A Jangada de Pedra de Dilma
Por Vagner Gomes
O discurso de Abertura da 66º Assembleia Geral das Nações Unidas sugere a volta de uma longa viagem de uma jangada imaginária do “nacional-desenvolvimentismo” ao porto do americanismo. O capitalismo é reconhecido como um sistema internacional no qual o Brasil é peça integrante e co-participante. A condição de país emergente no capitalismo impõe um novo papel político no debate da democracia brasileira. Assim, o simbolismo da mulher como porta-voz de uma mensagem econômica é um sinal de que novos valores podem ser acrescidos ao processo democrático mundial.
A Primavera Árabe estaria nessa longa caminhada democrática que foi reconhecida pelo gesto do Rei da Arábia Saudita ao anunciar à concessão de cidadania as mulheres de seu país. Um gesto fundamental diante do “nó da questão” Palestina que começamos o Governo Brasileiro começa a opinar com maior desenvoltura. Contudo, não se trata de um novo momento de nossa história diplomática, mas a refundação de nossa política externa exposta por Oswaldo Aranha que, também chegou a ser Ministro da Fazenda no Governo Getúlio Vargas nos anos 50. Assim, diplomacia e economia não são corpos contraditórios, mas elementos que ganham nova força na política externa brasileira.
A jangada de Pedra do discurso presidencial marca um tempo de grandes agitações nos mares da economia, pois a internacionalização de nossas elites empresariais não permite uma visão restrita ao “marolismo” de uma visão simplista do capitalismo. Por isso, reconheceu-se que a capacidade de defesa nacional estaria limitada diante de uma grave crise do capitalismo financeiro porque estamos num mesmo barco.
Muitos aguardam saber se terá condições de passar pelos tufões chineses uma vez que a visita de Jango (outro navegante do “nacional-desenvolvimentismo”) há 50 anos em Pequim foi motivos de muita polarização na nossa política interna. Essa ausência no discurso do dia 21 de setembro talvez seja um ponto que precisa ser revisto. A economia capitalista em suas crises cíclicas deve permitir alternativas que ampliem a participação da sociedade no conjunto das riquezas por via democrática. Essa é a melhor justificativa para que tenhamos uma Comissão da Verdade com respaldo até do Tribunal Penal Internacional (TPI).
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