Educação Ambiental no Rio de Janeiro
Dedicado a
Ex-Deputada Jurema Batista
Carlos Alfredo
Nagle[1]
Um belo espetáculo foi
ver a baleia jubarte na praia de meu bairro, Ipanema, a cerca de um mês atrás.
Lembrei-me de que, muito antes de me interessar para o meio ambiente, nas aulas
da Escola Municipal (fui aluno de escola pública) um professor explicou que
esses cetáceos vinham ao nosso litoral para buscar condições para a reprodução
da espécie. Nada de gastos com cartilhas naquele tempo para se observar o
conhecimento.
Então, me peguei a
pensar sobre a importância de um programa de ensino da Educação Ambiental nas
escolas. Foram nelas que surgiu minha primeira motivação como um aluno curioso
sobre o mundo ao meu redor. Em seguida, fui estudar o antigo secundário no
Colégio Pedro II num momento conturbado pelo inicio da Ditadura Militar. Havia
um professor de Geografia, que poderia ser considerado tradicional, mas foi um
dos primeiros a anunciar sobre a possibilidade das mudanças climáticas e seus
impactos para as encostas do Rio de Janeiro. Ele era discípulo de Fernando
Antônio Raja Gabaglia e nos fez ler o livro do mesmo para os exames do curso (Leituras Geográficas). Esse saudoso
professor muito falava sobre os rios cariocas e dava como exemplo o Rio Pavuna
que estava ainda a se perder na poluição.
Estávamos muito
iludidos pelas leituras de Louis Althusser numa linha empobrecedora de
compreensão do marxismo e da conjuntura. O importante seria a nossa identidade
na luta contra a Ditadura Militar. Não pude compreender naquela época a coragem
da linha do antigo partidão em sequência ao seu VI Congresso (1967). Tempo se
passou. Meu exílio me levou a reencontrar a Geografia e a perspectiva da
educação ambiental, porém a tecnocracia pretendia colocar o meio ambiente
circunscrito ao campo das ciências da natureza. Todavia a ecologia é uma
ciência humana e para um mundo mais amplo que as “caixinhas” de ressonância dos
conceitos que hoje a rodeiam.
Na minha Carta Aberta
anterior, eu lamentei a redução do tempo semanal da disciplina de Geografia na
Rede Municipal do Rio de Janeiro. Esperei, por pura ilusão de um velho
ativista, que o jovem Secretário de Educação carioca fosse postar algum
comentário a essa passagem. Ilusão minha. Os jovens secretários da gestão
municipal do Rio de Janeiro estão ocupados em fazer imagens para suas mídias
sociais. Foi-se o tempo que uma carta na Coluna de Leitores do Jornal do Brasil
era respondida pelos gestores públicos que hoje se assemelham a influencers de
ausências programáticas.
Portanto, talvez o
caminho seja acreditar na invenção da política, ou seja, a Secretaria Municipal
do Meio Ambiente e Clima buscar um diálogo para que tenhamos mais educadores da
rede municipal a ministrar aulas de educação ambiental nas unidades escolares.
A educação ambiental é tema transversal e precisa de mais recursos uma vez que
o melhor espaço para se aprender é na aplicação desse conhecimento. Contudo, é
necessário ter ousadia para exigir mudanças diante dos “Filhos de Havard”.
Qual é o programa para
a Educação Ambiental? Esse precisa ser debatido nas comunidades escolares pelas
mesmas. Unificar aos Projetos Políticos e Pedagógicos (PPPs) das unidades
escolares as perspectivas das ODS da ONU. Na gestão de Educação do Governo
anterior, havia referência aos mesmos temas nos materiais pedagógicos
distribuídos pela SME-RJ. A continuidade com novas tonalidades precisa ter esse
ponto de encontro entre Republicanos e Sociais Democráticos no arcabouço da
Educação Ambiental. A inspiração da “Grande Política” nesse tema se faz
evidenciar que muitos jovens gestores ainda se sentem envaidecidos e não
acolhem as críticas construtivas como se fosse estar a “falar mal”.
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