Carta
aos Campograndenses Cariocas I
Por Gabriel
Nunes
Caro
leitor,
seja bem–vindo! Se você
é evangélico e Bolsonarista, pretende não votar ou ainda está indeciso em quem
votar, é com você que venho falar, amistosamente, neste artigo.
Peço que averigue o que
acreditar não ser verdade neste artigo, e tire suas conclusões por si só, pois
seu voto, independentemente de quem seja, deve ser consciente, e a intenção
deste artigo é conscientizá-lo, não dissuadi-lo.
É natural que sob
ameaça de repreensão à nossa prática religiosa, e aos seus princípios, queiramos
defender aquilo que faz parte de nós, às vezes, desde o berço. Mas também é um
fato que a não assimilação de nossa própria religião, nos faz, antes de
qualquer um, estar suscetível a agir contra seus princípios.
No lado Cristão, podemos
citar como os mesmos que se diziam cristãos pediram a morte de Cristo, que não
tinha a menor pretensão de ser entendido, mas cumpriu sua missão, atingindo
àqueles que o entenderam ainda que parcialmente.
“Jesus disse: Pai,
perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo." - Lucas 23:34
Ainda hoje, o homem usa
da religião como um meio de satisfazer seus desejos egoístas. Estes, chamados
de falsos profetas, já eram objeto de alerta de Cristo e seus discípulos em sua
época:
"Cuidado com os
falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro
são lobos devoradores.
Vocês os reconhecerão
por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas
daninhas?
Semelhantemente, toda
árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins.
A árvore boa não pode
dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons.
Toda árvore que não
produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo.
Assim, pelos seus
frutos vocês os reconhecerão!"
-
Mateus 7:15-20
"Recomendo-lhes,
irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos
ao ensino que vocês têm recebido.
Afastem-se deles. Pois
essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios
apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam os corações dos
ingênuos."
- Romanos 16:17,18
Os gregos apresentam o
amor em três aspectos:
Eros - o amor romântico; Philos - o amor da
amizade; e por fim, Ágape - o amor imensurável, por tudo e por todos, um amor
incompreensível para a mente humana, que seria o amor do coração de Cristo, e
deve ser a busca constante de seus seguidores.
Como pode um verdadeiro
seguidor deste Cristo, produzir maus frutos? Como podemos destilar veneno e
esperar que cure alguém? Como se dizer cristão, agindo opostamente ao que
Cristo viveu e pregou?
Como dito por Cristo,
qualquer um pode se dizer cristão, mas apenas através de suas atitudes, de seus
frutos, podemos ver se isto procede, pois o evangelho é para ser vivido, muito
mais do que para falar que se vive. Não sendo cristão quem diz sê-lo numa hora,
e na outra tudo o que sai de sua boca é torpe, sujo, baixo, é ódio etc., pois
sabemos que a boca explana o que o coração guarda, e o amor incita ao amor, nunca
à violência.
O Anti - Cristo sempre
existiu, e segue existindo na consciência humana ,inclusive naqueles que se
dizem cristãos, mas vivem o que Cristo repudiou; que adotam os moralismos, dizendo
ser a moral. Porém, esta moral cristã independe da época, ou sociedade em que
se vive, é atemporal, pois, antes ou depois de Cristo, cristão é quem vive na
busca das virtudes pregadas por ele, e só assim podemos seguir a moral. Não a
moral de uma época ou sociedade, mas a moral atemporal, como citei, pautada não
em leis ou costumes, mas no amor.
O que vemos hoje mais
do que nunca na política brasileira, são falsos cristãos, que se aproveitam da
grande parcela de evangélicos em nossa sociedade, para usar de suas boas
intenções e arrecadar votos, sob o pretexto de que serão representantes do
cristianismo nos cargos de poder político. Não satisfeitos em fazer dos púlpitos
das igrejas os seus palanques eleitorais, investem desmedidamente na propagação
de Fake News, como por exemplo - as Fake News de que Lula fecharia igrejas, criaria
banheiros unissex, e tantos outros absurdos que nunca foram propostas de
campanha nem de Lula, ou de qualquer candidato à presidência, pois seria o
mesmo que anular a própria candidatura, tendo em vista a mentalidade geral da
sociedade que vivemos que é pautada numa moral evangélica.
Não me proponho aqui, a
falar de direita ou esquerda, gregos ou troianos; proponho-me a levá-lo à uma
breve reflexão da importância de seu voto, principalmente se é de sua intenção
votar de acordo com sua consciência religiosa. Gostaria de salientar também, meu
desejo de conscientizá-lo que seu voto em branco, ou nulo, pode lhe ser mais
conveniente, pois, convenhamos poucos brasileiros ainda tem na política alguma
esperança de melhora em nosso país. Mas pense comigo, qual candidato você pensa
que está mais ou menos inclinado aos seus princípios cristãos, sendo
declaradamente cristão, ou não? Perceba que não votar em quem você acha que
está de acordo com seus princípios, e anular seu voto, não é se isentar de
responsabilidade, mas sim dar seu voto ao candidato oposto.
"A religião que
Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das
viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo."
- Tiago
1:27
O seu voto pode não
parecer tão importante, mas determinará o decorrer do seu país nos próximos 4
anos, atingindo a vida de milhões de outros tantos brasileiros. O seu voto pode
matar a fome de milhões de brasileiros, dar educação de qualidade aos pobres, gerar empregos aos necessitados, e fazer muitas
outras coisas boas por seu país e seus habitantes. Então, pense bem, reflita –
o país que você viu nos últimos 4 anos, é o país
que você quer para o futuro?
Você pode estar se
dizendo neste exato momento, que o atual governo foi prejudicado por conta da
pandemia, mas se atente à como o país foi regido durante esta pandemia. O
Presidente Bolsonaro, desde o início, levou este momento de aflição para nosso
povo com total indiferença e desdém ao mesmo, indo contra às recomendações da
ciência, comprando e fazendo campanha de remédios sem comprovações de eficácia,
de forma prematura e totalmente inadequada à um Presidente da República; além
de se opor ao uso de máscaras e ao fechamento dos comércios em todo o país
quando necessário. E como já não bastasse, conforme o aumento do número de
mortos no Brasil em decorrência da Covid-19, Bolsonaro, diversas vezes quando
questionado, não se absteve de debochar dos mortos e ignorar sua parcela de
culpa na dimensão gravíssima que o vírus e seus reflexos tomaram no Brasil, chegando
a imitar pessoas com falta de ar, em referência à falta de cilindros de
oxigênio que tivemos em hospitais por todo o país. Bolsonaro se posicionou
contra a vacinação da população desde o surgimento das vacinas, dizendo que não
tomaria a vacina, e que tomasse quem quisesse, mas ao mesmo tempo, Bolsonaro
decretou sigilo de sua carteira de vacinação.
Então, sim, Bolsonaro
tem sangue em suas mãos, apesar de se dizer Cristão. E não vamos nem nos
aprofundarmos em outras polêmicas como as rachadinhas, imóveis comprados com
dinheiro público, nepotismo, e tantos outros escândalos de corrupção envolvendo
Bolsonaro e sua família, nem mesmo um dos últimos episódios em que Bolsonaro
diz ter “pintado um clima” entre ele e uma menina de 14 anos, sendo ele o homem
que se autodenomina defensor da família, vamos apenas colocar nossa consciência
em uso, e analisar se Bolsonaro age de acordo com o evangelho que deturpa e
profana o tempo todo. O evangelho é amor,
mas se pergunte: você vê amor em Bolsonaro?
“Até quando vocês vão
absolver os culpados e favorecer os ímpios? Garantam justiça para os fracos e
para os órfãos; mantenham os direitos dos necessitados e dos oprimidos. Livrem
os fracos e os pobres; libertem-nos das mãos dos ímpios.”
- Salmos 82:2-4