XXXXXXXXX
Voto e Sangue em Tropa de Elite 2: “Como podemos salvar nossas maçãs?”
(Conclusão)
Por Pablo Spinelli
O filme tem algumas lacunas. A principal é que não diz com clareza que não é apenas a comunidade que inicialmente aplaude a entrada da milícia que “a livra” do tráfico. Há uma parcela significativa da população que torce pela milícia, a mesma que foi “esculachada” por Nascimento – a classe média. Esse anti-herói que não deveria ser amado mas, pela força do carisma do seu intérprete e da construção (bem mais madura que no primeiro TE) do personagem. Embrutecido pela corporação que o formou, forjado pela política do bandido e mocinho que predominou na Segurança Pública, Nascimento, nesse seu papo de botequim, nos revela uma visão multifacetada e com ela formamos a nossa. A sociedade é ambígua. O mocinho pode ser vilão, o vilão virar mocinho. Exemplo disso são as palmas que Nascimento recebe da população num restaurante de classe média alta – é o único momento em que há a crítica à postura de setores da classe média carioca que apóiam a repressão, a menoridade para infratores, a pena de morte, após ter supostamente comandado a execução de bandidos em Bangu I.
Não é por acaso que Nascimento é o nome desse personagem. Devemos pensar em que tipo de segurança e ordem pública queremos que nasça em nossa sociedade. Além disso, o sobrevôo de Brasília feita por uma câmera que nos aponta o cerne do problema – a desvirtuação da POLÍTICA, das ações republicanas -, tem como objetivo dizer que o problema é o SISTEMA, como nos antigos filmes políticos de Hollywood nos anos 1970. O sistema aqui pode ser o clientelismo político – o que abre para um TE 3 questionar as ações de Centro Sociais em regiões carentes de atendimento do Estado como a Zona Oeste e Baixada Fluminense – onde a corrupção é dos dois lados. Pode ser também o sistema da mídia que apela para apresentadores “fanfarrões” que colocam na cabeça do espectador as forças do “bem” contra as forças do “mal” (o candidato que apostou nessa dicotomia recentemente se deu muito mal).
Acreditamos que a população fluminense sofreu e absorveu criticamente o impacto do filme e mostrou isso nessas eleições do Rio de Janeiro. Nesta houve a presença do Prefeito há época de muitos daqueles acontecimentos do filme que classificaria a milícia como um “mal menor”. Foi desbancado por um candidato vindo da Baixada Fluminense que se coligou com o governo das UPPs.
Vale ressaltar que o filme coloca de maneira subliminar o futuro das UPPs. Caso esse “sistema” permaneça apodrecido e vulnerável, pelo seu hermetismo, aos ataques de interesses e ações nada republicanas, a UPP de hoje – idéia original com eventuais modificações de um dos autores do livro “Elite da Tropa”, que deu origem ao primeiro filme, o sociólogo e, não por acaso, ex-secretário de segurança, Luis Eduardo Soares que foi demitido através da mídia pelo então governador Anthony Garotinho - pode virar a milícia de amanhã. Devemos salvar essas jovens maçãs.
3 comentários:
Sou Militar das forças Armadas e Apoio a milicia
porque eles conseguem ir até aonde a lei não vai.
Meu bairro era controlado pelo trafico de drogas a uns anos atras ninguem conseguia andar de noite pela rua sem ser assaltado ou coisa do tipo, e policia nenhuma tomava uma atitude para expulsar eles daqui.
foi precizo um grupo de homens com atitude e coragem para expulsar os ''FDP'' daqui, agora você anda tranquilo praonde você deseja a qualquer hora, e vacilão morre mesmo, é o certo .
uma coisa que aprendi no exercito é '' quem poupa o lobo sacrifica a ovelha '' e '' quem refresca cú de pato é lagoa ''.
intão tem que passar o rodo nessas porra mesmo .
Favelas tranquilas, moradores tranquilos, crianças na rua bricando, se divertindo com o pouco que tem,por causa da milicia , ou uma favela dominada pelo trafico , por policias de má indole...
somos a favor da milicia...
"quando não se tem nada,um pouco ja é muito,e muito é quase de mais"
Abraços Professor...Igor Mendes
“Tropa de Elite 2”, como o numero ao lado do título diz, é uma continuação, não uma cópia ou uma repetição, mas sim o amadurecimento de uma idéia, de um personagem e, muito mais ainda, de uma situação. Por isso mesmo, se essa sequencia não é melhor que o primeiro, é inegavelmente, uma obra muito mais completa e complexa. De terno e gravata, Nascimento acaba descobrindo que, mesmo transformando o batalhão especial em uma máquina de guerra com capacidade de quase erradicar o tráfico no Rio de Janeiro, o inimigo, desde o começo é outro, é aquele agente carcerário que faz vista grossa para a entrada de armas no começo do filme, ou as milícias que tomam o lugar do tráfico nos morros e, mais perigosos que todos, os políticos que só ficam por trás correndo em sua esteiras ou atendendo seus telefones em suas saunas. Que tomam champagne na favela à procura de votos e pouco se lixam com uma ou duas vidas desperdiçadas, contanto que as urnas apontem para eles. Uma mensagem que a maioria do cinema é capaz de ignorar por comodismo, ou até por não querer perceber que o culpado de tudo isso está ali sentado no escuro e acabou de eleger quinhentos e treze Deputados Federais (sem contar estaduais), que, infelizmente não devem se diferenciar tanto assim desses que o, eterno Capitão, Nascimento lutou com unhas e dentes.
Postar um comentário