Lições políticas da Derrota – Uma homenagem a Leandro Konder
Por Vagner Gomes de Souza
Leandro Konder foi
um célebre divulgador de ideias e introdução de pensadores marxistas em nosso
país. Desde sua enfermidade até seu recente falecimento o campo marxista ficou
mais debilitado na produção de reflexões e debates com os pensadores liberais até
para evitar esse estigma de falsa polarização política. A principal
característica de Leandro Konder sempre foi a busca do diálogo das ideias
democráticas em que a dialética seria a força motriz dessa importante
articulação.
Ele era muito mais
um grande professor sobre as ideias políticas que formulador de análises da
conjuntura política. Na conjuntura política ele sempre preferiu ser um
observador atento de outros analistas sejam marxistas ou não. Então, se dizia
um derrotado na política. Sua derrota se confunde com os desdobramentos do VII
Congresso Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que no início dos anos
80 interrompeu um processo de renovação interna partidária. Sua geração foi
sectariamente acusada de “direita” do PCB por defenderem uma linha mais ampla
na luta contra a Ditadura Militar (1964 – 1985) que seria a Frente Democrática
a qual valorizava um aprofundamento da aliança com as forças liberais.
Derrotado na
política e testemunha de uma recepção do marxismo no Brasil que, na verdade,
reforçou uma nova roupagem para o positivismo brasileiro. Foi nessa trilha que
Leandro Konder obteve o seu título de Doutor ao escrever A Derrota da Dialética que foi muito bem recebida pela crítica
literária na época de seu lançamento. Eram tempos do avanço da política
neoliberal e poucos imaginariam em que ponto político chegaria o Partido dos
Trabalhadores nas duas próximas décadas. Na verdade, mais uma vez se
desenvolveu um erro da esquerda brasileira: a pouca atenção a atividade
reflexiva de seus intelectuais diante da necessidade pragmática de garantir
bons desempenhos eleitorais.
Konder sempre
destacava que a esquerda costumava errar. E lembrava que o grande problema era
que ela se negava a aprender com o erro. A ausência da autocrítica é comum nas
agremiações de esquerda no Brasil que se deixaram confundir com as bandeiras
liberais, para os movimentos políticos relevantes, ou com as bandeiras
marxistas sectárias, paras os agrupamentos de ultraesquerda. Ele faleceu no
pior momento da história da esquerda brasileira em que os segmentos
democráticos dessa corrente estão fragmentados em diversos setores ou
agremiações, ou seja, não há um grande ator político que os representem. Assim,
a juventude (um segmento que Leandro Konder olhava com simpatia) está com
dificuldades para formular políticas democráticas que “exorcizem” as posturas
autoritárias de diversas matrizes políticas que teimam em renascer. Portanto, a
nossa homenagem a Leandro Konder é uma oportunidade para convocar a todos ao
melhor exercício da “revolução passiva” numa chave positiva em nosso país.
Em 13 de novembro de 2014.