domingo, 3 de março de 2024

VAMOS AJUDAR NÚMERO 002 - IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA PRIMEIRA INFÂNCIA


 Fotografia do autor na infância 

Os livros e o Tik Tok

 

Ricardo José de Azevedo Marinho[1]

 

Sempre mergulho na leitura, principalmente nos romances que são quase sempre adiados durante o ano pelos livros de história e política por obrigação e conduta profissional. Tive uma infância sempre na presença dos livros do meu irmão mais velho que era também um grande leitor. Na biblioteca dele e que me apresentou e dividiu comigo, foram as obras-primas das nossas vidas: toda a coleção dos romances da Agatha Christie (1890-1976), a Dama do Crime com informações históricas e geográficas diversas, e depois, o universo infinito da literatura.

Hoje o livro está em desvantagem. A compulsão quase obsessiva por telas está privando as novas gerações do instrumento insubstituível que é a leitura. Como a argumentação bem fundamentada é uma premissa, precisamos racionalizar porque a leitura é importante.

Pois bem, a invenção da escrita é possivelmente um dos marcos primordial no processo civilizatório, porque permite a preservação e transmissão do conhecimento de geração em geração e, pessoalmente, a aquisição, análise, avaliação e processamento de informação. Evocar novas perspectivas, mergulhar em outras realidades e outras culturas. Sem ele não é possível acessar todas as disciplinas como história, ciência, arte, ética e filosofia.

É o que permite o desenvolvimento intelectual e o pensamento crítico, a imaginação e a comunicação, e com isso a capacidade de resolver os mais diversos problemas. A imprensa e o livro disponibilizam o conhecimento adquirido a públicos mais vastos e este é um fator insubstituível na criação de uma cultura e mentalidade democrática e de maior autonomia.
Fotografia do autor em 03/03/2024

É através da leitura que é possível desenvolver um vocabulário mais rico e extenso, que por sua vez é um requisito essencial para adquirir e articular ideias complexas e compreender a realidade com todas as suas nuances e sutilezas.

Há estudos que mostram que uma das maiores fontes de desigualdade é o fato de que, enquanto os mais vulneráveis ​​como as crianças usam muito poucas palavras, entre os mais lidos e lidas esta percentagem é várias vezes superior.

A literatura aproxima-nos de países desconhecidos, leva-nos a universos imaginários, dimensões alternativas e permite-nos descobrir novas ideias, novos personagens, diferentes vidas e experiências e novos horizontes. Mais do que isso, o romance é a pedra angular da empatia e da inteligência emocional, porque permite uma melhor compreensão da natureza humana e faz crescer a compaixão e a tolerância e valorizar e conectar-se com outro diferente.

Não resta dúvida de que a nossa caminhada moral não foi construída apenas a partir de normas, mas principalmente a partir de livros clássicos e outras fontes das humanidades.

Nossas convicções antirracistas se consolidaram, por exemplo, com Madame Butterfly. Poderá haver melhor introdução ao horror da pobreza e à desolação que ela traz do que Os Miseráveis de Victor Hugo? Ou uma melhor compreensão da diversidade infinita da natureza humana do que A Comédia Humana de Balzac, ou dos conflitos entre política e poder do que as peças de Shakespeare? Ou compreender a força do amor sem Neruda?

Existe uma ligação muito forte entre a literatura, a democracia e a valorização dos direitos humanos. O romance, ao promover a empatia e a compaixão, permite-nos identificar-nos com o sofrimento dos outros e isso é parte constitutiva da cultura democrática. Uma população esclarecida torna possível a participação ativa e informada nos assuntos públicos e uma vida cívica mais fecunda.

Agora, relendo esse breve texto, percebo o quanto é difícil para a racionalidade competir com a gratificação fácil e imediata do Tik Tok!

 

29 de fevereiro de 2024


[1] Presidente do Conselho Deliberativo da CEDAE Saúde e professor do Instituto Devecchi, da Unyleya Educacional e da UniverCEDAE.




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