quinta-feira, 1 de outubro de 2015

VAI QUE COLA - UMA OPINIÃO

 
O Macunaíma do Subúrbio
 
Por Vagner Gomes
 
Paulo Gustavo é de uma nova geração de humoristas que surgiram com peças lotadas nos últimos anos. "Minha mãe é uma peça", "Hiperativo" e "220 volts" são exemplos desse sucesso de público nas artes cênicas que também se estendeu ao cinema com "Minha mãe...". Na televisão, sua atuação na série "Vai que cola" garante muitos "cacos" que mantêm a continuidade da audiência num canal da TV por assinatura.
Trata-se de "Vai que cola - o filme" uma iniciativa ousada para que refletirmos nesse momento político. O roteiro, muito bem desenvolvido, permite que vejamos a volta do personagem Valdomiro Lacerda - Valdo (Paulo Gustavo) para a sua cobertura no Leblon. Trata-se de mais uma implicação do mesmo na trama sobre seu envolvimento na corrupção como "laranja" de uma grande corporação de Engenharia que ganha uma licitação para construção de abrigos para idosos.
 Um bom entendedor, perceberá que nem tudo seria mera coincidência no submundo em que o simpático Valdo se envolve. Um "anti-herói" do humor apresenta-se diante do público em pequenas doses que fazem a sátira e pode estabelecer momentos de reflexão sobre a cultura cívica de nosso país.
Além disso, há uma visão inteligente na abordagem sobre a Cidade Partida nesse filme ao vermos uma paródia comparativa sobre a forma de vida no Méier. A Zona Norte carioca é um microcosmos para diversas periferias do nosso país. Contudo, há a visão romântica da formação ética forte nessas localidades mesmo que tenhamos personagens dúbios quanto ao uso da verdade.
Os personagens da pensão de "Dona Jô" lembram muito dos perfis antropológicos de uma sociedade americanizada e muito influenciada pelas redes sociais. Uma antropofagia da Zona Sul é feita no subúrbio de Vai que Cola. Por isso, o filme ganha muito de dramaticidade política pela via do humor como se ilustrou na presença da expressão "delação premiada".