quinta-feira, 13 de julho de 2023

CARBONÁRIOS DO SÉCULO XXI - Fogo não cai do céu....


Imagem postada na página Campo Grande Notícias RJ

Zona Oeste em Chamas

Carlos Alfredo Nagle[1]

 

Escrevo muito impactado por imagens de um incêndio no bairro de Campo Grande (maior bairro do país e reduto eleitoral das forças reacionárias do negativismo ambiental) que circula nas redes sociais. Trata-se de um incêndio que precisa de muita investigação pois, apesar de ser uma época propícia a esse tipo de eventos, temos um fogo mais próximo das residências em territórios com interesses imobiliários de segmentos a margem de nosso universo jurídico.

No primeiro momento, pensava ser #tbt do triste acontecimento na Floresta da Posse há exatos sete dias. Todavia temos o maciço da Pedra Branca e seus arredores em ameaça. As margens próximas na altura da Estrada dos Caboclos ardendo em chamas segundo meus conhecidos estão a me informar. Não sei se há correlação com as ventanias sicilianas que somente o Comissário Montalbano poderia esclarecer, porém, onde tem fumaça há fogo e aonde tem fogo tem ausência de uma política mínima de articulação de um “gabinete de crise” sobre o tema.

Se há certa naturalização para esses eventos estranhos, imaginemos que não se pensa em uma resposta as chamadas queimadas urbanas. O ponto é delicado também para a saúde publica, pois moradores locais relatam “fuligem” circulando pelo bairro dos desaparecidos laranjais. Um vale de incertezas que não se pode ser enfrentado com postagens nas mídias sociais.

Capitão Planeta não pode ficar circunscrito a voos de helicópteros pelos pontos turísticos do Rio de Janeiro. Deve fazer uma vistoria mais profunda em caráter emergencial para o espaço geográfico desses eventos. Um mapa, coisa de geógrafo investigativo, pode ser uma boa sugestão para ver se há ou não mera coincidências. Estranhemos as semelhanças. Duvidemos de tudo disse uma vez um pensador da Renânia que jamais se importou com essa característica identitária.

Enfim, nesse momento de comoção, deixo essa paródia como reflexão:

Lágrimas em mim[2]

 

Passarim quis pousar, não deu, voou

Porque a frente partiu, mas não pegou

Passarinho, me conta, então me diz:

Por que a o meio ambiente não está feliz?

Me diz o que eu faço da “lacração”?

Que me devora a razão...

Que me deixa isoladão...

Que me maltrata o coração...

Que piora minha ação...

 

E o mato que é bom, o fogo queimou

Cadê o fogo? A água se privatizou

E cadê a água? O “gado” se escondeu

Cadê o amor? Falta de programa corroeu

E a vaidade se espalhou

E o Homem Morcego carregou

Cadê o SEMAC que o vento levou?



[1] Liderança estudantil em 1968. Formado em Geografia. Ex-colunista no Jornal do Brasil. Agradeço a gentileza do BLOG em me ceder esse espaço quase em caráter de urgência.

[2] Paródia de “Passarim” de Tom Jobim.


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