamorfose Ambulante da Greve na Rede Municipal de Educação Carioca

Por Vagner Gomes de Souza – Escola Municipal Charles Dickens

As mobilizações de junho empreendeu um novo gás as sujeitos da sociedade. No primeiro momento uma multiplicidade de reivindicações foram transbordadas nas ruas e levantadas por diversos segmentos sociais e vertentes políticas. Os campos políticos extremos Esquerda e Direita voltaram a cena das análises dos colunistas políticos e cientistas sociais num quadro de “raquitismo” da política. Entre os diversos questionamentos das manifestações estavam a ausência de um “padrão FIFA” para a Educação brasileira.
No Rio de Janeiro, a luta política se avolumou e recebeu uma nova dinâmica com as multidões que acolheram a Jornada Mundial da Juventude em julho. Uma cidade onde há um histórico de conflitos sociais sem luta de classes que marca a história local desde sempre em diversos exemplos (Revolta da Vacina, Revolta de Chibata, Revolta do Forte de Copacabana, Insurreição de 1935, Revolta dos Bondes em 1956, etc.). Os pronunciamentos do Papa Francisco sobre temas de um olhar mais humano para o capitalismo é outro elemento que sensibilizou a todos independente de vínculos religiosos.
Muitos anteciparam o esgotamento das manifestações, porém não perceberam que elas estão em metamorfose ambulante nas diversas mobilizações que ocorrem na sociedade brasileira. Todas convergem para um mesmo caminho que não implicará em rupturas ou retrocessos. E a Educação Pública? Na questão nacional, ela apareceu na pauta da aplicação dos Royalties do Petróleo e nas tentativas de aprovação do novo Plano Nacional de Educação. Uma continua revolução/restauração no processo em curso sobre as mudanças na Educação que passará por uma reinterpretação do Profissional de Educação como Intelectual “fordizado”.
 
 
Nessa correlação, a greve dos profissionais da educação do município do Rio de Janeiro é um momento de revelação de como o transformismo se faz presente. A rede municipal de educação do Rio de Janeiro não estava em Greve há cerca de duas décadas. Muitos analistas defendiam que era uma categoria profissional majoritariamente em estágio de conformismo. Seguidas orientações pedagógicas foram implementadas de forma centralizadora ao ponto de reduzirem ao extremo a autonomia pedagógica das unidades escolares, mas a categoria estava sob o peso do “Partido da Moderação” uma vez que atuava na Rede Estadual de Educação como o “Partido da Ação”. Em resumo, esse seria o estranho modus operandus de um setor dos servidores públicos em suas recentes mobilizações.
Contudo, o novo momento da rede municipal de educação, em greve desde 8 de agosto, é de plena metamorfose diante do silenciosos momentos de adaptabilidade com o que foi o “cesarismo” (implementado desde 1992) e de adesismo ao discurso fácil do pós-cesarismo. Há um momento de reorganização da base da categoria que cria contradições tanto o Governo Municipal quanto nas correntes majoritárias do Sindicato. Entretanto, diante de uma proposta de “acordo”, seria o momento de refletir para o longo curso de uma mobilização que não se limita em parar as atividades. Há muitas coisas ainda por ganhar num processo de longa duração. Essa é a realidade ao compreender que devemos saber mediar nossos interesses, pois há outros sujeitos em jogo. Por isso, não devemos trilhar pelo sectarismo que desgastará nossas forças. A queda da popularidade do Governo Municipal já está em reversão a medida que o mesmo se distancia de seu “padrinho” no Governo Estadual. Trata-se de ter a astúcia de dar um passo atrás para dar dois passos adiante. Se for verdade que estamos reaprendendo a fazer uma Greve. Devemos começar a aprender a sair dela forte para sempre tê-la como um forte dispositivo de pressão.

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