Zona
Oeste em Chamas
Carlos Alfredo
Nagle[1]
Escrevo muito impactado
por imagens de um incêndio no bairro de Campo Grande (maior bairro do país e
reduto eleitoral das forças reacionárias do negativismo ambiental) que circula
nas redes sociais. Trata-se de um incêndio que precisa de muita investigação
pois, apesar de ser uma época propícia a esse tipo de eventos, temos um fogo
mais próximo das residências em territórios com interesses imobiliários de
segmentos a margem de nosso universo jurídico.
No primeiro momento,
pensava ser #tbt do triste acontecimento na Floresta da Posse há exatos sete
dias. Todavia temos o maciço da Pedra Branca e seus arredores em ameaça. As
margens próximas na altura da Estrada dos Caboclos ardendo em chamas segundo
meus conhecidos estão a me informar. Não sei se há correlação com as ventanias
sicilianas que somente o Comissário Montalbano poderia esclarecer, porém, onde
tem fumaça há fogo e aonde tem fogo tem ausência de uma política mínima de
articulação de um “gabinete de crise” sobre o tema.
Se há certa
naturalização para esses eventos estranhos, imaginemos que não se pensa em uma
resposta as chamadas queimadas urbanas. O ponto é delicado também para a saúde publica,
pois moradores locais relatam “fuligem” circulando pelo bairro dos
desaparecidos laranjais. Um vale de incertezas que não se pode ser enfrentado
com postagens nas mídias sociais.
Capitão Planeta não
pode ficar circunscrito a voos de helicópteros pelos pontos turísticos do Rio
de Janeiro. Deve fazer uma vistoria mais profunda em caráter emergencial para o
espaço geográfico desses eventos. Um mapa, coisa de geógrafo investigativo,
pode ser uma boa sugestão para ver se há ou não mera coincidências. Estranhemos
as semelhanças. Duvidemos de tudo disse uma vez um pensador da Renânia que
jamais se importou com essa característica identitária.
Enfim, nesse momento de
comoção, deixo essa paródia como reflexão:
Lágrimas
em mim[2]
Passarim
quis pousar, não deu, voou
Porque
a frente partiu, mas não pegou
Passarinho,
me conta, então me diz:
Por
que a o meio ambiente não está feliz?
Me
diz o que eu faço da “lacração”?
Que
me devora a razão...
Que
me deixa isoladão...
Que
me maltrata o coração...
Que
piora minha ação...
E
o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê
o fogo? A água se privatizou
E
cadê a água? O “gado” se escondeu
Cadê
o amor? Falta de programa corroeu
E
a vaidade se espalhou
E
o Homem Morcego carregou
Cadê
o SEMAC que o vento levou?
[1] Liderança estudantil em 1968. Formado em Geografia. Ex-colunista no Jornal do Brasil. Agradeço a gentileza do BLOG em me ceder esse espaço quase em caráter de urgência.
[2] Paródia de “Passarim” de Tom Jobim.
Um comentário:
HAHAHAHAHAHAH
Muito boa a paródia!!!
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